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ENTREVISTA EXCLUSIVA

"O Nordeste abraça a tradição do forró", diz Adelmário Coelho

Cantor fala sobre as tradições nordestinas no São João da Bahia, sobre sua trajetória e o novo lançamento

Por Felipe Sena

05/05/2023 - 7:00 h | Atualizada em 05/05/2023 - 13:08
Adelmário Coelho lança nova música e se prepara para o São João 2023
Adelmário Coelho lança nova música e se prepara para o São João 2023 -

Na voz de Adelmário Coelho, conhecido como o “O Forrozeiro Brasileiro”, foi lançada a música “Um metro e sessenta”, voltada para a “galera forrozeira". Ele explica que a composição é inspirada na própria esposa, a Marinalva, e em todas as mulheres que medem um metro e sessenta, menos ou “mais um pouquinho”.

A canção está em todas as plataformas digitais e percorrendo as rádios do Brasil. Essa é uma dentre as dezenas de sucessos do cantor, a exemplo do autoral “Não fale mal do meu país”, que chegou às rádios por meio de um "acidente". Isso e muito mais você confere na entrevista exclusiva do cantor ao Portal A TARDE.

Portal A TARDE: Adelmário, percebi que você já é atração confirmada no “esquenta” do Forró da AABB, que acontece no dia 12 de maio. Como estão suas expectativas para o São João de 2023? Há outros shows confirmados?

Adelmário Coelho - É uma alegria participar de mais um ano da edição do Forró AABB. Aliás, eu já participei de muitas edições. O Forró da AABB é um marco cultural aqui em Salvador e só a decoração que eles fazem nos remete muito às festividades juninas do Nordeste. Show já deve ter uns cinquenta [risos]. Até julho já estou com a agenda toda arrumada e agora fazendo planejamento.

Portal A TARDE: Qual a importância que o São João tem em sua vida?

Adelmário Coelho - Eu tenho um compromisso muito fiel à cultura popular nordestina, ao nosso forró, desde criança, no meu Barro Vermelho [cidade localizada em Curaçá, na Bahia]. O forró sempre foi o meu gênero musical predileto e preferido. Então tem uma importância sim, de uma grandeza extraordinária, defendo o forró por amor, por gostar e entender o valor que tem a cultura. E, independente de sazonalidade, estamos na luta, no dia a dia, tentando amplificar para outros recantos do país o nosso segmento musical forrozeiro.

Portal A TARDE: Você lançou uma nova música: “Um metro e sessenta”, que no seu enredo traz a história de um homem que tenta reconquistar a “sua pequena”, ou seja, sua amada. Como que aconteceu a produção musical da canção?

Adelmário Coelho - Essa canção é do meu querido amigo, Samir Trindade, um poeta aqui de Salvador, que eu já gravei algumas canções, e Luciano Chaves. Também foi feita com meu produtor, Felipe Júnior, que me acompanha há mais de 20 anos. Ele é de Timbaúba, no Pernambuco. Produziu para mim e continuou produzindo desde o início das nossas gravações, e Jefinho Dias, que hoje é meu diretor musical. Também com a minha banda, intercalando com músicos de Timbaúba. Aí, finalizamos a produção nessa troca de ideias para fazer o melhor, porque quando uma música vem crua, realmente é preciso ter muita habilidade e sensibilidade. Como dizem: “aquela noiva que acorda, que vai ser arrumada, colocar o vestido, para ficar prontinha e casar”, ou seja, é um processo, e isso acontece exatamente com a música. Quando ele [Samir] me mandou a música pelo “zap”, eu pensei logo em minha esposa Marinalva [riso].

Eu olhei para ela e disse: “eu vou gravar essa música aqui”. Ela olhou para mim e deu risada. Eu formatei a ideia de querer homenageá-la de uma forma muito bacana. Porque ela tem exatamente a característica da música, como grande mulher que ela é. Durante essa jornada, ela esteve sempre ao meu lado, me dando força, me dando ânimo, me dando motivação. Ela tem a personalidade de ser “mandona”, teimosa e acima de tudo, mede 1,60cm. A música já está em todas as plataformas e estamos agora no processo de envio para todas as rádios também.

