LITERATURA
Escritora mirim baiana incentiva crianças e adultos a realizarem seus sonhos
Por Victor Rosa

Com dois livros publicados, a escritora mirim de 10 anos, Luiza Meireles, utiliza dos livros e das redes sociais para incentivar que outras pessoas, desde crianças até adultos, também corram atrás da realização dos seus sonhos.
Tudo começou com uma pergunta que toda criança costuma ouvir dos familiares: ‘o que você quer ser quando crescer?’. Em volta de uma fogueira típica de São João, Luiza, aos sete anos, ouviu esta pergunta do namorado da avó e respondeu ‘escritora’. Foi neste momento que explicaram para ela que não precisava esperar crescer, mas ser uma autora mirim.
“Ele [namorado da avó] já tinha um livro publicado e estava tentando explicar para ela, disse para pegar um caderno e anotar as ideias, os personagens, títulos e depois constrói sua história. Então ela subiu, pegou um caderno e lápis e sentou do lado dele para começar a montar a história dela. Isso tudo eu olhando, mas achando que não iria passar disso”, comenta a mãe da pequena Luiza, Juliana Marques.
Eu fico muito feliz quando vejo que inspiro outras pessoas, porque é isso que quero. Quero mostrar que elas podem seguir seus sonhos e que elas não precisam ser outra coisa
E três dias depois dessa conversa nasceu a ideia do primeiro livro de Luiza, com título ‘A menina que morava no Hotel de Cabeça para Baixo’. Mas nem tudo foi fácil até que a obra fosse definitivamente publicada.
“Quando li eu pensei que estava bom, mas não sabia se estava realmente bom ou era coisa de ‘mãe coruja’ achando que tudo que o filho faz está bom. Então fomos um dia para o lançamento de um livro de Emília Nuñez e ela falou para Emília que estava escrevendo um livro e explicou a história. No momento a Emília parou de fazer a dedicatória, olhou para Luíza e falou ‘gostei da sua história. Quando você terminar diga a sua mãe para mandar para mim que vou te ajudar a publicar’”, informa Juliana.
Esforço da escrita até publicação
‘A menina que morava no Hotel de Cabeça para Baixo’ foi publicado, com muito esforço, de forma independente. Juliana explica que tinha acabado de sair do emprego e não poderia fazer grandes investimentos na época, mas correram atrás da publicação após receber retornos positivos de profissionais da área sobre a história criada por Luiza.
“Quando meu livro publicou eu fiquei muito feliz. Mesmo sendo um processo rápido de escrita, eu me esforcei bastante”, relatou a pequena Luiza, que também comentou que mesmo considerando um processo rápido, com três dias de escrita, foi um livro que demandou muita dedicação.
“Eu ficava muito tempo na frente do computador digitando, se demorasse demais poderia perder o fio da história e ter que recomeçar tudo de novo”.
Tanto esforço não é só motivo de orgulho para os pais, como também incentiva diversas pessoas que retirarem projetos antigos da gaveta e colocá-los em prática. De acordo com Juliana, durante uma das lives de Luiza no Instagram, uma mulher de 40 anos disse que a história da escritora fez com que ela iniciasse o processo de publicação de um livro que estava há muito tempo engavetado.
“Eu fico muito feliz quando vejo que inspiro outras pessoas, porque é isso que quero. Quero mostrar que elas podem seguir seus sonhos e que elas não precisam ser outra coisa”.
Além de ‘A menina que morava no Hotel de Cabeça para Baixo’, Luiza também publicou ‘Mickey, o extraordinário do skate!’ e já tem uma terceira história concluída, que deve ser lançada no ano que vem.

Foco nas diferenças
Os livros da pequena Luiza são uma série que relata a história de quatro amigos. No primeiro, os amigos tentam desvendar o mistério de um hóspede que se hospedou no hotel onde tudo era de cabeça para baixo.
No segundo livro, o grupo acompanha o jovem Mickey no seu sonho de ter um skate. Já no terceiro livro, ainda não lançado e com título ‘Melissa modelo sem sapato’, Luiza adiantou que a história vai se referir a uma jovem que sonha em ser modelo, mas não consegue realizar o sonho por não andar com sapato.
A escritora mirim destacou que além dos momentos que já viveu e das coisas que já ouviu, o que a inspira no momento da escrita é mostrar que as pessoas são diferentes e que isso não é um problema.
Incentivo
“A questão das diferenças entre as pessoas é algo muito importante de se falar. Não é porque você é diferente de outra pessoa que não pode ser amiga dela, claro que pode, todos somos diferentes”, disse Luiza.
Neste momento, a mãe completou com uma história: “A Luiza queria tanto marcar isso das diferenças, que a primeira versão da história os personagens tinham cabeça de formatos diferentes. Um tinha uma cabeça redonda, outro quadrado e outro a cabeça era um triângulo. Então conversamos para ela que ficaria estranho na ilustração e que poderíamos marcar isso na história”.
A escritora é influenciada e inspirada por autores como Emília Nuñez, Ilan Brenman, Ruth Rocha, Eva Furnari, Renata Fernandes, Ana Fátima, Érica Falcão, Ana Maria Machado, Roald Dahl, Monteiro Lobato, Rosa Parks, Malala, Carolina Maria de Jesus, Clarice Lispector, entre outros.
Redes sociais
Presente nas redes sociais, com fotos, vídeos e diversas lives, Luiza também utiliza do espaço, com gerenciamento da mãe, para levar a história dos seus livros e do seu processo de escrita para outras pessoas, além de indicar outros autores para seus seguidores.
Apesar de ser usado para divulgar o trabalho da escritora, Juliana deixa sempre evidente que o espaço é apenas para divulgação e não local de trabalho, principalmente por Luiza ser criança e precisar dedicar tempo a outros compromissos, como escola, família e brincadeiras.
“É um espaço para ela tem para divulgar os livros dela e coisas que ela gosta para incentivar outras pessoas. Eu deixo ela livre, mas ela não faz nada sem a minha supervisão. Como ela faz as lives com autores e participa de outras lives, eu tento gerenciar ao máximo para que não se torne uma obrigação, mas que ela faça por prazer, até porque ela é uma criança e não posso perder este limite”, pontua Juliana.
Uma publicação compartilhada por Luiza Meireles (@luizam3m) em
A primeira obra escrita por Luiza foi apresentada na edição 2019 da Feira Literária Internacional de Cachoeira (Flica) e a mais recente estará na segunda edição da Feira Literária Internacional de Praia do Forte (FLIPF), nos dias 11 a 15 de novembro deste ano.
Seus livros podem ser adquiridos pela Internet na Amazon (A menina que morava no Hotel de Cabeça para Baixo e Mickey, o extraordinário do skate!) e também nas livrarias Nobel Vilas, Dom Casmurro, LDM e na loja Superbacana do Shopping Paseo Itaigara ou diretamente com a família pelo WhatsApp (71) 99178-8667.
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