LITERATURA
Edney Silvestre lança O Último Dia de Inocência no próximo dia 10
Por Eduarda Uzêda

Fruto de nove anos de meticulosa pesquisa, o livro O Último Dia da Inocência, do jornalista, escritor e roteirista Edney Silvestre, mostra mais uma vez o talento do autor em mesclar fatos e personagens da história do Brasil com a ficção para criar uma narrativa envolvente que magnetiza o leitor.
A obra, selo da Record, que chega às livrarias este mês – em Salvador, o lançamento está previsto para o próximo dia 10, na Livraria Saraiva, do Shopping da Bahia –, também atrai pelo thriller da trama, com muitas reviravoltas e complôs, em intriga que apresenta crimes e abusos em contexto de muita impunidade.
O enredo é inteiramente ambientado no dia 13 de março de 1964. Neste dia, o presidente da República, João Goulart, o Jango, defendeu medidas propostas por seu governo, a exemplo da reforma agrária, para um público estimado em cerca de 200 mil pessoas no comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro.
Entender o Brasil
“O meu maior desafio foi situar o protagonista, um foca – termo que, no jargão do jornalismo, designa o repórter iniciante –, nos acontecimentos reais do Brasil”, afirma o escritor do best-seller Se eu fechar os olhos agora, obra ganhadora do Prêmio Jabuti 2010, além de autor dos livros A felicidade é fácil, Vidas provisórias e Boa noite a todos.
Edney conta que neste quinto romance (ele também escreveu Welcome to Copacabana (contos) e as peças Casa Comigo, O brilho por trás das nuvens e Sarah em São Paulo) se debruçou na história para entender o país, mas como um ficcionista. Aliás, o protagonista – “um rapaz ingênuo que não consegue perceber o que se passa à sua volta (...) ” – nos alerta para o fato de que a ausência de um olhar crítico para ler o mundo pode gerar mazelas.
O público terá a impressão de que foi jogado em uma máquina do tempo, tal a primorosa reconstrução do ambiente político feita pelo escritor. Edney Silvestre permeia o livro com personagens reais, tais como Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves, Carlos Lacerda, Leonel Brizola, o barão Stuckart, Jango e Maria Thereza –, e fatos verdadeiros, como o comício da Central, o suicídio de Vargas, o incêndio da boate Vogue, entre outros. Também compartilha com seu personagem um ídolo da juventude: Otto Maria Carpeaux.
O autor, um brilhante jornalista – foi ex-correspondente da TV Globo e do jornal O Globo, cobrindo, entre outros fatos de destaque, o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center, EUA –, demorou a se lançar na literatura.
O primeiro livro de Edney saiu quando ele tinha 59 anos. “Sempre escrevi, mas não tinha coragem de publicar”, diz, citando escritores que admira como Jorge Amado, Graciliano Ramos e o português José Saramago, só para citar alguns
Antigas redações
O leitor/jornalista tem motivos extras para gostar de O Último Dia da Inocência. É que Edney, com maestria, descreve as antigas redações: “A redação do Correio da Manhã era comprida, densa de fumaça de cigarro, mesas dispostas em aparente desalinhamento, o barulho das oficinas do térreo se confundindo com o alarido dos jornalistas e o ruído de teclas de máquinas de escrever que tamborilavam, vez por outra, intercalado pelo tilintar metálico quando um texto chegava à última linha e era necessário acionar a alavanca do cilindro para levá-lo de volta, subir o papel e iniciar uma nova linha de texto”. Um primor de memória afetiva.
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