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26/08/2023 às 0:30 | Autor: Chico Castro Jr.

MÚSICA QUE TRANSCENDE

JAM no MAM celebra 24 anos de som neste sábado

Trio francês Rrêve Sélavy se apresentará como convidado

Jam no Mam
Jam no Mam -

Verdadeira instituição musical baiana, a JAM no MAM completa 24 anos de muito jazz e improviso no cenário mágico do Solar do Unhão. Como festa de aniversário boa tem que ter convidados, além do público, o evento e a banda residente, Geleia Solar, recebem o trio francês Rrêve Sélavy. O som rola hoje, a partir das 18h, no mesmo bat-local de sempre.

Formado pelo baterista Nicolas Pointard, o contrabaixista Frédéric B.Briet e o clarinetista Christophe Rocher, o Rrêve Sélavy é um “braço” de um coletivo maior, o Ensemble Nautilis, que reúne oito músicos, atualmente rodando pelo Brasil, juntos e separados.

Hoje, o RS mostrará ao público da JAM um pouco da música que cria, sempre trafegando pelo jazz e pelo experimental. Ontem à noite, eles já passaram pelo Jazz na Avenida, casa/coletivo liderado pelo baterista conterrâneo Laurent Rivemales. “Tocaremos a nossa música, que em parte é feita por peças compostas por cada um dos músicos e na outra parte totalmente improvisada. Atribuímos grande importância à improvisação, que é uma forma direta de nos conectarmos com o momento presente”, conta o clarinetista Christophe Rocher.

“Passamos da improvisação à escrita sem premeditar, porque procuramos sempre surpreender-nos. Neste trio, temos em comum a cultura do jazz tal como o praticamos na Europa, e podemos também percorrer um jazz standard. Nesses dois shows em Salvador, convidamos a cantora e dançarina canadense Susanna Hood para se juntar a nós”, acrescenta o músico.

Naturalmente, como todo artista que se respeita, Rocher rejeita rotular sua música. Para ele, o termo “experimental”, por exemplo, é totalmente equivocado: “’Experimental’ não é um rótulo, na minha opinião, mas sim uma atitude, uma abordagem, não reflete um estilo ou uma corrente musical”. observa.

“Tocamos jazz no sentido de misturarmos influências e certas correntes da música africana, da música europeia, do continente americano e outras músicas de ontem e de hoje, ao mesmo tempo em que desenvolvemos a nossa linguagem própria, íntima e comum. Vivemos numa região da França onde a música está muito presente sob influência celta, ela também nos alimenta. Por fim, a experiência é criar ao vivo em cada concerto um elo entre nós e as pessoas que nos ouvem. Pode aparecer um padrão ou uma melodia que nos é cara”, avisa Rocher.

Em seu giro brasileiro, o trio tem colaborado com diversos músicos, uma oportunidade de crescer ainda mais a gama de influências que o move. “Estamos no Brasil há quinze dias. Atravessamos diversas regiões e já conhecemos vários músicos antes de chegar em Salvador. Descobrimos muita música brasileira diferente. Todas são a expressão de uma mistura de culturas e povos que compõem este imenso país. Então, sim, somos porosos com o que ouvimos e vivemos com as pessoas aqui. Estamos no início de uma colaboração com artistas brasileiros, já estamos construindo as bases de uma história comum”, diz.

O patrocinador é o público

Guerreiros incansáveis da música instrumental na Bahia, os membros da Geleia Solar e sua produtora Cacilda Póvoas contam que, hoje, a JAM no MAM se mantém exclusivamente da renda gerada pela venda dos ingressos: “Desde julho do ano passado estamos realizando a JAM no MAM apenas com recursos da bilheteria. O público é o nosso patrocinador. Podemos dizer que completamos 24 anos de existência graças ao público que abraça a JAM no MAM com tanto carinho”, conta Cacilda.

“Algumas pessoas, sabendo da nossa batalha, fazem questão de comprar ingressos do terceiro lote, mesmo antes de esgotar os primeiros lotes, porque sabem que eles são os patrocinadores desta jam session tão querida”, relata.

Vale notar o luxo que é um evento como a JAM estabelecido em Salvador, dadas as condições lembradas por Cacilda: “Temos que lembrar que a música instrumental é apreciada por uma pequena parte da sociedade e essas pessoas que apreciam essa música estão presentes em todos os estratos sociais, mas são relativamente poucas. Quando você dedica seu tempo a uma linguagem artística que não tem grande popularidade, você está sujeito a esse desafio. Sabemos disso, encaramos o desafio e o nosso público nos diz que valeu e vale à pena”.

Passando a régua, o baterista Ivan Huol antecipa o prazer de improvisar no MAM: “O impacto de tocar num local tão bonito propicia uma experiência única, especialmente para grupos de fora. Sempre, após o show de abertura, os convidados são instados a seguir tocando, dentro da jam session. Coisas incríveis acontecem nessas participações com os músicos da Geleia Solar”, conclui Ivan.

JAM no MAM de Aniversário / Hoje, 18h / Pátio do MAM Bahia Ingressos de R$ 5 a R$ 40. Vendas apenas na bilheteriavirtual.com.br

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