CORDEL DE BULE
Bule Bule leva tradição do cordel para a Flipelô: "satisfação grande"
Apresentação da arte, consagrada Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, animou público
Por Bianca Carneiro e Franciano Gomes
Uma das maiores referências em literatura de cordel do Brasil, Bule Bule foi uma das atrações da Festa Literária Internacional do Pelourinho (FLIPELÔ), na tarde desta sexta-feira, 11. O “Cordel de Bule” animou o público, que lotou a Arena Teatro Sesc – Senac Pelourinho para celebrar o mestre do repente.
A apresentação foi a primeira de Bule Bule após ele ter sido hospitalizado devido a problemas de saúde. “É uma satisfação muito grande estar na Flipelô. Obrigado por eu estar tendo essa oportunidade na parceria e foi feita com sucesso, se não estivesse acontecendo a Flipelô, não estaríamos tratando da cultura popular como está se tratando. Todo o movimento merece ser agraciado e ajudado", agradeceu.
Bastante tietado, o artista recitou poemas, improvisou versos e deu autógrafos. Uma das maiores fãs da plateia era Alícia, filha caçula de Bule Bule. Ela destacou a felicidade de ver o pai se apresentando após o período internado.
“É um privilégio muito grande estar aqui hoje assistindo e vendo a relevância dele neste evento, especificamente em 2023, também pela questão da saúde dele. Então, além de ter essa contribuição de ele ainda estar conseguindo entregar muito da cultura dele para essa geração de agora, tem um valor muito importante para nossa família, a gente conseguir também acompanhar esse momento e esse retorno dele depois do da última internação".
Novas gerações
Boa parte dos presentes eram alunos do Colégio Sagrado Coração de Maria e da Escola Municipal de Paripe, que no Dia do Estudante, aproveitaram para reunir cultura e conhecimento. Professora de dança no Sagrado Coração de Jesus, Zuca ressalta a importância de Bule Bule para a arte.
“Sou muito grata a Flipelô e a Bule Bule por fazer com que todos os jovens tenham acesso à arte, porque antigamente era um pouco difícil e hoje, tendo esses espaços desses eventos, faz com que os nossos jovens tenham esse acesso, essa sensibilidade, que vai fortalecendo cada vez mais a cultura na vida deles dentro de casa".
Provando que literatura, música e educação compõem as páginas perfeitas para o desenvolvimento dos alunos, a professora Tatiana Mendes da Escola Municipal de Paripe conta que assistir a Bule Bule faz parte de uma atividade da instituição.
“O primeiro momento é uma sensibilização cultural. O segundo, a fruição que é esse momento agora da apresentação, e o terceiro momento é o que a gente vai dialogar com os meninos. Alguns até perguntaram: ‘mas se ele faz música, o que isso tem a ver com literatura?’ Eu falei, ‘olha o material que Bule Bule, a poesia, está entrelaçado com a literatura’. Então, eles ouviram um pouco, viram um pouco do artista para chegar aqui e dialogar com a obra de uma forma mais qualificada", relata.
Apesar do talento, Bule Bule conta que se surpreendeu com o próprio sucesso. “Quando eu estava começando, eu não tinha esperança de que durasse tanto tempo e que fosse tão querido. Aí fui amadurecendo e entrando no gosto do povo e eu aprendendo a cada dia que o povo que se dedica, que deixa seus afazeres, passa a noite comigo no evento, merece ser bem tratado que amanhã ele tem a referência para dar e outros virão na sua direção, no seu caminho. E se ele entregar um produto desgastado, ninguém vai querer comprar ninguém vai querer acompanhar quem tem produto alterado”.
O show ainda contou com um reencontro marcante. Segundo Bule Bule, um menino de 9 anos que havia ido cumprimentá-lo espontaneamente há 5 anos atrás, veio ao evento desta sexta novamente para pedir um autógrafo. O artista prometeu que vai agradecer ao pequeno fã do jeito que mais gosta: compondo um cordel.
“A gente fez agora uma nova foto. A história desse menino vai ter que ser contada com grandeza", afirma.
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