DITADURA MILITAR
Escritos por mãe e filha, livros trazem crimes impunes da ditadura
Autoras pontuam a necessidade de manter viva a memória para que o passado não se repita
Dois livros que abordam, de pontos de vista próximos, uma mesma sequência de crimes da ditadura militar brasileira: o sequestro, a prisão em Salvador (BA), o assassinato sob tortura em Recife (PE) e a ocultação do cadáver do militante Gildo Macedo Lacerda, em 1973, serão lançados pela jornalista, professora aposentada da UFBA e pesquisadora baiana Mariluce Moura e sua filha, a professora e pesquisadora Tessa Moura Lacerda (USP). O lançamento acontece pela Aretê Editora e Comunicação, dia 18 de março (segunda), a partir das 18h, na Reitoria da UFBA (Canela).
O evento começa com uma mesa de debate que traz o tema: "Os 60 anos do golpe e a impunidade dos crimes da ditadura", que além da presença das duas autoras, contará com as participações de Diva Santana da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos; Lucileide Costa Cardoso, líder do Grupo de Pesquisa Memórias, Ditaduras e Contemporaneidades da UFBA; e a publicitária Sônia Haas, que teve seu irmão desaparecido e morto durante a ditadura. O mediador é o jornalista Emiliano José. Em seguida haverá sessão de autógrafos.
Os livros
O livro “A revolta das vísceras e outros textos”, de Mariluce Moura é uma republicação de um romance lançado na década de 80, junto com outras reflexões da autora, escritos durante sua prisão, antes e depois da morte do marido, além de artigos e entrevistas para diferentes veículos. Segundo colocado na categoria romance inédito no prêmio da editora José Olympio em 1981, o livro narra com prosa moderna e envolvente a história da jovem militante Clara. Inspirado na própria experiência de Mariluce, viúva de Gildo, o relato romanceado conta sobre a vida na ditadura de um ponto de vista feminino.
Entre os textos que a nova publicação resgata estão a entrevista de Mariluce a Cris Lira, para sua pesquisa de doutorado na Universidade da Georgia, em 2015. O livro traz ainda uma apresentação do militante e ex-deputado federal Emiliano José.
Já o livro “Pela Memória de um paí[s]: Gildo Macedo Lacerda, Presente!” traz o terceiro elemento da história de amor de Mariluce e Gildo. A professora de filosofia da USP e pesquisadora Tessa Moura Lacerda era ainda um feto enquanto seus pais viviam o terror nas mãos da ditadura. Seu livro, prefaciado por Marilena Chauí, traz quatro ensaios que, escritos de forma fluida e pungente e escorados em obras de Bertolt Brecht, Sófocles e Jeanne Marie Gagnebin, entre outros, abordam temas como a necessidade da edificação de uma memória sobre alguém que não se conheceu, a subjetividade de uma criança marcada por uma trágica ausência e a negação dos rituais fúnebres pela ditadura.
As ilustrações de “A revolta das vísceras e outros textos” são da designer baiana Maíra Mouŕa Miranda. A ilustração da capa do livro “Pela Memória de um paí[s]: Gildo Macedo Lacerda, Presente!” é de Nara Lacerda Ferreira, neta de Gildo. Os dois livros têm projeto gráfico da designer Mayumi Okuyama.
Serviços
Autora: Mariluce Moura | R$60
Pela Memória de um paí[s]: Gildo Macedo Lacerda, Presente! (120 páginas)
Autora: Tessa Moura Lacerda | R$40
18 de março (segunda)
Reitoria da UFBA
18h - Debate sobre "Os 60 anos do golpe e a impunidade dos crimes da ditadura".
Participações: Mariluce Moura (UFBA), Tessa Moura Lacerda (USP), Diva Santana (Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos), Lucileide Costa Cardoso (UFBA), Sônia Haas (Familiares de mortos e desaparecidos). Mediador, Emiliano José (UFBA).
20h - Sessão de autógrafos
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