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MÚSICA

O tal universitário que caiu no gosto dos jovens

Por Bárbara Silveira

15/01/2013 - 0:33 h
Kart Love
Kart Love -

Amor, sofrimento e festas. Segundo Kart Love, o príncipe do arrocha, esses são os três elementos que não podem faltar em uma música do tal arrocha ou sertanejo universitários, ritmos que conquistaram os jovens do Brasil. Em Salvador, casas de shows já se especializaram nos ritmos, e reservam ao menos um dia na programação para o tal do universitário.

Para o estudante de Engenharia Civil, Pedro Souza, de 24 anos, o final de semana não fica completo se não tiver um show universitário para curtir. "Já começo a procurar na quinta-feira, pode ser arrocha, sertanejo, ou até um forrózinho, o importante mesmo é a 'sofrência'", se diverte ao expressar um termo criado pelos adoradores do sofrimento nas letras das músicas. Segundo Pedro, as festas com músicas desse gênero ainda possuem um atrativo a mais para os jovens, "é o lugar ideal pra quem quer namorar, tem muita gente bonita e apaixonada, pra que melhor?", conta o estudante.

Um dos preferidos dos jovens é o cantor Kart Love, também conhecido como o príncipe do arrocha universitário. O cantor de 23 anos, cujo nome de batismo é Lucas Karr, era baterista de uma banda de rock antes de resolver investir no arrocha. A mudança o deixou com a agenda lotada, com uma média de 15 shows por mês.

Kart Love define a vertente do ritmo criado em Candeias como universal. "Para mim, universitário vem de universal, de universo, universal pelo fato de você conseguir atingir qualquer tipo de público e de segmento, eu prefiro encarar dessa forma", explica.

Com poucas semelhanças com as tradicionais músicas sertanejas ou com o amor cantado no arrocha, os novos ritmos trazem instrumentos que atribuem ao som uma nova roupagem, se diferenciando ainda mais dos tradicionais, ouvidos até meados dos anos 2000. "O arrocha tradicional usa como base somente o teclado programado, com um violão e alguns instrumentos como saxofone. Já o universitário traz uma maior quantidade, como a percussão, guitarra, sanfona e a bateria", explica o príncipe do arrocha.

Para Berguinho, vocalista da Banda Seu Maxixe, que traz aos palcos sucessos de Chitãozinho e Xororó, Bruno e Marrone e outras duplas, com uma sonoridade diferente da ouvida há 20 anos, as mudanças nas composições das letras e das melodias do sertanejo foram se modificando a tal ponto que, hoje, o sertanejo universitário carrega poucas coisas do tradicional, de raiz. "O clássico, do tempo de Zezé de Camargo, Chitãozinho e Xororó não tem nada a ver com o universitário, acho que a sonoridade e a letra foram os que mais mudaram, a viola saiu e entrou a guitarra, por exemplo", comenta.

Segundo Fabrício Bitencourt, percussionista do Seu Maxixe, a principal diferença entre os ritmos universitários e os tradicionais é a finalidade da música. "Hoje, o sertanejo universitário foi feito para o entretenimento, é o que o axé era antigamente, antes, o sertanejo era um espetáculo para se assistir, hoje não, é para festa, curtição", pontua.

Paradeiro - Para o pesquisador em música da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Armando Castro, o termo universitário foi uma expressão recentemente criada por alguns agentes da indústria fonográfica com fins mercadológicos. "Apesar de estar baseada em ritmos musicais já existentes e conhecidos, sua explosão midiática está muito assentada na parceria destes artistas e empresários com as gravadoras do sudeste do país", explica.

Segundo o pesquisador, essa vertente se torna popular no sertanejo, a partir de hits musicais consagrados no país inteiro nas vozes de Luan Santana, Jorge e Mateus, Michel Teló e Gustavo Lima e se solidificam como fenômeno musical massivo. Porém, o título de pais do sertanejo universitário é atribuído a duplas que apareceram bem antes, César Menotti e Fabiano e os estudantes de odontologia e fisioterapia, João Bosco e Vinícius são alguns deles. No início da década, eles já tentavam a sorte em bares frequentados por estudantes nas cidades de Campo Grande, no Mato Grosso e Belo Horizonte, em Minas Gerais.

Armando Castro explica que é possível estabelecer critérios para definir uma banda como "universitária". Para ele, em geral, os artistas são jovens, e suas músicas apresentam temáticas variadas e situações do cotidiano dos jovens, como festa, bebidas, consumo, universo feminino, a conquista e a paquera.

Berguinho, que procura se desvencilhar do rótulo universitário que a Seu Maxixe carrega, acredita que o termo está destoando do seu real significado ao longo do tempo. "Para mim, a música universitária é aquela que vem literalmente da universidade, como bandas como o Falamansa, que começou neste meio mesmo, eu acho que as bandas formadas por jovens que foram sendo criadas depois disso pegaram esse gancho e embarcaram no termo", explica.

Para o pesquisador, em uma só música você pode perceber elementos rítmicos e melódicos do axé, do samba-reggae, do vaneirão, do arrocha, do pop e da música eletrônica. "O intuito é a animação, o agito, além de suas gravações estarem em bits muito rápidos, favorecendo a dança, a corporeidade, elementos que os aproximam, consideravelmente, do axé-music, inclusive", explana.

Segundo Armando, o futuro das novas vertentes ainda é incerto. Segundo ele, apesar de ser um produto extremamente lucrativo para artistas, gravadoras e casas de shows, a permanência dos novos ritmos no mercado ainda não pode ser confirmada. "Só o tempo poderá responder... É um movimento musical desprovido de manifesto, mas agenciado por grandes e experientes profissionais do entretenimento", explica.

Fabrício Bitencourt acredita na renovação das músicas, que segundo ele, tendem a se aproximar mais dos tradicionais. "Os artistas estão tendo saudade do romântico. A tendência do universitário é voltar ao romântico, todo mundo procura um lugar ao sol falando de bebida, carro, mulher, mas a origem é o amor", acredita o músico do Seu Maxixe. Para Kart Love, o que vai definir a permanência das novas bandas no cenário da música é a qualidade. "Tudo que tem qualidade vai continuar. Eu acho que a música romântica não tem prazo de validade, é uma coisa sempre atual. Se fizer um trabalho com qualidade eu acho que permanece", explica.

Se depender do público, muitos carros ainda serão "homenageados" nas músicas. "Acabar? Nosso Deus do céu, faz isso não, tem que continuar, ainda não tem uma música do meu carro, pode acabar não", usa como argumento o estudante de engenharia civil.

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