Para o show, formatamos [com nossa produção] uma homenagem que busca presentear as mulheres que medirem exatamente 1,60cm. Nós produzimos um totem e vamos chamar três mulheres ao palco. Aquelas que me medirem 1,60cm, serão homenageadas. É uma forma de presentear as pessoas que sempre acompanharam a gente.

O gosto e essa relação com o forró, vem de criança, de berço mesmo

Adelmário Coelho - artista

Portal A TARDE: Quais suas expectativas com relação ao processo de recepção do público com a nova música?

Adelmário Coelho - A música foi lançada em todas as plataformas dia 28 de abril e agora nós estamos na dinâmica de divulgar onde for possível, o que é um trabalho complexo e tem que ser devagar mesmo, embora hoje nós tenhamos a velocidade da internet, coisa que no início não tinha. Antes tinha que pegar um trabalho desse e colocar no correio, esperar que a rádio recebesse. Hoje em um segundo, você coloca-a no mundo, mas a nível de rádio, também é possível, ir colocando, reforçando, pedindo e a gente já percebe que ela tem uma aceitação. Eu faço votos que agrada a galera forrozeira.

Portal A TARDE: O forró é o gênero musical clássico do São João e o que marcou a sua trajetória e carreira. Desde quando surgiu a sua relação com a música?

Adelmário Coelho - O gosto e essa relação com o forró, vem de criança, de berço mesmo, lá de Barro Vermelho, Curaçá, minha cidade natal, mas eu nasci no distrito, no Norte do estado. Então desde menino, já ouvia forró nas rádios de Barro Vermelho e evidentemente eu não tinha e nunca idealizei ser um defensor da cultura. Meu sonho inicial, na juventude, era servir ao exército. Eu saí de Barro Vermelho, vim para Salvador e fui servir ao exército, depois me tornei Cabo do Exército, cargo em que fiquei por seis anos, depois fui para o Polo Petroquímico de Camaçari. Somente depois de 20 e “poucos anos”, é que eu fui me encontrando com a música, de um forma acidental, apesar que o forro fosse a minha preferência musical.

Em 1973, 1974 e até os anos 80, tinha um restaurante no bairro de Itapuã, que chamava-se “Uauá”. Só existia isso aqui em Salvador no gênero musical [forró]. As rádios não tocavam. Mas tinha esse bar que acolhia pessoas que amam forró e eu me entrosei com aquela galera com o intuito de matar essa sede pelo forró, de dançar forró, nos finais de semana, mas não tinha ideal nenhum cantor para estar dentro desse gênero. Somente em 1994, quando eu fui a Caruaru, compus uma música. Falei para Marinalva: “eu vou fazer uma música para a galera do restaurante”. Ela ficou sem entender muito bem. Quando eu cheguei num estúdio em Caruaru para gravar uma música.

O dono do estúdio, Edson Lima. Ele me ouviu cantando e propôs gravar um vinil, que em Caruaru já fabricava. Incrível a gente pensar nisso em uma cidade como Caruaru, naquela época e a inteligência desse rapaz. Quando ele me disse que era para gravar, eu disse: “eu só tenho essa aqui que eu quero gravar”. Ele disse: "você está na terra do forró. Não se preocupe, que vamos conseguir música para você”. Ele chamou o compositor, eu gravei meu primeiro LP, que intitulei “No Balanço do Forró”, canção de Anildo Almeida que é um dos maiores compositores do gênero no Brasil e aí começou o namoro.

Portal A TARDE: “Não fale mal do meu país” foi um marco de muito sucesso na sua carreira, mas que veio através de um acontecimento ruim, quando o caminhão que transportava os 3 mil exemplares do seu álbum foi saqueado. De antemão, como se sentiu naquele momento e como foi o estrondoso sucesso logo depois?

