LUTO
Morre Missinho, primeiro vocalista da banda Chiclete com Banana
Causa da morte foi falência múltipla dos órgãos
Por Da Redação
Primeiro vocalista da banda baiana Chiclete com Banana, Missinho morreu nesta quinta-feira, 16, em Salvador. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos, segundo a família. Ele tinha 64 anos.
O artista deu entrada no hospital Roberto Santos, em Salvador, no início de maio com uma crise renal. Ele ficou 15 dias internado e teve o quadro agravado devido a diabetes.
Antes disso, Missinho já tinha ficado hospitalizado três meses no Hospital Metropolitano de Lauro de Freitas e no Hospital Sagrada Família.
O artista comandou o grupo a partir de 1981 e em 1986 decidiu seguir carreira solo. Em seguida, Bell Marques assumiu os vocais até 2014.
Autor de sucessos
Missinho é autor de sucessos como “Jamaica”, “Tiete do Chiclete”, “Lua Menina”, “Olhos da Noite”, “No Lume da Fogueira”, “Sementes” e “Mistério das Estrelas", lançados nos anos 1980 e que fazem parte do carnaval de Salvador até hoje.
Ele decidiu sair do Chiclete com Banana aos 25 anos, quando a banda passava por uma ótima fase de crescimento. A saída foi motivada por “insatisfações pessoais”.
Carreira
Em entrevista ao Portal A TARDE, em 2013, o artista, que mantinha uma vida reservada e longe dos holofotes, relembrou a carreira e os carnavais que participou. À época ele disse que a festa baiana não era mais a mesma e aos poucos tem perdido sua magia.
“Existia uma espontaneidade muito grande que está morrendo. Não falo por saudosismo, mas com um sentimento de quem está vendo isso se perder”, comentou. Para o cantor o carnaval estava perdendo suas características mais marcantes, que seria a de uma festa popular. “Tenho uma pena muito grande do Carnaval e do povão que vai às ruas. Hoje o que vemos é um Carnaval feito para a elite”, disse.
Das lembranças vividas na folia, Missinho disse que teve a honra de tocar com Osmar Macedo, inventor do trio elétrico ao lado do amigo e parceiro Dodô (Antonio Adolfo Nascimento). Ao ser perguntado se ele tinha o desejo de tocar novamente com alguém, Missinho disse que era um desejo impossível, pois apesar de ter conhecido grandes artistas e músicos, a companhia que gostaria de reencontrar em cima dos trios era a de Osmar.
“Ele é uma figura que deixou uma saudade muito grande. Tinha uma juventude arrebatadora. Eu tinha uns 20 anos quando toquei com ele e ficava olhando, observando e admirado sua energia. Me apaixonei de primeira pela aquela emoção. Me perguntava como ele podia ter aquela energia toda? Depois eu mesmo me respondia dizendo: poxa, um cara que inventou o trio elétrico tinha que ser assim mesmo”, disse aos risos e lamentou: “Ele faz falta no Carnaval”.
Passagem pelo Chiclete
Quando o assunto foi a sua passagem pelo Chiclete com Banana, uma das bandas baianas mais consagradas, Missinho falou com tranquilidade e diz que em nenhum momento lamenta ter deixado o grupo, em 1986, durante a micareta de Feira de Santana. “Saí por que queria fazer outras coisas, sons novos, diferentes e foi o que fiz. Minha viagem era outra. Foi melhor assim”, explicou o cantor, que em carreira solo lançou o LP “Neons Do Guetos” e vendeu 100 mil cópias, conquistando o disco de ouro da carreira.
Missinho não se considerava um músico do Axé Music. Ele prefere ser lembrado como carnavalesco, pois, apesar de suas composições serem sucessos no gênero musical, prefere não rotular seu trabalho. “Tenho composições bem diferentes, gosto de fazer coisas diferentes, por isso prefiro não classifica-las assim”, explicou.
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