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Livro infantil conta a história dos turbantes

Publicação do grupo cultural Ayabá Africanidades possui diálogos e ilustrações contemporâneas

Publicado quinta-feira, 30 de dezembro de 2021 às 06:03 h | Autor: Fellipe Moreira*

Contribuindo com a exaltação da cultura afro-brasileira, o grupo cultural Ayabá Africanidades lança seu primeiro livro intitulado de "Ayabá e os Caminhos para Ancestralidade". Ele conta a história dos turbantes em um enquadramento infantil, com diálogos e ilustrações contemporâneas.

Dentro da história, é enaltecido o orixá Nanã através da saudação Salubá, que é o nome de uma das personagens. Os idealizadores Valdiele Lima e Rubens Ferreira comentam que ele nasce com o intuito de deixar o conhecimento ancestral para as crianças, promovendo reflexões.

O corpo do livro possui duas vertentes principais: a perspectiva familiar e feminista. O saber ancestral é trazido, a história é contada, o respeito é promovido. “É importante destacar que nós não estamos falando somente para a nossa comunidade, queremos abrir para todas. Nosso público é todo mundo. Não podemos nos fechar e deixar isso somente entre a gente”, diz Valdiele. 

Origem

O projeto nasce das experiências passadas nas oficinas de turbante feitas pelo grupo cultural desde 2014, quando foi criado. Os debates sempre causaram interesse nos jovens, mas foi decidido que era necessário construir um produto. 

Essa leitura pode resgatar memórias afetivas, criar movimentos de empoderamento, elevação de autoestima e confiança. Além disso, pode desconstruir nos jovens muitos discursos estruturais amplamente reproduzidos na sociedade.

“Queremos trazer a ressignificação de um elemento que sempre esteve presente aqui. A gente quer traçar, através das nossas oficinas e do livro, que o turbante tem potência para nos conectar com a ancestralidade. Aquilo que foi falado sobre nós não é verdade: somos bonitos sim, nossa identidade é bela sim. Nós sempre fomos reis e rainhas e os turbantes são as nossas coroas”, destaca Rubens. 

O livro foi lançado pela editora Oxente com as ilustrações de Ênio Lopes. A organização destaca o apoio da professora Andreia Carvalho neste processo. “Quando a gente coloca o pano para amarrar no ori [cabeça], a gente está torcendo o nosso caminho de forma positiva. Você consegue se identificar, saber quem é, de onde veio, para onde você quer ir e para onde pode ir”, explica Valdiele. Ele já está alcançando outras localidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Maranhão.

Rubens e Valdiele são integrantes do grupo de movimentos sociais da Universidade Federal da Bahia (Ufba)  e formados na instituição, em Ciências Sociais e Letras, respectivamente. Eles desenvolvem diversas atividades trazendo saberes populares que fundamentam as produções. Já foram desde a venda de tecido, a preparar indumentárias para famosos como Chico César, Margareth Menezes e Saulo Fernandes.

*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira

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