CELEBRAÇÃO DA DIVERSIDADE
"Brasil já entende miscigenação com cultura japonesa", diz Joe Hirata
Artista é uma das atrações centrais do XV Festival da Cultura Japonesa de Salvador 2023, o Bon Odori
Por Bianca Carneiro e Matheus Calmon
No ano de 1994, o mundo da música presenciou um feito notável no Japão: o brasileiro Joe Hirata tornou-se o primeiro um estrangeiro a conquistar o NHK Nodojiman, o maior concurso de karaokê amador do país. A vitória, além de marcar um momento histórico, lançou as bases para uma carreira musical que transcenderia fronteiras e culturas.
Em Salvador, o artista é uma das atrações centrais do XV Festival da Cultura Japonesa de Salvador 2023, o Bon Odori. Ao Portal A TARDE, ele falou sobre o seu papel de conectar Brasil e Japão por meio da música.
Natural de Maringá, no Paraná, Joe Hirata cresceu sob a influência da música japonesa ao mesmo tempo em que teve imersões na cultura sertaneja local. Ele conta que ao iniciar a carreira no final da década de 90, decidiu incorporar instrumentos como taikô (tambores japoneses) e flauta japonesa em suas apresentações para celebrar as culturas presentes em sua própria identidade.
“Quando eu voltei para o Brasil e comecei a cantar aqui, senti que tinha muitas músicas, muitos elementos que a gente, como descendentes japoneses, podia usar. Na época que me lancei, os taikôs ainda não eram muito difundidos. Foi quando eu tive a ideia de usar e depois eu fui incrementando com flauta japonesa, sempre remetendo nossa integração de Brasil e Japão”, explica.
Dentro da ponte entre Brasil e Japão, formada após 115 anos da imigração, Hirata, que é neto de japoneses, diz ter percebido uma evolução na maneira como as pessoas percebem a dualidade de sua identidade. Citando a música e o Bon Odori de Salvador, ele enfatiza que a integração entre as culturas é mais visível do que nunca.
No começo da carreira, o pessoal me via com os olhos puxados e achava que eu era do Japão. Olha só essa integração aqui no Bon Odori de Salvador, você vê todo esse público, praticamente mais de 90% não é descendente, mas entende que aqueles que estão em cima do palco, muitos são naturais aqui de Salvador”.
“Eu acho que o Brasil está tendo essa receptividade, entendendo mais toda essa miscigenação de raças que vem da relação Brasil e Japão. Nós já estamos aí na sexta geração, mais ou menos aí da nossa comunidade. Incrível como no grupo de taikô, por exemplo, só tem um descendente, e os demais são todos daqui de Salvador. A música, com certeza, é uma grande ponte para unir os povos, para mostrar a sua cultura e integrar essa cultura vinda da miscigenação de raças que é o nosso Brasil”, finaliza.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes