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POSSE NA ALB

“Reconhecimento do laço entre música e literatura”, diz Bethânia

Cantora é nova a ocupante da cadeira 18 da Academia de Letras da Bahia

Por João Guerra

03/05/2023 - 21:55 h | Atualizada em 03/05/2023 - 22:19
Maria Bethânia ao ser diplomada na ALB
Maria Bethânia ao ser diplomada na ALB -

Pouco depois das 19h da quarta-feira, 3, no pequeno auditório da Academia de Letras da Bahia (ALB) Maria Bethânia subiu ao palco, desta vez não para cantar, mas para discursar como membro da cadeira 18 da instituição com mais de um século de existência.

“Tá baixo. Alô! 1, 2, 3 ...”, disse a cantora regulando o volume do microfone com sua voz de trovão ao começar a discursar, para o silêncio das autoridades, familiares e confrades e comadres da ALB que a assistiam.

Bethânia abriu o seu discurso citando versos da música “Tudo de Novo”, de autoria do seu irmão Caetano Veloso. “Minha mãe me deu ao mundo, de maneira singular, me dizendo a sentença: pra eu sempre pedir licença, mas nunca deixar de entrar”.

“Entro nesta centenária Academia de Letras da Bahia pelo trabalho que faço com a música e a literatura e com a palavra. Assim, meu agradecimento em primeiro lugar é para os autores, poetas, escritores, de modo geral: aos senhores”, disse a cantora.

A artista santoamarense, durante parte do seu discurso lembrou a trajetória dos anteriores ocupantes do assento que, a partir de hoje passa a ocupar. Lembrou do patrono, Zacarias de Góis e Vasconcelos, baiano, de Valença, que marcou a história como político e escritor no Brasil império.

Lembrou também do fundador da cadeira 18 na ALB, o político e jurista baiano José Joaquim Seabra, que foi precedido pelo professor universitário Augusto Alexandre Machado, pelo arcebispo da Bahia Dom Avelar de Brandão Vilela e pelo professor universitário Waldir Freitas de Oliveira, que ocupava a posição na entidade antes da chegada de Bethânia.

A cantora fez questão de salientar em seu discurso a sua trajetória como cantora de música popular e sua formação como tal, o que a distingue de outros imortais da ALB, que vieram majoritariamente por sua produção acadêmica.

“Eu sou uma cantora brasileira e sei como a música popular pode atingir o povo brasileiro em todas as áreas. Encontrei em meu caminho mestres de teatro que entenderam que a minha expressão mais completa pedia que a literatura estivesse em par com a música. Fui criada em uma casa onde poesia e música eram naturais como respirar. Meu pai gostava de poesia e seus amigos mais próximos eram poetas santoamarenses. Minha mãe trazia de sua infância vivida em casarões de usinas de cana-de-açúcar o drama e o canto. Cresci ouvindo trechos de Árias Norma na linda voz de minha mãe e as marchinhas de carnaval de Carmen Miranda. Como caçula, pude ouvir distraidamente todos os grandes compositores, cantores e cantoras do Brasil daquela época. Caetano, meu irmão acima de mim, me traduzia o que ele ouvia e as minhas próprias escolhas. Caetano sempre foi o meu guia e o meu mestre do meu barco”.

Ainda sobre a sua formação, Bethânia falou da sua chegada a Salvador, vinda de Santo Amaro para estudar na capital baiana e como a escola não correspondia aos seus anseios da artista que existia dentro dela.

“Chegava pontualmente na escola às 7h, mas às 10h já estava na rua com as minhas amigas. Ia para a Cidade Baixa comer ostras ou ir ao cinema na Matinal, mas principalmente para espiar pelas grades as aulas de concentração ou esgrima nos jardins da Escola de Teatro da Bahia. Eu me sentia estranha na escola, ainda que gostasse das pessoas, dos professores e eles gostassem muito de mim. Nas provas de Matemática eu levava zero. Entregava as provas assim que as recebia. Mas gostava das outras matérias. Eu entendia muito rápido e não queria permanecer ali sentada, presa, eu não via sentido naquilo”.

Reafirmando o seu papel como cantora de música popular, a cantora destacou a importância da sua chegada a ALB e o que esse reconhecimento representa.

“Hoje é um dia especial. Esta casa está recebendo, em primeiro lugar, uma mulher. Está reconhecendo os poderosos laços entre música e literatura. Está dignificando um trabalho que não se dá nos livros ou nas universidades, mas nos palcos, nos discos, nos rádios, sem pouso, sem repouso, numa bela e mágica corda bamba, como se a menina de Santo Amaro tivesse enfim realizado o seu sonho: ser trapezista”.

Além disso, a baiana do Recôncavo, de Santo Amaro da Purificação, finalizou o seu discurso falando do que representa para ele ser reconhecida por uma entidade da Bahia.

“Poderia resumir tudo o que disse e tudo o que deixei de dizer reafirmando o meu júbilo por estar nesta casa, na Academia de Letras da Bahia. Para mim a importância de tamanha honraria é exatamente esta: ser uma distinção da terra onde eu nasci, como se eu estivesse sendo recebida em festa em um lugar de onde, na verdade, nunca saí: a Bahia, ‘estação primeira do Brasil’”, finalizou a cantora, citando o início da música de Caetano, “Onde o Rio é Mais Baiano” e sendo aplaudida de pé pelos presentes.

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