EXPOSIÇÃO
Exposição traz a força do afeto entre neto e avó
Mostra é a primeira individual do artista visual Luiz Purificação
Por Da Redação

Inspirado na arte da sua avó, a poetisa Ana Pires, nascida em 1930, o artista visual Luiz Purificação, transformou sentimentos da convivência por 34 anos em arte na exposição ‘Últimas palavras’. A mostra, primeira individual de Luiz, é uma das cinco selecionadas na primeira convocatória de ocupação de A Galeria do Ativa Atelier Livre, e será inaugurada no espaço, localizado no Rio Vermelho.
O lançamento ocorre no dia 6 de agosto, às 16h, e a mostra permanece aberta até o dia 21 de agosto. A exposição apresenta pinturas, esculturas, instalações, fotografias e desenhos, desenvolvidos a partir do universo de afeto que permeia a relação entre neto e avó.
Em acrílico sobre tela, o cobertor vermelho que encobria Ana Pires quando o neto a viu pela última vez passou a criar cenários imaginativos e fazer tudo o que ele envolve desaparecer. Já os livros da biblioteca da poetisa – única herança que ele guardou da casa da avó – ganharam pinturas, textos e imagens feitas por Luiz e Ana e viraram esculturas. A porta da casa da poetisa, em Feira de Santana, foi pintada em óleo sobre tecido, impressa e retroiluminada.
O artista conta ter visitado a casa da avó, ainda em luto, em 2019, três anos após sua morte, para produzir as telas que compõem a mostra.
“A combinação de elementos distorcidos de minha memória familiar em torno da casa da minha avó, vivida e adquirida em conversas, gira em torno da ausência física e, posteriormente, psicológica. Os móveis, árvores e objetos, que já não estão mais na casa, são o ponto de partida para sugerir a ausência corpórea dela. Este processo se desdobrou em experiências de manipulação do corpo no tempo e espaço deste universo pictórico afetivo”, relata Luiz Purificação.
Arquiteto, formado pela Universidade Federal da Bahia, em 2008, Luiz utiliza seu conhecimento de arquitetura, a partir do domínio que tem do espaço, para produzir arte. Ele lembra que sua avó sempre foi uma influência para sua arte, seja pelos amigos artistas ou por referências literárias, como Clarice Lispector. “Perdi uma parte muito importante de mim, até hoje não sei falar o que sinto. Minha avó era boa demais com as palavras, prefiro dizer o que sinto de outra forma, prefiro relatar com imagens”, pontua o artista sobre seu trabalho.
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