LUTO NA CULTURA
Morre Nélida Piñon, 1ª mulher a presidir Academia Brasileira de Letras
Formada em Jornalismo, a acadêmica carioca foi a primeira mulher no mundo a presidir uma academia de letras
Por Da Redação
Morreu, aos 85 anos, em Lisboa, Portugal, a escritora Nélida Piñon. Ocupante da Cadeira de número 30 da Academia Brasileira de Letras (ABL), para qual foi eleita em 27 de julho de 1989, ela foi a primeira mulher a presidir a entidade em 100 anos.
Formada em Jornalismo, a acadêmica carioca foi a primeira mulher no mundo a presidir uma academia de letras, segundo informações da própria ABL.
No dia 9 de novembro de 2011, em sua homenagem foi inaugurada em Salvador, Bahia, a Biblioteca Nélida Piñon, a primeira biblioteca do Instituto Cervantes que recebeu o nome de um escritor de língua não hispânica.
Ao todo, Piñon publicou mais de 20 livros e teve suas obras traduzidas em mais de 30 países. Ela escrevia romances, contos, ensaios, discursos, crônicas e memórias.
A escritora foi vencedora de dezenas de prêmios nacionais e internacionais. Ao longo da carreira, colaborou para diversos jornais e revistas literárias e foi correspondente no Brasil da revista "Mundo Nuevo", em Paris.
A estreia de Nélida nos romances aconteceu em 1961 com "Guia-mapa de Gabriel Arcanjo". Em 1972, ela lançou "A Casa da Paixão". A publicação recebeu o Prêmio Mário de Andrade. Em 1995, a acadêmica conquistou o Prêmio Internacional Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe, sendo a primeira vez de uma mulher e de um autor de língua portuguesa.
Nélida foi titular da Cátedra Henry King Stanford em Humanidades, da Universidade de Miami, entre os anos de 1990 e 2003. A escritora foi a primeira mulher a receber o Doutor Honoris Causa da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha.
Doação
Em junho deste ano, Nélida Piñon doou ao Instituto Cervantes, cuja sede está localizada no Rio de Janeiro, um grande acervo pessoal, composto por 7 a 8 mil obras. Com isso, o acervo de livros da instituição passou a levar o nome da escritora.
O local é decorado com objetos de arte selecionados pela própria Nélida. Entre as temáticas dos livros doados estão balé, história da Idade Média, Machado de Assis, literatura clássica, religião, clássicos franceses e ingleses, óperas e biografias, além de biblioteca particular da lexicógrafa Elza Tavares, herdada pela escritora, conforme o Instituto.
Ainda de acordo com o Cervantes, muitos livros apresentam dedicatórias assinadas por grandes autores como Clarice Lispector, Rachel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, Lygia Fagundes Telles, Jorge Amado, José Saramago, Toni Morrison, Mario Vargas Llosa, Carlos Fuentes e Gabriel García Márquez, amigos próximos de Piñon.
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