INVASÃO BRITÂNICA
‘Osba no Vila’ faz um ‘Passeio Inglês’ no teatro do Passeio Público
Apresentação acontece apenas nesta sexta-feira, 15, e sábado, 16
Por Tiago Freire*
Com algumas das mais célebres peças da música clássica inglesa, a Orquestra Sinfônica da Bahia fará nesta sexta-feira, 15, e no sábado, 16, a segunda edição do projeto Osba no Vila. Com o tema Um Passeio Inglês, o programa traz apenas compositores ingleses. O concerto será realizado no Teatro Vila Velha e conta com a regência do maestro convidado Felipe Prazeres e com a participação do spalla da OSBA, o violinista chileno Francisco Roa, como solista.
Os ingressos para a OSBA no Vila estão sendo vendidos a exclusivamente de forma on-line, pela plataforma Sympla, pelos valores de R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).
Por meio de Um Passeio Inglês, temática desta apresentação, o concerto traz no programa obras de compositores da Inglaterra: a abertura da ópera O Rei Arthur, de Henry Purcell (1659-1695); o Concerto para Violino Nº 1, Op. 15, de Benjamin Britten (1913-1976); além de Variações Enigma, Op. 36, de Edward Elgar (1857-1932).
A regência da apresentação será do músico carioca Felipe Prazeres, atual maestro titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e também regente e spalla da Orquestra Petrobras Sinfônica.
Para o maestro convidado, esta apresentação é uma boa oportunidade de conhecer e contemplar estes três grandes compositores da música de concerto nascidos na grande ilha do norte.
“Estamos fazendo um concerto em homenagem a três compositores ingleses icônicos, cada um de uma época. Purcell foi o principal barroco inglês. Elgar foi considerado um pós-romântico de enorme importância. Já Britten é considerado o maior compositor do século XX”, detalha Felipe Prazeres.
A escolha de músicas não vem por acaso. Prazeres ressalta a história da música clássica inglesa e suas peculiaridades em relação à de países da Europa Continental, como França e Alemanha.
Apesar de ter tido músicos na chamado período Barroco e ao fim do Romantismo, o Reino Unido não vivenciou outros movimentos, como o Classicismo e o Romantismo propriamente dito.
“Houve um grande buraco na história da música, em especial no período romântico, pós barroco, no período clássico e início do período romântico. Nele você tinha figuras como Beethoven e tantos outros compositores que vieram da Alemanha, mas a Inglaterra não participou muito desse movimento, veio só com Elgar. O que diferencia é que não houve de fato essa experiência inglesa no decorrer do período clássico e romântico”, explica o maestro.
“Isso se reflete no show, a gente começa no barroco e dá esse grande salto para o fim do XIX e começo do XX, refletindo a experiência inglesa”, conta.
Concerto Para Violino
Um dos destaques do concerto será o violinista Francisco Roa, solista no Concerto para Violino N. 1, Op. 15, de Benjamin Britten. Composta entre 1938 e 1939 e com estreia em 1940, que presta uma homenagem aos mortos da Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
“Britten compôs esse concerto em plena Guerra Civil Espanhola e já previa, já vinha com esse pensamento pessimista para o futuro, que era a Segunda Guerra Mundial”, pontua Felipe.
“Ele foi quase obrigado a terminar o concerto nos EUA, ele era um pacifista nato e homossexual assumido, coisa que naquela época era impensável. Você consegue observar nessa peça o embate da orquestra, quase como se fosse uma máquina de guerra e o solista como um soldado perdido dentro dela, sem esperança”, descreve o maestro.
Esse forma única da peça também foi um grande chamativo para Francisco Roa, que desde que conheceu o trabalho de Britten e em especial o Concerto Para Violino sente uma grande vontade em poder performa-lá e celebra a chance em Um Passeio Inglês.
“Conheci o Concerto Para Violino de Britten por volta de 2009-2010. Quando trabalhava no Rio, eu tinha um colega que tinha feito uma assinatura no Digital Concert Hall da Orquestra Sinfônica de Berlin e eu estava na casa dele após uma apresentação e ele me apresentou a esse concerto de Britten e foi algo que me apaixonou logo de começo. É um concerto que tenho em mente desde então e tenho buscado a chance de poder ser solista nele desde então”.
Novo capítulo com a OSBA
Por fim, Felipe Prazeres também ressalta a possibilidade de trabalhar novamente com a OSBA, destacando as diferenças entre o trabalho como corpo artístico da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal. Também relembra alguns trabalhos anteriores com o grupo e compartilha expectativas para a noite.
“A gente sempre pensa na música como essa linguagem universal, que ela vai ser igual independente de onde estamos, mas essa cumplicidade entre maestro e músicos precisa ser construída. Eu estou a um ano no Theatro Municipal, que tem um outro viés completamente diferente, que está a muito serviço da ópera e do balé. A preparação e visão de uma orquestra independente são muito diferentes, mesmo que esteja no palco igual”, enfatiza.
“Trabalhar em uma orquestra sinfônica é priorizar o repertório sinfônico e o maestro não fica escondido e precisa dar conta desse grande repertório sinfônico extremamente desafiador”, observa.
Felipe conta que esta é a sua terceira vez regendo a Osba. “A primeira foi dez anos atrás, quando tocamos na Igreja de São Francisco e vim como violinista também e depois regentei, quando comecei a reger. Depois, em 2019, fizemos um programa muito interessante e tocamos algumas peças extremamente difíceis e hoje eu volto com Um Passeio Inglês com muita felicidade e muita expectativa”, finaliza.
OSBA NO VILA: UM PASSEIO INGLÊS / Sexta (15) e sábado (16), 19h / Teatro Vila Velha / R$ 40 e R$ 20 / Vendas exclusivamente no sympla.com.br
* Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.
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