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Novo livro de Aleilton Fonseca traz contos sobre a condição humana

Obra 'Sonho de Viver' será lançada nesta sexta-feira, na livraria Caramurê

Publicado quarta-feira, 22 de março de 2023 às 05:15 h | Autor: Lila Sousa*
Aleilton: “São contos que tratam de valores como a solidariedade, complacência e bondade”
Aleilton: “São contos que tratam de valores como a solidariedade, complacência e bondade” -

O escritor Aleilton Fonseca, integrante da Academia de Letras da Bahia, lança nesta sexta, dia 24, o livro Sonhos de viver, composto por seis contos sobre personagens cotidianos, que precisam conciliar seus desejos com uma dura realidade. O lançamento acontece às 19h, na livraria Caramurê, no Madison Plaza.

Com boas expectativas para o lançamento do livro, Aleilton relata que seus livros de contos anteriores sempre foram bem recebidos pelos seus leitores: “O meu estilo é um estilo que os professores gostam pra indicar aos alunos, várias escolas adotam os livros. Porque trazem histórias de vida”, diz.

Os personagens são para o autor um exemplo de viver, permitindo uma identificação direta ou indireta dos leitores. “Tenho essa expectativa de que este livro também possa despertar interesse nos leitores em geral, porque são contos que tratam de valores como a solidariedade, complacência e bondade, qualidades que parece que estão faltando no mundo de hoje. Um mundo tão egoísta, marcado por relações comerciais”, afirma.

A proposta de Aleilton com os contos é de estimular as qualidades humanas, o pensar no próximo e sobretudo manifestar essa adesão ao outro, ter empatia.

Mesclando um lirismo singular a personagens que facilmente poderiam existir no cotidiano dos leitores, o escrito baiano faz com que o livro seja bonito e recheado de significado, com  narrativas fluidas e leitura agradável.

“Venho de uma tradição oral. Cresci ouvindo as histórias em casa da minha vó, da minha mãe, depois a literatura de cordel. Muito menino eu já lia, via os contadores de história na feira, os cordelistas. Então essa oralização da escrita é uma característica minha que dá uma simplicidade”, explica o autor.

Ao detalhar seu estilo de escrita, Aleiton ressalta que a experiência se assemelha a ouvir o narrador contar uma história. Com uma linguagem mais acessível, é possível atingir um público maior, além da temática das situações abordadas na obra serem direcionadas para jovens, estudantes e, pessoas que gostam de histórias. “Em vez de buscar uma linguagem difícil, procuro uma linguagem simples e, ao mesmo tempo, carregada de informações, sentimentos e, condição humana pra atingir um público mais amplo”, complementa.

Inspirados na vida real

São cinco contos inéditos, que mesmo sem uma relação direta, encontra na característica humilde dos personagens vivendo em situações de risco social, o elo que representa o título da obra. Aleilton descreve o processo de dar nome a um livro como um desafio para todo escritor, em um processo que envolve pensar, listar e consultar colegas. 

Desta vez, com a difícil missão de encontrar um título, o autor buscou um nome que representasse todos os contos presentes, já que normalmente livro recebe o nome do conto mais representativo. “Já fiz isso em livros anteriores. Mas dessa vez quis dar um título que não é título de nenhum dos contos, mas que é capaz de reunir todos os contos”, explica. Desse raciocínio saiu Sonhos de viver.

O autor relata que a sua escolha possui um significado. “Sonhos porque diz respeito a vontade, a necessidade, o desejo, o sonho nesse sentido da aspiração a ter uma vida digna, sobreviver, se alimentar, ter um trabalho digno, é o sonho de toda pessoa simples”. Aleilton ressalta que esse é o desejo das pessoas mais vulneráveis, eles sempre tem esperança de melhorar de vida e serem acolhidos por alguém.

“O maior bem do ser humano é a própria vida. A única riqueza verdadeira, concreta é a vida. E manter a vida muitas vezes é difícil. Sobretudo manter a vida digna numa sociedade tão desigual. Por isso, Sonhos de viver”, reflete o autor. Em cada conto há um personagem que exercita essa vontade de viver não apenas para si, mas com o outro. 

Aleilton se destaca na escrita de contos, e destaca que uma das referências de qualquer escritor é a própria vida, as relações humanas, a dificuldade da própria vida. 

“Em um país como o nosso, em que as diferenças são muito profundas, as diferenças de classe, as diferenças sociais, há muito preconceito, a literatura precisa ser sensível a isso, a essas situações”, comenta. Para o escritor os personagens simples do dia a dia costumam aparecer na literatura de um ponto de vista negativo. “Como cidadão sou muito sensível a essas situações. E como escritor eu penso que é preciso trazer pra literatura esses personagens simples”, complementa. 

Aleilton argumenta que esses personagens precisam de um olhar mais cuidadoso da sociedade. Por isso quis trabalhar com uma literatura mais sensível, apresentando um olhar de esperança. Nesta obra o autor expõe que a condição humana precisa ser exercitada, mas, simultaneamente, mostra os que são indiferentes, deixando os personagens à própria sorte sem querem ajudar. Isso devido à opressão de classes e preconceito étnico, abordados em Sonhos de Viver.

“A literatura também pode ser educativa. Principalmente se ela for parar numa sala de aula. De repente o professor adota um livro desse, ele tem muitas questões pra analisar com seus alunos no processo de educação, de formação do cidadão”, reflete Aleilton. 

Próximo capítulo

Com muitas ideias para colocar em prática, entre projetos de livros, ensaios e poemas, o escritor tem se dedicado à escrita de haicais, um gênero de poesia com forma fixa. “Estou escrevendo uma série de haicais florais. O que seria um haicai floral? São haicais, a forma do haicai, aquele poema oriental de três versos, sendo que o primeiro verso tem cinco sílabas, o segundo tem sete e o terceiro tem cinco, podendo rimar ou não”, explica.

Como gosta da rima, ele está inventando um haicai com dois pares de rima, ou seja, dois pares de rima em três versos. “Porque eu gosto muito da sonoridade”, brinca.

Para  este próximo projeto sobre flores ou coisas do jardim, Aleilton possui uma inspiração particular. “A minha inspiração são flores, insetos, passarinhos do meu próprio jardim. Que é um jardim pequeno, porém cheio de sugestões poéticas”, conclui.

*Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.

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