Adelmário Coelho - Depois da gravação desse vinil, que foi quando retornei para Salvador, eu trabalhava no Polo [de Camaçari], aproveitei uma folga e comecei a distribuir esse vinil na região de Juazeiro, minha região de criação, Petrolina e Campo Formoso. Aqui em Salvador, eu sabia que eu não tinha espaço e não existia espaço no sistema de comunicação. Quando o vinil chegou nas rádios, eu percebi que ali existia uma luz no fim do túnel. Em 1995, eu voltei a Caruaru para gravar o segundo vinil. Eu já tinha preparado um repertório e a música “Não fale mal do meu país” não estava nessa relação. Mas encontrei um compositor que não conhecia, João Caetano. [Naquela época] tinham compositores, cantores se comunicando. E normalmente eles iam oferecer música aos cantores, aos intérpretes. E ele [João Caetano] veio a mim. Ele cantou a música “Não fale mal do meu país”.

Quando ele cantou, eu falei: “posso gravar?”, ele disse: “pode. É sua, vamos lá, vamos gravar”. E eu gostei muito dessa música, falando desse patriotismo, desses valores. Gravei, finalizei o CD e mandei prensar 3 mil cópias em São Paulo. Vinha um caminhão para Salvador, trazendo as mercadorias. As minhas 3 mil cópias de CD, ele tombou e foi saqueado. A obra divina é uma senhora, passando no local. Eu digo que a hora divina é a hora de Deus, porque ela pegou alguns CDs meus e levou até a rádio Porto FM. Um rapaz, Charles, que era locutor na época na rádio, testemunhou o fato, hoje ele é diretor. Ele está lá para comprovar essa história. Quem quiser ir em Porto Seguro [riso] na Rádio Porto FM, procurar quem é Charles e perguntar o que ele me disse. Ele começou a tocar e essa música começou a explodir na Passarela do Álcool.

Eu consegui pegar até CDs piratas, porque Porto Seguro, mesmo dentro do estado da Bahia, nunca teve uma tradição junina, de forró, sempre foi mais no norte. Hoje, já tem o São João, mas naquela época não fazia, porque era um alvo mais turístico. E foi marcante, muito significativo para mim, me apresentar como forrozeiro para a nação forrozeira.

Eu tenho um compromisso muito fiel à cultura popular nordestina, ao nosso forró

Adelmário Coelho - artista

Portal A TARDE: Para você, qual música mais marcou sua trajetória como cantor, e por que?

Adelmário Coelho - Inegavelmente “Não fale mal do meu país”. É tanto que com essa mensagem de brasilidade, eu comecei a gravar várias músicas desse mesmo compositor, João Caetano. Quando o Brasil completou 500 anos: “Foi lá em Porto Seguro, em 22 de abril, que Pedro Álvares Cabral, o Monte Páscoa descobriu. A Terra de Santa Cruz festeja no ano 2000” [canta]. Foi no ano 2000, quando completou 20 e 'poucos anos' atrás, que eu gravei “Quinhentos Anos de Brasil, Vamos Dar as Mãos”, inclusive, todas dele. Até que passaram a me chamar “O Forrozeiro, Brasileiro”, alguma coisa assim [riso]. Vieram outras depois: “O neném”, “Amor não faz mal a ninguém”, “Quando o coração quer”, “Conselho a filho adulto” e outras dezenas.

Portal A TARDE: A sua cidade natal, Curaçá, no norte da Bahia, tem uma relação intrínseca com as composições e músicas que canta? Qual a importância do Nordeste para sua história profissional?

Adelmário Coelho - Sim. A minha cidade nordestina tem uma tradição muito grande da Festa dos Vaqueiros. Agora já se faz mesmo o São João, meu interior sempre festejou o São João, então essas músicas, embora muito sazonais, sempre foram relevantes para a nossa região e o Nordeste, que eu diria, é um pedacinho do Brasil. [...] [Região] que abraça de uma forma carinhosa, pela tradição, pelas nossas identidades culturais, das festas juninas acontecerem mais aqui. Hoje, até se espalha um pouquinho mais, mas não tem o glamour, a força, o grande volume que acontece no Nordeste.

Aqui é um grande arraial, são uns oito, nove estados no Nordeste que fazem as festas, especialmente aqui na Bahia, onde temos o melhor São João do Nordeste. Está com 417 municípios, uma demanda muito grande. Uma procura muito grande por artistas. E esses artistas, inclusive, amigos e amigas de fora, vem todos para a Bahia, porque o estado tem geograficamente esta dimensão de ter uma grande oferta. Então, eu diria que o Nordeste é o nosso país forrozeiro.

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