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Mostra traz relação do povo mexicano com a perda de entes queridos

Publicado domingo, 21 de abril de 2019 às 12:59 h | Atualizado em 21/04/2019, 13:05 | Autor: Eugênio Afonso | Foto: Divulgação
Mexicanos fantasiados e com máscaras tomam as ruas da cidade para festejar seus mortos
Mexicanos fantasiados e com máscaras tomam as ruas da cidade para festejar seus mortos -

Brasil e México costumam lidar com a morte de formas diferentes. Em vez de lamento e dor, no México a morte é bastante festejada. Uma vez por ano, de 31 de outubro a 2 de novembro (Dia de Finados no Brasil), a animação toma conta do país, pois se acredita que os mortos devem ser recebidos com alegria.

Para divulgar, incentivar e fortalecer, através de imagens, essa manifestação cultural registrada pela Unesco como Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade, o Palacete das Artes (Graça) apresenta a exposição Día de los Muertos en México, que reúne 30 fotos em celebração ao Dia dos Mortos. A mostra foi aberta no último dia  16 e pode ser visitada até o dia 9 de junho, de terça a sexta, das 13h às 19h, e nos sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h, com entrada gratuita.

O material exposto é resultado de um concurso de fotografia promovido pela Secretaria de Cultura do México. “São fotos coloridas, de diversos fotógrafos em que o tom de documentário se sobrepõe ao estético. Mas além da exposição, faremos rodas de conversa sobre a morte, o luto. Na verdade, a programação da mostra está em construção”, observa Murilo Ribeiro, diretor do Palacete das Artes.

Ele relata que poderia ter trazido a mostra no período de Finados, em novembro, mas optou por exibi-la agora, já que o tema também tem uma relação estreita com a Semana Santa, sobretudo nos países de maioria cristã. “Para mim, o candomblé é a religião que tem uma visão da morte mais próxima da mexicana, que é alegre e rica de cores, e bem diferente da cristã, que costuma ser mais pesada, melancólica  e triste”, complementa.

O público vai poder acompanhar a celebração desse folclore mexicano a partir de três tópicos: Mercados e Tianguis, Altares e Oferendas e Música e Danças. Os mercados e os tianguis são pontos de encontro cultural e estético, onde são realizadas trocas de dinheiro e memórias. Os altares e as oferendas são espaços do encontro entre a vida e a morte. Já as músicas e danças são tão diversas quanto as manifestações culturais do México. 

Folclore

A comemoração da festa já ocorria antes da chegada dos espanhóis à América. Nessa época, era comum conservar crânios para exibi-los como troféus durante os rituais que celebravam a morte e o renascimento. O destaque costumava ser a Dama da Morte, deusa que teria inspirado a criação de La Catrina, caveira símbolo do evento nos dias de hoje.

Segundo alguns estudiosos, há relatos de que os astecas, os maias e outras civilizações já celebravam seus ancestrais. Dizem que os indígenas viam a morte como um ponto de partida, um despertar e renascimento para um mundo melhor. Nos dias da festa, as pessoas oferecem comida, bebida e objetos valiosos aos mortos. Ainda de acordo com a lenda, os astecas acreditavam que suas almas começavam, depois da morte, uma longa viagem, e por isso precisavam estar abastecidas  com o essencial para uma travessia segura. 

É tradição reunir família e amigos para comemorar a visita dos antepassados à Terra durante os festejos. A morte é celebrada como um ato de reencontro com entes queridos. Nos cemitérios, nas praças e casas das cidades mexicanas, as pessoas cantam e dançam com os rostos cobertos com máscaras, bandanas ou simplesmente pintados. As ruas ficam coloridas e enfeitadas com flores. 

Enquanto no Brasil, a data de finados é sinônimo de melancolia e tristeza, o México se enche de altares coloridos e adornados com velas, imagens e alimentos para celebrar a morte com alegria. Apesar de ser, originalmente, uma cerimônia religiosa, a festa já se tornou uma data importante do folclore mexicano.

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