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Dênisson Padilha Filho reúne heróis decadentes em novo livro

Publicado terça-feira, 20 de maio de 2014 às 06:28 h | Autor: Mariana Paiva
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O herói está de folga, mas ele tem lá suas razões: vai que, terminada sua função, ele quer apenas ficar em silêncio, fumando um cigarro e pensando na vida. É sobre isto o livro que o escritor e roteirista baiano  Dênisson Padilha Filho lança amanhã, às 19 horas, no restaurante Casa de Tereza.

Em O Herói Está de Folga (Kalango, 2014), quarto livro de sua carreira, o autor aborda a desconstrução do herói, muito mais que sua glória. É que  Dênisson acredita que o herói está mesmo de folga - aliás, já nasceu assim - desde a primeira transgressão de Adão e Eva nos jardins do Éden.

"Nós estamos constantemente oscilando entre a virtude e o vício. Resolvi passear na literatura em torno da falência das virtudes, do exílio duradouro que nossa existência representa. A orfandade dos personagens é, na verdade, de todos nós, tenhamos pais ou não", Dênisson afirma, categórico.

Em nove contos, heróis decadentes com culpa, solidão e saudade são revelados ao leitor, tendo como cenário o campo. O local é de intimidade do próprio autor, que defendeu dissertação de mestrado sobre vaqueiros, e que já tinha usado o espaço rural como cenário de seus livros anteriores, como   Menelau e os Homens (Casarão do Verbo, 2012).

A apresentação de O Herói Está de Folga é assinada pelo escritor gaúcho e professor de literatura Menalton Braff, vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura do ano 2000 com o livro À Sombra do Cipreste.

Como referências literárias do autor para a construção de O Herói Está de Folga estão Miguel Torga, John Fante e Franz Kafka. O texto de Dênisson flui tranquilo e objetivo, revelando histórias de fragilidade por trás de rudezas aparentes.

Identificações

No conto de abertura do livro, Com Essas Mãos,  o leitor já começa a se identificar com o matador protagonista da história no segundo parágrafo. É mesmo preciso muito pouco: o cansaço do personagem é, de certa forma, universal, velho conhecido de quem vive em tempos como estes.

Aí talvez resida o grande mérito da promissora literatura de Dênisson: promover humanidade, até mesmo quando se trata de um personagem que é um matador. O mesmo que ele já havia provado saber fazer com um cão, no conto Menelau e os Homens, que dá nome ao seu terceiro livro.

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