TEATRO
Eriberto Leão: "Morrison sempre foi um referencial para mim"

Por Eduarda Uzêda

Os fãs do cantor, compositor e poeta norte-americano Jim Morrison (1943-1971), que foi vocalista da banda The Doors e um das figuras mais emblemáticas da história do rock mundial, têm, desta sexta, 23, a domingo, 25, oportunidade de ingressar no universo deste artista iconoclasta que influenciou (e continua influenciando) gerações inconformistas.
Trata-se do musical Jim, que leva ao palco, para viver o personagem icônico, o ator Eriberto Leão, reconhecido pela versatilidade e pelos bons trabalhos no teatro, no cinema e na TV. Autor do projeto sobre Morrison, Eriberto divide o palco com a atriz Renata Guida e os músicos Antonio Van Ahn (teclado), Felipe Barão (guitarra) e Rorato (bateria).
Dirigido por Paulo Moraes, o espetáculo, que será apresentado no Teatro Isba hoje e amanhã, às 21 horas, e domingo, às 20 horas, guarda uma boa surpresa para o público que está acostumado a ver Eriberto na telinha em dramas convencionais.
Irreverência
Postura selvagem e rebelde, atitude indômita, discursos incendiários e entoando ao vivo nada menos que 11 canções clássicas do The Doors, como Ligth My Fire, The End, e Riders on the Storm, Eriberto Leão, tal como Morrison, O Rei Lagarto, se apresenta com performances teatrais recheadas de atitudes do xamã dionisíaco.
O intérprete, que esperou mais de 20 anos para vestir a pele de Jim Morrison, seu ídolo da adolescência, não poupou esforços para mostrar o legado poético e filosófico de Jim, o que inclui influências de Rimbaud, Baudelaire, William Blake e Nietzsche, entre outros.
Loucura
"Você é daqueles que são loucos para falar/ louco para viver/ loucos para se salvar e tudo ao mesmo tempo/ Você é daqueles que jamais bocejam ou dizem banalidades/ Você é daqueles que ardem, ardem, ardem ...."
Esta é uma das falas de Eriberto Leão no musical, que tem texto de Walter Daguerre. O ator representa dois personagens: Jim Morrison e João Mota, fã do vocalista carismático do The Doors.
Na trama, o personagem João Mota, que sempre se identificou com as ideias do cantor, mas tem existência medíocre, pensa, diante do túmulo do ídolo, em se entregar ao jogo de uma roleta russa enquanto faz um acerto de contas com o genial Morrison.
Já a atriz Renata Guida, de acordo com Leão, representa o arquétipo feminino de diversas formas, a exemplo de Pamela Morrison (mulher de Jim) e a ânima do cantor.
Contracultura
Eriberto Leão, que acredita nos valores da contracultura e tem visão de mundo próxima à do roqueiro, conta que desde a adolescência se identifica com o cantor, suas ideias, inquietações...
"Eu sonho com esta homenagem há muito tempo. Morrison sempre foi um referencial para mim. Primeiro, na adolescência, quando buscava referências e um ombro de gigantes; segundo, quando perdi meu pai e meu mundo desmoronou (o intérprete perdeu o pai na mesma época que se tornou pai) e, terceiro, ao descobrir que ele, na verdade, não se matou", defende.
O ator frisa que também três baianos influenciaram a sua vida: Castro Alves, Glauber Rocha e Raul Seixas. Ainda sobre o musical, que dura 1h10, o intérprete afirma: "Minha alma precisava fazer este espetáculo. Era questão de vida ou morte". A imagem que fica na entrevista é de um ator intenso, crítico, que não teme sair da zona de conforto.
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