LITERATURA
Jornalista Franciel Cruz lança livro com cortejo do Caboclo ao Icba
Por Chico Castro Jr.

Ao se deparar com a foto ao lado, o incauto leitor se detém por um instante, perguntando-se o que deve se passar na cabeça do retratado: a cotação do dólar? Eleições? O preço do combustível? Tsc. Na cabeça do jornalista Franciel Cruz, que lança nesta sábado, 9, seu primeiro livro, se passam outras coisas (leia entrevista abaixo).
Poucas delas são sérias – e nenhuma tão vulgar quanto os assuntos citados. Em Ingresia: Chibanças e Seiscentos Demônhos (P55), Franciel versa, com a verve que seus amigos e seguidores do Facebook conhecem, sobre um assunto de muito maior monta: aquilo que ele chama de “A Enigmática Chinfra Baiana”, título de uma das dezenas de crônicas do livro.
Fruto de uma bem sucedida campanha de crowdfunding – termo que detesta – Ingresia reúne os melhores textos publicados por Franciel em blogs e redes sociais na última década e meia. Tudo por insistência dos amigos.
“Amigo, você sabe, não é raça de gente. Então, este livro, na verdade, é uma forma de me livrar deles. Ou, melhor da sua ladainha”, conta.
“Você tá num bar, querendo conversar sobre coisas importantes, tipo a cotação do bitcoin, e o cara fica em seu ouvido ‘Françuel, você tem que lançar livro, tem que lançar’... Quem porra aguenta isso? Não tem amizade que resista. Assim, o livro também é uma forma de preservar os amigos”, acrescenta.
Natural de Irecê, Franciel vem se tornando, ao longo das décadas, uma das maiores autoridades desta qualidade (ou defeito) indecifrável conhecido como “baianidade” – embora negue.
“Jamais serei autoridade em qualquer disgrama. Meu lugar de fala na baianidade é um samba-reggae de uma nota só: sou baiano, mas não pratico”, despista.
“Na verdade, este conceito do que entendemos de baianidade é esta ficção criada, especialmente pela dupla Caymmi & Jorge, com o auxílio pernicioso do Cabeça Branca. O fato é que esta baianidade se resume ao roteiro do dendê, mas a Bahia é muito maior do que isso”, afirma.
Tradicional de primeira
Com orelhas de Xico Sá, prefácio de Cláudio Leal e posfácio póstumo (escrito em 2014) por André Setaro, Ingresia desde já se configura em um dos lançamentos literários mais aguardados / badalados desta – como ele costuma dizer – “besta e bela província”.
Tão badalado que inaugura um novo – e desde já, tradicional – tipo de evento: o cortejo literário.
Em volta do carrinho de café multimídia da agitadora cultural Ana Dumas, Franciel, Núbia Rodrigues (que também lança seu livro infantil Sítio Caipora) e amigos sairão do caboclo do Campo Grande em direção ao ICBA, onde se dará a sessão de autógrafos.
“O livro bebe na fonte, com o perdão da má palavra, da iconoclastia. Então, quando Ana Dumas ofereceu o seu glorioso Carrinho Multimídia para animar a chibança, eu pensei logo em meter zuada”, diz.
“Conversei com Núbia e acertamos de marcar o primeiro e já tradicional cortejo literário. Sim, na Bahia é assim: a zorra nem começou direito e já é tradicional. Então, não sei o que será o cortejo literário. É o que acontecer. Vamos estar no pé do caboclo no Campo Grande chorando, caminhando, cantando e vendendo livro até chegar ao Pátio do ICBA, onde acontecerá o lançamento propriamente dito”, conclui.
Lançamento dos livros Ingresia, de Franciel Cruz, e Sítio Caipora, de Núbia Rodrigues / Sábado, 9, 15h59 / Haus Kaffee (pátio do ICBA) / Gratuito
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