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LITERATURA

Jornalista Marcos Uzel lança biografia da atriz baiana Nilda Spencer

Por Eugênio Afonso

17/11/2021 - 6:08 h
Uma mulher livre e sempre à frente do seu tempo | Foto: Célia Aguiar | Divulgação
Uma mulher livre e sempre à frente do seu tempo | Foto: Célia Aguiar | Divulgação -

Para o cineasta Bruno Barreto, 66, a atriz soteropolitana Nilda Spencer (1923-2008) era a Fernanda Montenegro da Bahia. Diz Bruno: “...além de grande atriz, tinha inteligência em relação ao ofício de atuar, uma capacidade de reflexão, o que fazia o trabalho dela muito singular”. E o diretor carioca sabia bem do que estava falando, afinal tinha dirigido Nilda no filme Dona Flor e seus Dois Maridos (1976), baseado na obra de Jorge Amado e uma das maiores bilheterias do cinema nacional até hoje.

Então, com o intuito de dar início às celebrações dos 100 anos de Nilda, comemorados em 2023, e sempre com o objetivo de preservar a memória do teatro baiano, o jornalista, professor e crítico teatral Marcos Uzel lança, quinta-feira, 18, às 19h, na Igreja São Pedro dos Clérigos (Terreiro de Jesus), durante a Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), seu mais novo livro: Nilda: a dama e o tempo (Edufba).

A obra também ganha lançamento virtual durante o ‘Congresso Ufba 75 Anos’, que acontece entre os dias 07 e 11 de dezembro, em horário a ser confirmado.

Uzel conta que escolheu biografar Spencer para poder eternizar a história de uma mulher incrível – morta aos 85 anos, mas que ainda estava no palco aos 82 – que foi pioneira numa época em que ser atriz na província baiana era motivo de condenação por parte das famílias conservadoras e moralistas.

“Nilda se impôs diante dos preconceitos e, ao longo de sua trajetória, tornou-se um farol das vivências culturais na Bahia do século XX. As novas gerações precisam conhecer a história dessa mulher que virou um símbolo de liberdade feminina”, diz o autor.

Com prefácio da dramaturga, poeta e contista Cleise Mendes, Marquinhos vai desvendando aos poucos as aventuras e desventuras dessa artista que é considerada por muitos a grande dama do teatro baiano.

Ele garante que a proposta do livro é construir a linha do tempo de uma atriz que também é uma personagem.

“Nilda é a atriz. A dama do teatro é a personagem. Essa é a beleza da história dela. A mulher que foi fazer teatro na Bahia dos anos 1950 (período em que ser atriz era sinônimo de mundana, dissoluta, perdida) inverteu o jogo. Conseguiu fazer isso com a marca da insistência e da constância, sem se conformar com o conforto de um teatro cordial. Pelo contrário. Nilda abraçou os artistas jovens, encenou espetáculos que desafiaram a censura durante a ditadura militar, se aproximou do cinema marginal sem pudores e solidificou um percurso, tão longevo e respaldado pela credibilidade, que virou a grande dama do teatro”, proclama Uzel.

Querida e admirada

No entanto, o jornalista confessa que escrever Nilda: a dama e o tempo foi uma experiência complexa e muito desafiadora, afinal não é fácil sintetizar em um livro a memória da existência de uma pessoa.

“O grande desafio foi o da organização de dados, articulando testemunhos e fatos históricos. Realizei 57 entrevistas, mas não tive obstáculo em relação às fontes. Todas foram muito receptivas por se tratar de Nilda Spencer, uma personalidade muito querida e admirada. Mesmo os que estavam em outras cidades, como Maria Bethânia, Othon Bastos e o diretor Bruno Barreto, se dispuseram a colaborar com muito boa vontade”, relata Marquinhos.

O leitor vai poder desvendar a história da mulher de sociedade que virou uma atriz respeitável e foi reverenciada diversas vezes como rainha dos artistas, musa dos boêmios, madrinha dos gays.

Vai conhecer também sua infância e juventude, a paixão por Hollywood, a relação conjugal, os grandes trabalhos em teatro e cinema (filmou com Nelson Pereira dos Santos, Edgard Navarro, Andrucha Waddington, André Klotzel), as experiências artísticas com o submundo, a vida de colunável nas rodas da elite baiana e a figura boêmia que desfrutou da noite, dos ambientes libertários e marginalizados.

“Além de ter sido uma mulher à frente do seu tempo, Nilda conseguiu fazer uma aliança de condutas, uma estratégica combinação de modos de vida, sendo, ao mesmo tempo, uma mulher da tradição, mas também das rupturas. Isso lhe deu uma imensa liberdade para criar vínculos afetivos e se tornar tão popular e respeitada”, explana o autor.

Imagem ilustrativa da imagem Jornalista Marcos Uzel lança biografia da atriz baiana Nilda Spencer
“Nilda virou um cartão postal das artes cênicas, uma espécie de Farol da Barra do teatro baiano” Marcos Uzeljornalista e escritor | Foto: Graça Machado | Divulgação

Documentar é preciso

Além da biografia de Spencer, recém saída do forno, são também da lavra de Marcos Uzel os livros O Teatro do Bando (2003), A Noite do Teatro Baiano (2010), Guerreiras do Cabaré (2012) e Poéticas de Marcio Meirelles (2020), em que é um dos organizadores.

Devidamente reconhecido como um dos mais importantes e atuantes pesquisadores das artes cênicas na Bahia, Marquinhos assegura que preservar esse tipo de memória é fundamental.

“Tenho feito registros nos últimos 20 anos através da publicação de livros diversos. Nomes como a atriz e pesquisadora Jussilene Santana, o professor Raimundo Matos de Leão, a autora Aninha Franco e os jornalistas Cássia Candra e Luis Lasserre (A TARDE) também publicaram livros e deram contribuições inestimáveis à documentação dessa memória, mas precisamos de mais apoios institucionais, do incentivo governamental e de mais interesse da iniciativa privada em patrocinar a produção de outros documentos que eternizem a história dos nossos artistas”, dá o recado o biografista.

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