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MÚSICA

Giovani Cidreira lança disco e retrata experiências em canções

Por Daniel Oliveira l Especial para A TARDE

12/04/2017 - 20:47 h
Giovani fez parte das bandas Gramodisco e Velotroz
Giovani fez parte das bandas Gramodisco e Velotroz -

Na casa da avó, em Salvador, Giovani Cidreira gravava em fitas cassete as canções que criava para os amigos, as paixões e a família. Era pré-adolescente, já havia morado durante a infância no município de Castro Alves, interior baiano, e estava de volta à cidade natal. Nesse período, ganhou um violão. Tocava o instrumento, compunha e escutava LPs de música brasileira na radiola.

“É assim até hoje. No meu trabalho falo das pessoas, das coisas que eu vivo”, diz o cantor e compositor, em entrevista no Rio Vermelho, onde fez os primeiros shows, entre os quinze e os dezesseis anos.

Giovani tem 26 hoje. De trajetória na música, dez. Passou pelas bandas Gramodisco e a saudosa Velotroz, destaque da cena baiana entre 2009 e 2012. Com o fim do grupo, iniciou a carreira solo e lançou um EP com sete faixas.

Na última sexta-feira, chegou ao mundo o seu primeiro álbum cheio, Japanese Food (Natura Musical e Balaclava). Em 12 canções, ele transita com singularidade pelos sons brasileiros setentistas de Clube da Esquina, Fagner e Caetano Veloso, o rock cortante do Legião Urbana e o indie lo-fi do canadense Mac Demarco. Tudo isso em um profundo mergulho nas próprias vivências.

“Quando escuto o CD é como se eu me olhasse no espelho. Me mostra tudo que já passei, as minhas experiências”, fala, poucas horas após a divulgação do trabalho, ainda sentindo a emoção final de um processo intenso.

O show de lançamento vai acontecer no próximo 21, às 19h, no Teatro Gregório de Mattos, em frente à Praça Castro Alves, no Centro Histórico.

O primeiro passo para a concretização do álbum foi dado no início de 2015. Numa das visitas de Giovani ao estúdio Casa das Máquinas, do músico e produtor Tadeu Mascarenhas, surgiu a ideia de submeter o projeto para o registro do disco no edital da Natura daquele ano.

“Estava fazendo os shows do EP, mas não tinha perspectiva de quando iria gravar. E fui lá chorar, falar da vida, dos problemas (risos) e ele propôs que a gente inscrevesse”. Foi então aprovado e, no mesmo lugar, iniciou meses depois a feitura. “Tinha umas 20 composições guardadas”, revela o artista.

Na arquitetura dos arranjos, ele contou com contribuições de Tadeu, Junix e Lalo Batera, estes dois responsáveis respectivamente pelo baixo e pela bateria no álbum, além de outros instrumentistas convidados. A mixagem foi feita por Diogo Strausz, no Rio de Janeiro.

“Já tinha a referência do disco Rainha dos Raios, de Alice Caymmi, produzido por ele, mas o que me fez mesmo querer fazer foi o CD dele solo (Spectrum Vol. 1). Vi que era muito diversificado em estilo e queria fazer algo assim”, explica a escolha.

Japanese Food aborda, sobretudo, questões existenciais-urbanas. “Tem uma dureza e, ao mesmo tempo, é leve”. Começa com Movimento da Espada, cujo título é inspirado numa poesia de Drummond. A canção foi feita em um ônibus lotado.

“É uma das mais antigas. Fala desse estado de fantasma que a gente vive. Não sei como a gente não fica maluco”. Na sonoridade, uma espécie de rock acústico, meio pós-punk, com o expressivo violão do músico em evidência.

Vai Chover, uma das parcerias com Paulo Diniz, foi divulgada em outubro como single e, em fevereiro deste ano, ganhou videoclipe dirigido por Liz Riscado. É a mais indie de Japanese Food e traz a guitarra de Junix com timbre marcante.

A terceira Um Capoeira, segundo o compositor, é uma canção de resistência. “Trata de preconceito racial, de injustiça, um lance que nunca tinha falado em disco. Isso com muita metáfora”. A faixa tangencia o afrobeat, porém, não é propriamente uma música do gênero. Essa, aliás, é uma característica de Giovani. Ele faz a sua trilha nas fronteiras e embaralha os rótulos.

O álbum segue com sequência arrebatadora, Pássaro Prata e Última Vida Submarina. A primeira remete à música nordestina setentista – no melhor estilo Fagner – e tem participação da cantora e compositora Josyara. Um elogio aos sonhos. Já a segunda possui letra potente, que atravessa desejo, medo, culpa, amor e esperança, em sintonia com a bela melodia. Um dos pontos altos: “Eu preciso tanto das pessoas, eu preciso tanto disso / Meu submarino sou eu, minha força de sonhar sou eu também”.

Percurso diverso

O universo de Giovani é amplo. Vai nas camadas sensitivas surreais em Rosa Sol e indica os caminhos futuros em Festa de Judas. “Essa é uma doideira, tem um deboche. É contra a judaria de verdade”. Traz uma onda nonsense presente também no título Japanese Food. Ele fez primeiro o beat, depois as outras partes.

Santa Fé se aproxima da anterior no tema. “Na minha música tem um bocado de Deus”, brinca. “Mas é um Deus como unidade, o que você quiser”, completa. Na linha do baixo, uma nítida influência de Itamar Assumpção.

Eu Não Presto, do cineasta e compositor Caio Araújo, já foi samba-reggae, agora não é mais. Mas o ritmo baiano ainda está lá no fundo. A seguinte, Cantoria, expôe as fases de mudança, ou melhor, um eu em emancipação. Giovani se coloca na cruz em Estrada Provisória, que reitera as referências mineiras do Clube da Esquina.

No final, Crimes da Terra. “É uma música que fala das nossas relações, de como a cidade embrutece a gente”, afirma.

Após a estreia do show do disco, Giovani embarca para São Paulo. Pretende ficar na capital paulista até junho. Depois quer rodar o Brasil, chegar a cada canto. Ele diz que enxerga no rap o que há de melhor em letra na música brasileira atual e comenta o momento de Salvador.

“Nunca estive tão feliz com o que está sendo produzido aqui”. Cita o rapper baiano Dark, as cantoras Jadsa Castro e Lívia Nery, o trio Tropical Selvagem e o grupo Attoxxa, que mistura pagode e eletrônico. Opina: “Chegamos a um alto nível de sofisticação no nosso mercado sem precisar das gravadoras”. De fato, estamos muito bem. Com Japanese Food, mais ainda.

Serviço

O quê: Giovani Cidreira / Japanese Food / Projeto Natura Musical / Balaclava

Preço: não definido

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