MÚSICA
Primeiro dia do Afropunk é marcado pela busca da 'reafricanização'
Atrações como Carlinhos Brown e Gaby Amarantos destacaram poder da música para combate da discriminação racial
O primeiro dia da 3° edição do Afropunk Bahia, maior festival de cultura e música negra do mundo, aconteceu neste sábado, 18, no Parque de Exposições, em Salvador. A abertura teve como principais atrações Carlinhos Brown, Gaby Amarantos, Majur e a cantora internacional Victória Monet.
Quem abriu o evento foram os Djs Pivoman e Maninga, do coletivo Baile Quebradaum. Logo após, Gaby Amarantos foi para o palco agitar o público. A cantora trouxe os principais sucessos e fez performances com ajuda dos dançarinos. Ela ainda destacou a importância de ter vencido Grammy.
"É uma indústria racista, que não gosta de mulheres no poder, principalmente mulheres pretas, tem muita dificuldade. Mas a gente fura a bolha", disse a cantora, em discurso feito ainda no palco.
Com um look metalizado e três rostos iguais acoplados na cabeça, a artista também fez uma participação com Majur, que trouxe um corpo de bailarinos, com direito a troca de look.
Luta
Já Carlinhos Brown fez referência a sua carreira e trajetória, com canções que fazem parte do seu primeiro e mais importante, o Alfagamabetizado. Em coletiva de imprensa, o cantor disse que não tem receio de afirmar que foi um dos criadores do axé music.
"Eu clamava por isso, para a gente ter festivais assim, para que a cultura negra reagisse. Quem me conhece, sabe sou afropunk. E não é de agora. Quando gritei 'a namorada, tem namorada', gritei porque já não aguentava os escárnio como algumas amigas minhas da música eram tratadas. O nosso desejo é de reafricanização. Mas não é um processo de separação, mas de criação de um mundo novo, com futuro para o povo brasileiro", disse Brown.
A chamada reafricanização, descrita pelo mestre Brown, está relacionada com as tentativas, pela comunidade de afro-descendentes, de retomada dos valores africanos no que diz respeito ao resgate da toda uma história e cultura da nossa sociedade.
A coreógrafa, dançarina e modelo Lunna Montty, que participa do coletivo LGBTQIA+ Afrobapho, fez uma participação durante a passagem de Majur no palco do Afropunk neste sábado. A artista destacou a importância de pessoas negras e trans no festival.
"Falamos sobre corpos pretos travestis. É importante levar essa presença, performance e meu corpo. O afropunk têm uma dimensão enorme para corpos pretos e artistas. Então é muito importante fazer parte disso e vibrar. O festival ajuda a mostrar que qualquer tipo de corpo pode fazer parte do evento. Quando se fala de uma travesti, se fala de todas as travestis, é sobre essência", diz Lunna.
O sábado também foi animado pelo raper Luccas Carlos, que convidou "O Poeta", com as batidas do pagodão baiano. Assim como as irmãs Tasha e Tracie, que receberam uma das musas do funk carioca, Tati Quebra Barraco. Se apresentaram ainda a DJ inglesa Tash LC e atração internacional Victoria Monet, que fez casais se emocionarem no embalo romântico.
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