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Novo catálogo fotográfico de prêmio nacional é lançado pela Funceb

Evento recebeu também um bate-papo com vencedores do Prêmio Pierre Verger e presença do secretário de cultura

Publicado domingo, 17 de março de 2024 às 14:33 h | Autor: Franciano Gomes

A Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), lançou no último sábado, 16, o Catálogo Coletivo da 9ª edição do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger. O lançamento aconteceu às 16h, no Museu de Arte da Bahia (MAB) e contou com a presença do secretário estadual de cultura, Bruno Monteiro. Na ocasião, dois dos premiados da edição, Amanda Tropicana e Matheus L8, se reuniram para um bate-papo de encerramento da exposição, junto com o presidente da Comissão de Seleção, Rafael Martins, tendo a mediação do curador da exposição, Marcelo Campos.

A cerimônia foi iniciada pela Coordenadora de Artes Visuais da Funceb, Manhã Ortiz, que além de recepcionar os convidados e compor a mesa, conversou com o Portal A TARDE, contando mais detalhes sobre o processo seletivo, que acontece de dois em dois anos.

"Foram 572 inscrições de todo o Brasil, 23 cidades e o Distrito federal. Então foi bem distribuído, assim, quase que todos os estados do país se inscreveram.  Dessas inscrições12 foram selecionados e mais três premiados".

A comissão organizadora teve 10 dias para selecionar os trabalhos, que compõem o Catálogo e a Exposição Coletiva que fica aberta este domingo, 17, com visitação gratuita entre 10h e 18h, no Museu de Arte da Bahia (MAB), no Corredor da Vitória.

Dois dos premiados da edição, Amanda Tropicana e Matheus L8, se reuniram para um bate-papo de encerramento da exposição, junto com o presidente da Comissão de Seleção, Rafael Martins e a mediação do curador da exposição, Marcelo Campos
Dois dos premiados da edição, Amanda Tropicana e Matheus L8, se reuniram para um bate-papo de encerramento da exposição, junto com o presidente da Comissão de Seleção, Rafael Martins e a mediação do curador da exposição, Marcelo Campos |  Foto: Lucas Malkut | Divulgação Funceb
  

A exposição é composta pelos três ensaios fotográficos premiados no valor de R$ 30 mil, nas categorias: Ancestralidade e Representação, Questões Históricas e Livre Temática e Técnica, além dos 12 ensaios selecionados para compor a exposição coletiva e o catálogo da edição.

Amanda venceu a disputa na categoria: "Ancestralidade e Representação", onde foram apreciados ensaios que abordam a etnofotografia enquanto possibilidade de registro e interpretação dos aspectos relacionais, familiares, sociais, dentre outros, no Brasil. A artista que por anos não pôde participar, por ser servidora pública, foi premiada com o ensaio "Memórias do Patiti Obá" e contou ao Portal A TARDE os motivos que torna esse Premio algo tão importante em sua vida.

"Primeiro, por ser a quinta mulher de 19 premiados a ser premiada, então isso já me diz muita coisa. E por ser uma mulher negra premiada também, que é quebrando alguns paradigmas que a gente está acostumada a ver em premiações, principalmente da fotografia no Brasil. Então isso para mim traz a questão de ocupar esses lugares e a felicidade de estar falando de algo que é muito importante, que é a minha fé e a minha religião, que é o candomblé."

Amanda Tropicana venceu a disputa na categoria: "Ancestralidade e Representação"
Amanda Tropicana venceu a disputa na categoria: "Ancestralidade e Representação" |  Foto: Lucas Malkut | Divulgação Funceb

Na categoria Questões Históricas, foram apreciados ensaios fotográficos que dialogam com o momento histórico contemporâneo. O premiado nesta categoria foi o ensaio "As Caretas do Mingau", do fotógrafo Matheus L8. Em conversa com o Portal A TARDE, o artista se referiu ao Prêmio, como um "divisor de águas" em sua vida, por proporcionar a projeção do seu trabalho a nível nacional. 

"Eu sou um operário mesmo da fotografia, de trabalhar em eventos institucionais, então poder dar vazão pra um olhar autoral, pra falar sobre o que eu quero, sobre o que eu acredito. E, ainda assim, ser premiado, enfim, com a visibilidade que o Prêmio Nacional Pierre Verger tem, com a remuneração do prêmio, pra mim é duplamente, me sinto duplamente premiado por, enfim, esse reconhecimento nacional e também por ser um sinal que é bacana você fazer o que você acredita."

Matheus L8 foi premiado  na categoria: "Questões Históricas"
Matheus L8 foi premiado na categoria: "Questões Históricas" |  Foto: Lucas Malkut | Divulgação Funceb
  

O artista que venceu o prêmio, na segunda tentativa, ainda mencionou a importância de ter espaço para falar, sobre a manifestação cultural do munícipio de Saubara-BA, que surgiu durante a guerra pela Independência da Bahia. 

