HISTÓRIA REVISITADA
Autor de sucessos, Odair José canta em Salvador neste fim de semana
Ícone da chamada música ‘brega’ brasileira faz show em Salvador nos dias 20 e 21 de abril
Por Eugênio Afonso
Ícone da chamada música ‘brega’ brasileira, sobretudo nos anos 1970, o cantor e compositor goiano Odair José, 75, faz show em Salvador nos dias 20 e 21 de abril, ou seja, nos próximos sábado e domingo, às 20h, no Teatro Sesc Casa do Comércio.
Odair garante que o propósito do show é estar com as pessoas, é levar para o público um trabalho que já dura 54 anos. “É uma necessidade orgânica para mim. A gente gosta de tocar, gosta de estar com as pessoas. E estar em Salvador é um privilégio. Uma cidade que gosto e respeito muito”, revela o cantor.
Ele diz ainda que não tem como a pessoa não ter identificação com a música da Bahia. “Ela é muito forte no Brasil e no mundo. Desde quando me entendo por gente, escuto a música baiana. Sou fã de Dorival Caymmi, João Gilberto, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ivete Sangalo, e essa rapaziada que faz este batuque maravilhoso. E também tem o grande Waldick Soriano”.
Com 38 discos lançados e incontáveis sucessos, nas apresentações deste fim de semana, Odair vai cantar, obviamente, clássicos que marcaram sua carreira, como A noite mais linda do mundo, Esta noite você vai ter que ser minha, Eu, você e a praça, Eu vou tirar você desse lugar, Pare de tomar a pílula, Cadê você, além de tantas outras. Mas o cantor também trará novidades.
“O repertório tem cerca de 26 canções. Vou fazer uma releitura da minha história musical, pegando aquelas canções, evidentemente, que as pessoas mais conhecem porque não dá pra tocar tudo em um universo de mais de 400 canções. Também a gente vai colocando músicas novas”, detalha Odair.
Brega ou cult?
Compositor que sempre escreveu sobre o cotidiano das pessoas mais simples, Odair é aquele tipo de artista que todo brasileiro conhece, mas que alguns - os pseudointelectuais - sempre torceram o nariz e tiveram dificuldade de aceitá-lo como um verdadeiro repórter musical da periferia brasileira. Para este público, ele era considerado ‘inferior’ diante de tantos outros compositores nacionais, principalmente os da nata da MPB.
Agora, descoberto pelas novas gerações e elevado à categoria de ‘cult’, Odair tem sido reverenciado e regravado pela turma mais jovem da música nacional. O pessoal da banda Los Hermanos, por exemplo, fez uma releitura para Eu vou tirar você desse lugar (...eu vou levar você pra ficar comigo e não me interessa o que os outros vão pensar).
O cantor e compositor gaúcho Arthur de Faria transformou Pare de Tomar a Pílula - um dos maiores clássicos do compositor goiano - em um pop rock. A roqueira baiana Pitty também adotou o cantor ‘brega’ e regravou, entre outras, Cadê Você (...que nunca mais apareceu aqui, que não voltou pra me fazer sorrir, que nem ligou...cadê você?...)
Pitty ainda dividiu os vocais com o próprio Odair na autoral Me Adora. Arnaldo Antunes, Paulo Miklos e o pernambucano Otto são outros que redescobriram o ex-marido de Diana e chegaram a cantar e gravar com ele.
“Me sinto muito lisonjeado como compositor de ter o meu trabalho lembrado. Estou gravando há 54 anos e, de repente, ter canções da década de 70 sendo revisitadas por uma geração mais recente, é maravilhoso. É sinal de que o meu trabalho tem relevância. É atemporal. Para o compositor, é um privilégio”, confessa o cantor.
E mesmo já tendo sido chamado de Bob Dylan da Central do Brasil, de cantor das empregadas e das prostitutas, Odair se diz pouco afeito a rótulos. Ele acredita que seu trabalho não é brega, conceito que não gosta, acha preconceituoso, mas que também, segundo ele, não chega a incomodar.
“Sou um compositor popular, e brega não é uma definição para o meu trabalho. Ele vai um pouco além disso. Faço música sobre as pessoas e para as pessoas. Se isto é ser brega que seja, se é cult que seja. Agora, quero convidar todo mundo para o show”, conclui o artista.
De Salvador, o cantor segue para Recife, Fortaleza, Espírito Santo e volta para São Paulo. Ele aproveita para anunciar a chegada de Seres Humanos, o 39º álbum de carreira, que deve virar turnê e rodar o país a partir de julho deste ano.
Seres Humanos é o primeiro disco autoral de Odair, gravado em estúdio e com músicas inéditas desde Hibernar na casa das moças ouvindo rádio, de 2019. O single DNA já circula nas principais plataformas virtuais de música.
Odair José / 20 e 21 de abril / 20h / Teatro Sesc Casa do Comércio / R$ 100, inteira e R$ 50, meia - à venda na bilheteria do teatro e através do Sympla
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