PEPEU E BABY
"A gente que tem que mudar, procurar fazer o melhor que a gente sabe"
Dupla volta à capital baiana para novo show na Concha Acústica do TCA
Por Matheus Calmon e Rafaela Souza
Somados os 70 anos de Baby do Brasil, completados em julho de 2022, mais os 70 anos de Pepeu Gomes, completados em fevereiro do mesmo ano, chega-se aos '140 graus', nome da turnê que celebra a carreira da dupla e encerra neste sábado, 7, no mesmo local onde começou há cerca de um ano: na Concha Acústica do Teatro Castro Alves. Os eternos Novos Baianos se reencontraram nos palcos depois de 20 anos sem trabalhar juntos para consagrar suas carreiras.
Em '140 graus', Baby e Pepeu dão um show de energia. A voz inconfundível de Baby e a guitarra eletrizante de Pepeu somam-se à banda e juntos apresentam sucessos das carreiras dos artistas, como “Mil e uma Noites de Amor”, ”Eu também quero beijar”, “Menino do Rio”, “ Deusa do Amor”, “Sem Pecado e sem Juízo”, “Acabou Chorare”, “Um Raio Laser”,” A Menina dança”, “Tudo Azul”, entre outros hits dessa parceria, incluindo “Masculino e Feminino” que vem sendo tocada em rádios de todo Brasil com a nova versão feita por Baby & Pepeu.
A dupla esteve na sede do Portal A TARDE e falou sobre essa experiência. Pepeu afirmou que a resposta do público foi impressionante e atendeu às expectativas. "A receptividade do público foi muito boa, porque fazia tempo que a gente não tocava junto, que a gente não se juntava para fazer um trabalho musical. Então, a expectativa da gente era que o público participasse do espetáculo e foi isso que aconteceu. Cantaram todas as músicas com a gente, o repertório foi trabalhado de acordo com os hits de cada um", afirma o artista.
Pepeu, cria do Garcia
Soteropolitano, a apresentação na capital baiana, para ele, é ainda mais especial. "O show é praticamente dentro do meu bairro, eu sou do Garcia, onde nasci, fui criado, passei minha infância, conheci todos os meus amigos. Para mim, é uma vibe muito boa. Cada vez que olho da Concha para cima me dá o feedback da minha infância, da minha história, como comecei com a música aos 17 anos".
O cantor avalia também o cenário musical no Brasil e afirmou que o país tem uma riqueza artística imensa. Ele pontua ainda que há talentos que muitas vezes não têm espaço para aparecer. "São muitos guitarristas, muitos cantores, muitos autores, muitos compositores... Somos um baú fervendo de musicalidade, de exportação, de novos talentos".
Acho que as coisas não mudam, a gente que tem que mudar, melhorar, cada vez mais procurar fazer o melhor que a gente sabe, pois a música está sempre evoluindo
"A gente está aqui conversando e a música pode estar acontecendo nos Estados Unidos, algo que a gente não está sabendo e, quem sabe, aquilo ali é o futuro da música, a nova direção que a música precisa que se dê para que aconteça uma coisa nova", reitera.
E, para selecionar o repertório, Pepeu afirma que pediu a Baby para fazer uma lista com as músicas especiais que ela gostaria de apresentar, e fez o mesmo. "Foi interessante, porque na verdade a gente já estava em sintonia desse repertório e eu acho que a gente conseguiu extrair o melhor da gente".
Enquanto Pepeu fala sobre o show de 1h40, Baby intervém e confirma achar que gostaria de mais. "Umas seis horas, né, com você na guitarra, tem conteúdo e eu só fico bebendo na fonte, quem ganha sou eu e o público. Se o Pepeu no estúdio dele pode ficar o dia inteiro tocando, a gente leva isso para o palco, concorda? Só não sei quem vai aguentar, mas acho que todo mundo aguenta", declara Baby.
O cantor conclui, considerando tranquilo o critério do repertório. "A gente conseguiu arrumar um repertório coeso, interessante, que as pessoas conseguem cantar todas as canções... Algumas não conhecem muito, pois foram músicas que não aconteceram radiofonicamente".
Para Baby, a turnê acontece no momento certo. Segundo ela, antes de acontecer, este projeto não passava pelos planos da dupla. "Foi uma das coisas mais legais que a gente pôde vivenciar, pois geralmente você tem um planejamento. A gente sabia que ia fazer 70 anos e cada um ia comemorar os seus 70, um ia visitar o outro, de repente... Até que, antenado em tudo isso, o pessoal da Musickeria nos convida para participar de um festival que aconteceu no Morro da Urca, lá no bondinho no Rio de Janeiro. E qual o nome que nós daríamos para o show? Já que a gente ia fazer 70 anos... Então, 70+70 dá '140 graus', porque são dois artistas de muita explosão no palco", explica.
Encerramento pode não ser o fim
Ela afirma que, apesar de o show na Concha Acústica ser o encerramento da turnê, não significa, necessariamente, ser o seu fim. "Nós precisamos encerrar aqui em Salvador, lugar onde começou há cerca de um ano atrás, mas a gente deixou aberto para shows esporádicos em lugares onde a gente ainda não foi. A turnê geralmente tem começo, meio e fim e foi isso que aconteceu. Aconteceu no momento certo, é uma comemoração, uma celebração dos 70 anos de cada um. Nós nos conhecemos aos 17 e os 70 comemoramos juntos".
Uma de suas marcas é a explosão de energia, tanto no palco quanto fora dele. Pensando sobre o estigma que muitas pessoas têm com o envelhecimento, ela deixa uma dica a quem teme pelo passar do tempo.
Baby, uma 'popstora'
"A primeira coisa que precisamos resolver dentro de nós são as questões que nos deixam com problemas, chateados, aborrecidos... O quê que nos incomoda? Viver nessa terra e não estar feliz se torna um grande problema. E se torna maior ainda a opressão de o que estou fazendo nesse planeta, daqui a pouco vai morrer... Então, tem que viver o tempo inteiro festejando", sugere a artista.
Para mim, a premissa que foi para não ter medo do tempo foi o perdão, o arrependimento... É você estar fazendo aquela faxina sempre dentro de você, porque são coisas que você vai carregar, vão te oprimir, te deixar pesado, preocupado e isso vai esvaziando a sua alegria, você vai ficando vazio
A 'popstora', mistura de postar com pastora, também não deixou de citar a espiritualidade. Ela, inclusive, compartilha a história vivida na madrugada anterior com um carregador de celular recém comprado, que não funcionava, até que, durante um momento de oração, sentiu uma força maior, pediu novamente e, ao conferir, a luz do equipamento voltou a acender e funcionar.
"Nós precisamos estar cheios de Deus, das coisas boas, e as coisas que a gente não curte, precisamos tentar entendê-las, pois nem tudo a gente precisa curtir, mas a gente precisa estar leve e limpo. Eu acho que o tempo, quando você está leve e limpo, ele não existe mais. Você não tem medo de nada, tem confiança em Deus", completa.
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