"Se remete a uma estratégia de guerra das mulheres 'saubarenses' se vestindo como com esses trajes brancos, meios fantasmagóricos. Elas usavam essas vestes pra afastar um inimigo, pensando que era um fantasma, assustando-o, e ao mesmo tempo, nesse caminho, elas levavam nutrição, armas, mingau, facões, pras tropas baianas. Então, enfim, isso só reforça essa felicidade de estar falando sobre algo com seu apaixonado e ainda sendo premiado por isso"

Na terceira categoria vencedora, Livre Temática e Técnica, foram apreciados os ensaios fotográficos documentais que registram de forma livre no que se refere à sua temática e técnica. Na categoria, os fotógrafos Affonso Uchôa e Desali foram premiados com o ensaio "Sangue de Bairro".

Convidado

Secretário aproveitou a ocasião, para lembrar de outras inciativas do governo do estado, dedicadas aos artistas da fotografia e de outras artes visuais
Secretário aproveitou a ocasião, para lembrar de outras inciativas do governo do estado, dedicadas aos artistas da fotografia e de outras artes visuais |  Foto: Lucas Malkut | Divulgação Funceb

Quem também esteve presente na cerimônia de lançamento, foi o secretário estadual de cultura, Bruno Monteiro. Em conversa com o Portal A ATARDE ele revelou que a maior relevância do Prêmio é proporcionar para os artistas que se dedicam à arte da fotografia, a eternizar momentos, situações, cenas por meio da fotografia.

"Mas também nós consideramos como uma forma de incentivo, porque quando a gente fala de cultura, a gente está falando de uma cadeia toda de pensamento, de criação, de produção, de fruição, e nisso nós temos essas premiações que reconheçam e que tenham esse incentivo econômico também para o desenvolvimento das artes, é muito importante, então é uma alegria, nós temos essa nova, a 9ª edição desse que é um dos prêmios mais importantes de fotografia do país."

O secretário aproveitou a ocasião, para lembrar de outras inciativas do governo do estado, dedicadas aos artistas da fotografia e de outras artes visuais. 

"Nós estamos retomando agora, nesse ano de 2024, os salões das artes visuais, com uma possibilidade também de incentivo a todos os artistas visuais, das mais diversas expressões de terem seus trabalhos não só premiados, reconhecidos, mas também circulando a Bahia, circulando os nossos espaços culturais, tendo essa possibilidade de encontro das obras com o público. Isso era  uma reivindicação do setor que nós acolhemos, estamos retomando", explicou.

Ainda conforme Monteiro, a pasta pretende eliminar barreiras entre determinados tipos de público. "É uma determinação nossa, levar essas expressões, levar essas riquezas todas artísticas produzidas para os interiores, para os centros de cultura, para as escolas, enfim, para possibilitar que a diversidade de públicos da Bahia tenha acesso e se encante com toda essa riqueza cultural que é produzida."

Diretoria Geral

A diretora geral da Funceb, Piti Canella destacou o prêmio como uma vitória para os fotógrafos brasileiros e ressaltou a importância para os baianos.

"Porque como ele nasce aqui, os olhos estão voltados para aqui. Isso faz com que os fotógrafos baianos sejam estimulados a se inscrever no prêmio. Tem essa pressão da classe da fotografia que muda tanto por isso. Muitos baianos se lançaram nesse prêmio, mudaram suas vidas e isso demonstram o talento e a coragem desses artistas. 

Piti ainda ressaltou como a influencia dos artistas, fez o prêmio virar um decreto estadual. 

"A luta dos fotógrafos fez com que esse prêmio virasse um decreto estadual. O Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger, ele é lei, ele virou lei. Então ele hoje, não é uma política cultural de um governo, ele é uma política cultural do estado da Bahia. Então isso fica muito sagrado para a gente, que trabalha com política cultural, com a política das artes. Isso significa que qualquer governo que passar vai manter o prêmio vivo".


Ensaios selecionados

Além das propostas premiadas, a Comissão de Seleção selecionou outros 12 ensaios fotográficos, quatro em cada categoria, que junto aos premiados, compõem a Exposição e o Catálogo Coletivo do prêmio.

Na categoria Ancestralidade e Representação, estão os artistas Guilherme Cunha e os Retratistas do Morro, com "Retratistas Do Morro: O Direito Igual De Existir", Chris Tigra, com o ensaio "Irradiará", Luiza Kons, com "Em Nome da Mãe e do Pai" e Márcio Vasconcelos, com o ensaio "Vodunsus Da Mina".  

Em Questões Históricas, estão expostos o trabalho de Heloisa Ramalho, com "Lapso Colapso", Leonardo Carrato, com "Reformatório Krenak - Fragmentos De Uma Memória Subterrânea", Marlon de Paula, com "Mil Sóis Sobre A Pele" e Maria Vaz - "Ilustríssimos". Já na categoria e Livre Temática e Técnica, estarão os ensaios de Marilene Ribeiro - "Cama de Baleia", Ana Sabiá - "O Sonhário Da Srª. M.N", Shinji Nagabe - "Dioramas" e Renata Voss - "Sumir Do Mapa".

Sobre o Prêmio

Lançado em 2002, o Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger é um dos maiores concursos para trabalhos fotográficos do Brasil e concede um dos maiores prêmios financeiros para artistas desta linguagem no país. O certame objetiva incentivar, divulgar e valorizar a produção fotográfica brasileira, conferindo premiações a conjuntos de obras de temática e técnica livres. Um dos mais importantes concursos para trabalhos fotográficos do Brasil, o Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger, ao longo destes anos e a partir do diálogo com o setor artístico de fotografia, vem aprimorando seus objetivos e critérios.

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