MÚSICA
"Temos que respeitar as pessoas”, diz Supla sobre discussões políticas
Por Yuri Pastori | A TARDE BA | Foto: Arquivo Pessoal
O cantor e compositor Supla, 52, desembarca em Salvador nesta sexta-feira, 19, trazendo o show da turnê comemorativa dos seus 30 anos de carreira. A apresentação será no Groove Bar, na Barra. “Vai ser um show bem divertido, que a gente vai contando uma história”, antecipa o “Papito”, que entra no palco quebrando um muro. O artista mostra-se bem politizado por meio das letras que compõe, e está na fase de edição de um DVD gravado no auditório do Ibirapuera, em São Paulo.
No repertório, o “Charada Brasileiro” traz as músicas do 15º álbum da carreira, "Illegal", (álbum duplo, cantado em português e inglês, as mesmas músicas, pois acha importante passar a mensagem seja no Brasil ou fora dele), gravado e distribuído de forma independente. O disco conta com as participações especiais de Edgard Scandurra (IRA!) nos vocais em “Cresça e Aconteça”; Badauí (CPM 22) em “Essa não é a balada do Ed Stab” e Glen Matlock (Sex Pistols) em “This aint the ballad of Johnny Stiff´”. O artista lançou também um DVD comemorando os 30 anos de carreira e o álbum solo Diga o que você pensa.
O clipe da música Illegal disponível no Youtube retrata imigrantes trabalhando no Brasil. A inspiração para compôr a canção veio após uma longa espera para ser liberado pela alfândega em uma viagem aos Estados Unidos (EUA). “O cara da alfândega me deu uma canseira. Disse a ele: Vou trabalhar. Eu posso? Fiquei muito chateado”, contou. A mensagem que quis passar é, segundo ele, o ponto comum de Adam Smith e Karl Marx, que as pessoas devem ter liberdade para ir e vir.
O show conta com os sucessos do Tokyo (banda que lançou o cantor em 1986): Humanos, Garota de Berlin, Metralhar e Não Morrer, as músicas da carreira solo como: Green Hair (Japa Girl), Encoleirado e Motocicleta Endiabrada, além de cover´s de clássicos do: David Bowie, Billy Idol, The Clash e John Lennon. O público também vai conferir sucessos como On My Way e Melodies From Hell do Brothers of Brazil (banda formada com o irmão João Suplicy) e a canção Trip Scene da banda de Nova York Psycho 69, que Supla formou em meados dos anos 90. Os ingressos estão sendo vendidos pelo Sympla e custam: 1º lote R$ 20,00, 2º lote R$ 30,00 e na PortaR$ 40,00.
Livro
Artista versátil, além da música, Supla já atuou no cinema, na televisão, e lançou há dois anos o livro “Supla - crônicas e fotos do charada brasileiro” com o registro de 50 crônicas. “ É agradável de se ler. Por meio de fotos, eu lembrava de histórias e escrevia”, diz. Quando questionado, sobre o que ainda falta fazer na carreira, ele brinca “Vou ser político”. Depois desconversa da ideia, mas diz que pela educação que teve, acredita que seria um bom político. “Tenho bom senso. Acho que as pessoas gostariam das minhas ideias”. E critica artistas que seguem esse caminho. “Fico indignado com o Tiririca”, ressaltou. Supla acredita que o momento que o país vive é muito sério e quem assume um cargo público tem que ter respeito pelo povo.
Filho da senadora Marta Suplicy e do ex-senador Eduardo Suplicy, Supla critica o conservadorismo no mundo e no país. “O povo está muito ignorante de votar num cara desse [Jair Bolsonaro], amigão do Eduardo Cunha. Vai nessa!”. Supla demonstra preocupação e sensibilidade com a onda de violência que virou a disputa eleitoral e lembrou da morte do capoeirista Mestre Moa do Katendê. “Matar uma pessoa por sua posição política? Temos que respeitar as pessoas”. E defende a legalização das drogas, dando o exemplo dos efeitos positivos dessa política no México, onde, segundo ele, reduziu o cartel e a indústria consegue ter lucro. “ Você é que tem que saber o que é ruim pra você. Não precisa de uma babá”.
Confira o clipe da música "Illegal":
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