PARA NÃO FICAR PARADO
Bon Odori reúne diferentes tipos de danças japonesas; vídeo
Festival da Cultura Japonesa de Salvador tem reunido dançarinos de diversos tipos de expressões artísticas
Por Bianca Carneiro e Matheus Calmon
O Japão é amplamente conhecido pela riqueza cultural. Isso se reflete também nos seus diversos tipos de dança, que vão desde tradições ancestrais até formas contemporâneas.
Pedacinho do Japão na Bahia desde a sexta-feira, 25, o XV Festival da Cultura Japonesa de Salvador 2023, conhecido também como Bon Odori, tem reunido dançarinos de diversos tipos de expressões artísticas. Uma delas é o Matsuri Dance, uma dança brasileira que mistura elementos do Bon Odori, estilo de dança japonês celebrado no festival voltado a homenagear os antepassados.
Dançarina das modalidades Matsuri e Yosakoi Soran, Ana Lu, 20, conta que o Matsuri Dance [veja vídeo] mescla movimentos tradicionais do Bon Odori com movimentos de músicas pop, mais eletrônicas e “animadas”, contemporâneas, que são em japonês.
“Foi criado no Brasil pelo grupo Sansei, no Paraná, e passaram para a gente e muitos outros grupos de Taikô [tambores japoneses] essas coreografias que a gente dança aqui agora. Nós temos uma original nossa, que é de uma música que tem no filme ‘Detona Ralph’, e existem muitos outros tipos de Matsuri”, explica.
A dançarina destaca ainda a capacidade de união que a dança tem. “Aqui no festival, a gente sempre traz, pois é uma atividade integrativa. O Matsuri tem passos bem repetitivos, então, como Matsuri significa festival, a gente sempre dança em eventos abertos para que todo o público dance com a gente. A intenção é dançar, integrar e se divertir”.
Outro estilo presente no festival é o J-Pop, dança baseada na música pop japonesa de mesmo nome. O estilo une coreografias criativas e enérgicas com a música, criando um espetáculo completo que atrai e inspira.
Carol Estrela, 22, do Outline, diz que o grupo de dança nasceu na escola. “A gente começou a dançar muito de forma amadora por interesse em cultura asiática. E aí, em 2018, a gente começou a participar de competições e se organizar para participar de grandes eventos como o Bon Odori”, conta.
Hoje com todos na faculdade e agora no palco do festival, ela celebra a importância do espaço para levar adiante o legado cultural japonês no Brasil. “É muito legal para a gente que gosta de cultura asiática ter um espaço para se encontrar com as pessoas que também gostam, e conversar, dividir os gostos sem ninguém achar a gente estranho. Para nós, criadores de conteúdo, é um espaço muito importante para poder mostrar o que a gente tem preparado”, enfatiza.
Tudo pela dança
Quem também se apresentou na modalidade J-Pop foi o grupo L.D Muses. O grupo, formado por nove mulheres, roubou os holofotes ao apresentar uma performance que não só cativou a audiência, mas também iluminou o palco com suas roupas piscantes e cheias de LEDs.
Fundado em 2016, o grupo começou como um cover do anime "Love Live!", o qual apresenta idols japonesas [categoria separada de cantores] realizando danças e performances musicais. Com o tempo, o L.D Muses expandiu seu repertório e passou a também se apresentar nos eventos temáticos de Salvador. A escolha das músicas é uma parte crucial da identidade. Cada membro traz suas ideias, discute e decide em conjunto.
Uma das fundadoras, Mell Marzola, 26, contou que a apresentação deste domingo, no Bon Odori, tinha um significado especial para o grupo. Usando a canção "Happy Party Train", as dançarinas decidiram brilhar literalmente com roupas customizadas que piscavam em sincronia com a música.
“As roupas dos personagens realmente piscam, acendem e aí a gente se juntou, né? Nós somos um grupo de nove meninas e fomos aprender como que faz soldagem de LED, como que se mexe com eletricidade para conseguir fazer essas roupas funcionarem. Somos nós mesmas que fazemos as roupas também. Quase todo mundo do grupo é costureira”, explica.
Mas não foi fácil chegar ao resultado final. “Todos os problemas que você pode imaginar aconteceram, mas ontem de madrugada a gente conseguiu terminar pelo precisava ser terminado e deu certo, graças a Deus. Mas foi muito tempo, suor, lágrimas e sangue investido nisso aí”, brincou Mell.
No fim das contas, a dançarina avalia que todo o esforço valeu a pena, e melhor, marcou um momento histórico para o grupo.
“É um conclave de meninas, cada uma traz a ideia e tenta vender para as outras, entendeu? A gente escolhe músicas que significam alguma coisa pra gente. Essa música em específico, ela é um sonho da gente fazer, só que a gente só queria se fizesse assim, se a roupa acendesse, se tudo desse certo. Então foram anos pensando em fazer isso, e só agora que a gente se sentiu segura, com habilidade. É um marco histórico, era uma coisa que a gente queria fazer há muito tempo”, comemora.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes