LITERATURA POLÊMICA
Abordando temas pesados, febre dos Dark Romance chega a Bienal
Editora especializada no gênero marcou presença na Bienal do Livro
Por Artur Soares | Portal Massa!
Bullying, agressão e até estupro. Esses são alguns temas que podem ser encontrados nos Dark Romance, um subgênero literário que vem ganhando popularidade graças a plataformas como o Tik Tok. Com a premissa de ser uma história de amor com temática mais sombria, o movimento chegou até a Bienal do Livro Bahia.
Elana Lima, 18, conheceu o subgênero no ano passado, inclusive, graças à Bienal. Ela explica que o mistério e o romance são o que lhe prende nas histórias, mas que não gosta muito quando os atores pesam a mão demais nos temas obscuros. "No Dark Romance existem várias categorias, quando envolve prática da pedofilia ou zoofilia eu não gosto", pontuou.
Elana acredita que os Dark Romance mais pesados são um pouco problemáticos e podem gerar consequências graves. "Acabam normalizando coisas que não deveriam ser normalizadas, tanto que talvez a pessoa possa passar por um caso desses e não perceber a gravidade daquilo", explicou.
"Eu não acho que a maioria das mulheres romantizam o Dark porque, eu acredito, que são mulheres maiores de idade, que já tem sua própria vida e que conseguem discernir o que é ficção e realidade", defendeu Bianca Albuquerque, uma das criadoras da Fruto Proibido, uma editora especializada em Dark Romance.
Bianca começou a carreira literária escrevendo para o Wattpad, um site voltado para escritores iniciantes. Ela conheceu sua sócia na plataforma e elas fundaram a Fruto Proibido. A autora explica que, apesar de abordar temas sombrios em suas obras, tudo é feito com extrema cautela. "Quando a gente está escrevendo um Dark, podemos explorar temas que às vezes são um pouco mais complicados, mas que a gente trata com responsabilidade", detalhou.
Para a escritora, a crescente que o subgênero vem ganhando nas redes sociais se deve pelo fato do número de leitoras ter aumentado durante os anos de pandemia. "Acho que a crescente, no geral, é de romance erótico. As meninas fizeram 18 anos e estavam em casa, na pandemia, aí decidiram ver séries, ler livros". Apesar do subgênero ser envolto de controvérsias, Bianca defende que até dentro do Dark Romance existem certos limites. "Romantização de abuso é um limite. Quando romantizam violência, abuso, estupro e todas essas coisas. É um limite bem estabelecido", pontuou.
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