MÚSICA
“Nunca expus minhas vulnerabilidades como nesse álbum”, diz Luísa Sonza sobre “DOCE 22”
O último ano não foi nada fácil para a cantora e compositora Luísa Sonza. No centro de polêmicas envolvendo o ex-marido, o comediante Whindersson Nunes, a artista foi vítima de ataques de ódio na web e precisou passar um período longe das redes sociais para poder cuidar da saúde mental.
A experiência traumática, no entanto, serviu como combustível para a artista em seu segundo álbum, "DOCE 22”. A produção, de 14 músicas, que explora toda a intimidade de Sonza com faixas sobre a vida pessoal dela, foi lançada no último domingo, 18, aniversário de 23 anos dela para marcar a mudança de idade.
Em coletiva para apresentar o novo trabalho, Luísa diz que foi difícil expor os medos nas letras das músicas. Duas faixas, “Penhasco” e “INTERE$$EIRA” fazem referência ao relacionamento com Whindersson. Segundo a cantora, a primeira música foi escrita durante uma viagem de avião logo após o rompimento com o ex-marido. Na letra, ela diz ter sido empurrada de um penhasco enquanto tentava segurar a mão de alguém e afirma que ainda ama o ex: “Cê sabe bem quem eu sou. Sabe que se chamar, eu vou”.
Já em “INTERE$$EIRA”, a loira reflete sobre os ataques recebidos na web. A imagem de divulgação da canção, inclusive, faz memória a data em que se separou de Whindersson. “Sem talento, sem graça, forçada, como amiga, com milhões dizendo que eu não valia nada”, diz a letra.
“O lançamento é assustador porque nunca coloquei meu pezinho na vulnerabilidade desse jeito. Nunca fui assim, principalmente dentro da minha música”, afirmou Luísa na coletiva. Ela disse ainda que a pausa não foi suficiente para se recuperar das ofensas na web e que até hoje trata a depressão, pânico e ansiedade. “ Eles não sumiram de uma hora para outra”, lamenta.
Para compor o projeto, Luísa usou suas principais referências musicais como o cantor Lulu Santos, com quem divide os vocais na última música do álbum. Seguindo a recente onda de ode aos anos 2000 ela mergulhou no período para conceber a estética visual, trazendo sua própria versão de um período marcado por divas pop, como Britney Spears e Christina Aguilera. Os títulos das canções são repletos de personalidade ao fazerem memória aos chamados “emoticons”, que precederam os emojis na linguagem informal na internet.
A história e a personalidade da cantora são explorados na divisão do álbum em dois lados. O lado A, mais dançante e animado, investe na ousadia, sensualidade, e traz seis músicas, entre as quais, “INTERE$$EIRA”, “2000 s2” e “CAFÉ DA MANHÃ ;P”, primeira parceria de Sonza com a cantora Ludmilla, além de “MODO TURBO”, hit lançado como single no final de 2020, com Anitta e Pabllo Vittar.
Também fazem parte deste lado dois feats internacionais: “VIP *-*”, com o rapper americano 6lack, e “ANACONDA *o* ˜˜˜”, parceria com Mariah Angeliq, americana que é uma das recentes revelações do reggaeton e trap latino.
Já o Lado B de “DOCE 22”, mais sensível e melódico, mostra uma face mais vulnerável e
intimista, ressaltado nos títulos redigidos com letras em minúsculo. Estão presentes as canções “penhasco.” + uma parceria com o cantor Jão, na faixa “fugitivos :)”, além de
“melhor sozinha :-)-:” e “caos/flor ***”.
A relação de afeto e parceria com o pai também inspirou uma das canções. Na faixa
“o conto dos dois mundos (hipocrisia)”, a cantora fala sobre a saudade da vida calma que levava no interior do Rio Grande do Sul antes da fama, ao mesmo tempo em que revela um certo desajuste em relação ao seu lugar no mundo. Com Lulu Santos, ela canta “também não sei de nada :D”, faixa que encerra o álbum.
Porém, apesar de estarem indicadas na tracklist de “DOCE 22”, as parcerias com Ludmilla, Jão e 6lack nas faixas “CAFÉ DA MANHà ;P”, “fugitivos :)” e “ANACONDA *o* ˜˜˜”, respectivamente só sendo lançadas posteriormente.
Os videoclipes de “VIP *-*” e “Melhor Sozinha :-)-:” contam com direção da própria Luísa. No primeiro, ela reforça o empoderamento feminino e o lado empreendedor das mulheres. Já em “Melhor Sozinha :-)-:” é possível observar uma Luísa vulnerável diante de um novo amor.
“DOCE 22 me representa por inteiro com 22 anos. Eu valorizo muito o lado B das pessoas e fico feliz em estar expondo o meu. Acho que é um passo para uma nova era, uma Luísa mais sincera consigo mesmo, estou me permitindo ser vulnerável, ser fraca, ele é importante por me deixar permitir”, ressalta a cantora que diz ainda que não quer que as pessoas pensem que ela está triste. “Calma, é só eu com 22 anos”, diverte-se.
No comando
Além de compor todas as músicas e cantar, “DOCE 22” marcou a estreia de Sonza na direção, como produtora musical do álbum. Ela também assinou o roteiro, a direção criativa e a codireção de dois clipes do projeto, “VIP *-*” e “Melhor Sozinha :-)-:”.
“Pra mim não é só na poesia que os sentimentos são expressados. Às vezes a gente se limita, mas pra mim, a música vai muito além da letra. Me tornar produtora do meu próprio disco me possibilitou expressar mais um pouco do que eu estava sentindo. Foi algo que veio muito natural dentro da minha necessidade e com certeza vou levar isso para os meus próximos trabalhos. Tenho certeza que sou uma artista muito melhor e mais completa no final deste álbum do que no início dele”, disse ela ao Portal A TARDE.
Porém, apesar de toda a expectativa, Luísa afirma que ainda sente medo sobre como o álbum será recebido, especialmente com relação às faixas que falam mais abertamente sobre sua vida. “Fui muito sincera em cada música, foi inconscientemente. Tudo o que eu estava sentindo nesse ano de 2020, que foi muito louco, tanto no bom sentido quanto no péssimo sentido, eu coloquei pro mundo. Tenho medo por estar lançando, mas também estou só seguindo meu coração, minha intuição e isso assusta”, afirma.
“DOCE 22” já está disponível nas plataformas de streaming. No Spotify, Luísa é a primeira artista brasileira a adotar o formato “Enhanced Album", uma tipo novo de playlist multimídia que apresenta uma experiência digital com recursos visuais e vídeos. Os fãs terão acesso exclusivo a histórias (comentários pessoais escritos nas 14 faixas do álbum), audioliners (interlúdios de áudio imersivos) e canvas (loops de vídeo verticais de 8 segundos em cada faixa).
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