INTERVENÇÃO NO BAIRRO CIA 1
Masf: escada em Simões Filho vira museu e promoverá exposições
Escada que liga uma avenida e uma rua na cidade, vai promover experiências para moradores e artistas
Por Felipe Sena
Quem passou no bairro Cia 1, em Simões Filho, no domingo, 11, pôde observar moradores da localidade com tinta e pincel na mão, colorindo a escada que liga a Avenida Elmo Serejo e a rua Vereador João de Oliveira Campos. No espaço, agora fica o Museu de Arte de Simões Filho (Masf), criação de forma conjunta entre Augusto Leal, designer e artista, de 36 anos; Luís Santos, também de 36 anos; e Jó Oliveira, de 38 anos, que também são artistas.
Com mais de 130 mil habitantes e entre as 10 maiores economias do estado da Bahia, Simões Filho nunca teve um centro cultural, como museus e teatro. Esse é um dos motivos que levaram a inquietação artística de Augusto, que, através da iniciativa, pretende incentivar outros artistas a expor seus trabalhos para a comunidade, com o intuito de que, em meio à correria diária, os moradores possam emergir em uma experiência artística.
“Quem quiser chegar, pode chegar”
Em entrevista ao Portal A TARDE, Augusto diz que apesar de ter o objetivo de promover diversas manifestações artísticas, como música, poesia e teatro, atualmente, está trabalhando para iniciar com a exposição de três artistas locais. São eles: Luís Santos, Carla Vivian e o fotógrafo Edinei Araújo.
“As exposições estão em processo de organização e planejamento, mas a ideia também é que a gente abra para artistas de qualquer lugar do Brasil e do mundo, um trabalho muito aberto. Quem quiser chegar, é só chegar”, afirmou.
Quanto a pinturas sobrepostas às que já foram feitas nas escadarias e muros, Augusto diz que isso pode ser modificado, fazendo do espaço um local vivo e que se transforme, possibilitando novas experiências, tanto para os artistas quanto para o público.
“Os artistas podem expor seus trabalhos em suportes específicos, sem mexer na estrutura do que foi pintado, mas também se for do interesse do artista pintar a escada e usá-la toda como suporte do seu trabalho, isso também está aberto”, completou.
“A rua vira palco, vira museu, vira escola"
Augusto relata que a luta para a conquista de um espaço cultural na cidade não é de hoje. “Tem muito tempo que a gente tem reivindicado, trabalhado em prol da construção de um espaço cultural, mas não temos tido sucesso.
Para Luís, a criação do Masf pode ser entendida como uma contrapartida às investidas para a construção de um museu físico na localidade que não deu certo. “Pensar no museu da cidade de Simões Filho na rua é antes de mais nada, uma revolta estética, um reivindicar espaço nessa cidade opaca”.
“Assim a rua vira palco, museu, escola, teatro, ateliê. Pensamos em fazer esse museu na rua”, diz Augusto. “Pelo fato de estar na rua, ele [museu] se coloca na rotina da cidade, na vida das pessoas. Isso, de alguma forma, possibilita o acesso mais direto a ele, sem nenhum tipo de barreira, de limite”, completa.
Segundo Luís, o museu criado promove construções sociais entre as pessoas da localidade e os artistas. “Acredito que as construções coletivas funcionam como cultivo de afetos e experiências singulares ou coletivas. Vislumbro esse fazer, um fazer espiritual, político e social, onde os artistas envolvidos nesse processo expressam sua liberdade e a vontade dos que querem ser livres para expressar-se visualmente”.
“O Masf é mais que um museu, pois guardará memórias coletivas, ressignificando o espaço urbano, que deixa de ser somente uma via de acesso entre duas ruas, passando também a ser ponte de arte e reflexão da memória artística cultural da cidade”, completa Luís.
“Participar da criação do Masf foi muito gratificante, pois trata-se de um sonho coletivo. E tudo que esse sonho precisava para se realizar era alguém que acreditasse nele e nós acreditamos coletivamente”, diz Jó.
Com essa conquista para a comunidade e para o incentivo da cultura em Simões Filho, Augusto diz que isso desperta um sentimento geral de alegria. “É importante que a gente tenha um espaço de exposição artística, encontro, troca e celebração”, afirma.
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