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08/08/2023 às 0:01 - há XX semanas | Autor: Elis Freire*

PELOURINHO

Salvador recebe, pela primeira vez, o festival Dança em Trânsito

Evento traz quatro espetáculos internacionais e dois cariocas para Salvador, além de oficinas e residência

O evento reúne companhias como a espanhola La Intrusa
O evento reúne companhias como a espanhola La Intrusa -

Residências artísticas. Espetáculos internacionais. Oficinas de dança. O Teatro Sesc-Senac Pelourinho e a Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA) receberão na semana que vem, dias 18 e 19, o festival internacional Dança em Trânsito.

O evento, que desembarca pela primeira vez em Salvador, reúne companhias como a espanhola La Intrusa, a sul coreana SIGA e o Grupo Tápias, para um rico intercâmbio cultural na área da dança.

“Esse ano a gente tá trazendo um recorte muito forte das trocas de experiências e dos intercâmbios culturais entre os profissionais. Além dos espetáculos de dança, a gente tá promovendo também muitas residências e intercâmbios entre artistas, por exemplo. O foco são as trocas de experiência na Dança”, afirma Flávia Tápias, integrante do grupo Tápias e curadora do festival.

No dia 18 de agosto, sexta-feira, às 18h, o Dança em Trânsito levará ao Teatro Sesc Pelourinho o espetáculo Sonora, da Companhia de Barcelona La Intrusa, além de apresentação inédita da Companhia sul coreana SIGA. Às 19h, o Grupo Tápias, uma parceria Brasil-França, apresenta o espetáculo de teatro e dança contemporânea Café Não É Só Uma Xícara. Já neste sábado, dia 19, o Solo Goldberg Variations, com trilha de Johann Sebastian Bach, será realizado pelo grupo italiano, às 20h.

Sonora, espetáculo que já rodou o mundo, aborda a resistência humana através dos corpos na dança. Com trilha sonora de Jesús Díaz, a apresentação abrirá o festival com uma abordagem contemporânea, explorando a sensibilidade à maneira da La Intrusa. “Sonora reflete a transformação constante a que estamos submetidos, e como nesse processo de adaptar-se a novos lugares, situações e estados. A resistência tem a ver com a aceitação do devir. A própria dramaturgia da obra transmite estas ideias de resistência e transformação através das adversidades”, explica Damián Muñoz, criador da companhia com Virgínia Garcia.

Damián e Virgínia, para além do espetáculo, estão coordenando uma residência artística na Escola de Dança da UFBA, que começa justamente hoje, chamada La Intención Repetida . Com trocas e experiências com os profissionais de dança baianos, realizadas desde o dia 06 deste mês, a residência culminará em uma apresentação às 18h30 do dia 19, na própria universidade. A entrada é aberta a todos.

La Intención contará com atividades voltadas para profissionais de Dança de Salvador. A partir da ideia do esforço repetido para alcançar um objetivo, a residência artística busca compartilhar a linguagem da companhia La Intrusa e dar espaço para a criatividade dos participantes.

“Nas sessões de trabalho será feita uma transmissão da linguagem da companhia de como entendemos o movimento, para depois compartilhar o imaginário da criação enquanto construímos a linguagem física. A residência tem o valor de se conhecer uma forma de trabalhar, de entender a dança e poder experimentar um processo prático com o público”, ressalta Virgínia, criadora artística e dançarina.

O cheiro da dança

Parceiro do festival Dança em Trânsito, o Grupo Tápias, formado no Rio de Janeiro por Giselle Tápias em 1994 e hoje dirigido juntamente com Flávia Tápias, apresenta um espetáculo inspirado na obra fotográfica de Sebastião Salgado. Café Não é Só Uma Xícara une o teatro e a dança para falar sobre as afetividades ligadas ao café.

“O café tem uma coisa afetiva para mim, ele não é só uma xícara. O café é um ponto de encontro. O café é memória, então são muitas as ludicidades que a gente pode pensar em torno do café”, afirma a diretora artística Flávia Tápias.

Criado em 2022, Café Não é Só Uma Xicará surgiu a partir da relação das duas coreógrafas diretoras e pesquisadoras da Dança com as obras do fotógrafo mineiro. Para dar corpo às personagens presentes nas imagens, o espetáculo traz ao palco um elenco de brasileiros, franceses e angolanos. Jeremy Kouyoumdjian, Mathilde Lin, Dilo Paulo, Samuel Samways, Letícia Xavier e Marina Cervo, Clara da Costa, Hugo Lopes compõem o palco, além da diretora e coreógrafa Flávia Tápias.

“Eu busquei trazer diferentes intérpretes. Meu trabalho se deu desde a escolha dos intérpretes. Eu fui escolhendo as histórias a partir das fotografias do café de Sebastião Salgado. Para mim aquelas pessoas daquelas fotografias têm histórias, tem movimento, tem subjetividade. São essas histórias que me interessam: as histórias que as fotografias provocam em nós”, completa Flavia.

O grupo apresenta ainda, no dia 19, o espetáculo infantil Creme do Céu. Ao contar a história de uma estrela que cai no planeta Terra e faz amizade com um curiosa adolescente, a obra diverte, mas também informa o público.

Com direção de Flávia Tápias, Creme do Céu estreou na França e agora chega pela primeira vez a Salvador. A lúdica apresentação que une a Dança e o Teatro é uma coprodução do Les Bords de Scènes com apoio do Centre Les Récollets.

Ainda no dia 19, o Dança em Trânsito promove, às 19h, o número Oxymore, da Cie Felinae Maxime Cozic, vinda diretamente da França e Estudo Número 1, da Renato Vieira Cia de Dança, além de oficinas e estudos na área.

Desembarcando em Salvador pela primeira vez, o festival pretende integrar a capital baiana nas trocas de experiências na área da Dança, além de ampliar o acesso à segunda arte. Com espetáculos a preços acessíveis e parcerias com a universidade pública, Dança em Trânsito completa 21 anos levando a dança para mais de 30 cidades brasileiras.

“Eu acho de extrema importância o festival estar em Salvador, uma terra muito farta de artistas e de arte para todos os cantos. Eu sentia muita muita falta de estar em itinerância em Salvador, porque o Dança em Trânsito tem tudo a ver com essa cidade acolhedora. O festival tem esse lugar de trazer a diversidade e de fazer a diversidade dialogar, então eu acho que vai combinar muito com o salvador”, comenta Flávia Tápias.

* Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.

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