TEATRO
Projeto cultural homenageia Alagoinhas com evento múltiplo
Por Eduarda Uzêda
Um babalorixá invoca as energias femininas para salvar as fontes, os rios e as lagoas da sua cidade do aniquilamento e da devastação provocados pelo “progresso”. A intenção é impedir a destruição do meio ambiente. Esta luta entre as forças da natureza e a urbanização é o tema do espetáculo A Lagoa das Feiticeiras, que estreia neste sábado, 8, às 20 horas, em formato virtual.
A montagem, que pode ser conferida no perfil de YouTube de Dan Território (youtube.com/c/danterritoriodecriacao), integra projeto maior, idealizado pelos atores e diretores Antônio Marcelo e Daniel Arcades. A iniciativa abriga as linguagens de teatro, música, audiovisual e fotografia.
“Como alagoinhenses, há muito tempo queríamos falar e fazer uma homenagem à nossa cidade, que no passado tinha várias lagoas que foram sendo destruídas. Hoje as que restam estão impróprias para banho. Então Alagoinhas, que poderia ser conhecida como o paraíso das águas, é seca”, afirma Daniel Arcades (Impostor, A Coleira de Bóris), que assina o roteiro da peça e também atua no espetáculo.
Arcades, dramaturgo premiado e bastante atuante na cena de Salvador, afirma que o nome da peça homenageia uma das poucas lagoas remanescentes da cidade de Alagoinhas, espaço que ainda guarda grande riqueza natural e é envolto em lendas. De acordo com o roteirista, uma delas afirma que na Lagoa das Feiticeiras as entidades conseguiram até afundar um carro de bois no local.
“A peça que questiona a relação do homem com a natureza tem um elenco de 12 pessoas, entre atores e moradores da cidade, que também é chamada de maneira carinhosa pelos nativos de Alagodeba e por visitantes de Alagodé. Entre os intérpretes, além de Antônio Marcelo e Daniel Arcades, estão Márcia Lima, pai Ed Oladelê, Hiran e Edeise Gomes.
AS Três Alagoinhas
O diretor do espetáculo, Antônio Marcelo (As Balas que Não Dei ao Meu Filho), afirma que A Lagoa das Feiticeiras traz personagens representando a Alagoinhas Velha, a Alagoinhas Nova e a Alagoinhas Super Nova, que exibe a energia feminina.
A estética traz narradores para contar a história da cidade, que durante muitos anos ostentou a fama de produzir a melhor laranja da Bahia. “É muito bom voltar a fazer alguma coisa na nossa Alagoinhas e provocar esta reflexão sobre o meio ambiente”, diz o encenador.
Como curiosidade, ele diz que Alagoinhas, que ganhou este nome por causa das lagoas, antes tinha nome indígena, Upabamirin. As cidades próximas Pojuca, Catu e Aramari mantiveram os nomes dado pelos índios. O nome de Alagoinhas teria originado dos rios (Sauipe, Catu, Subaúma, Quiricó), lagoas e córregos existentes na região.
Vale lembrar que os dois idealizadores do projeto de homenagem ao município integraram o Nata – Núcleo Afro-brasileiro de Teatro de Alagoinhas, que durante mais de 20 anos atuou com variados espetáculos, trazendo a estética dos orixás, a exemplo de Exu, a Boca do Universo e Oxum.
Fotografia e lives
O projeto traz também a exposição fotográfica virtual Irmãs-Águas, do artista alagoinhense Rai Cavalhier. As fotografias destacam a relação crucial do povo com as águas em atividades como a pesca, agricultura familiar e serviços domésticos, além das práticas para fins religiosos, por exemplo. A mostra estará disponível até o dia 5 de junho, através do link: www.danterritorio.com.br.
Já as lives Na Beira da Lagoa, que vêm proporcionando boas discussões no canal, propõem um diálogo sobre questões importantes relacionadas às temáticas do projeto, incluindo meio ambiente e religiosidade. Os encontros conduzidos pelo diretor artístico Antônio Marcelo com diversos convidados terminam nesta sexta-feira, 7, às 19 horas.
Foram realizados também bate-papos que discutiram, entre outros temas, a relação da cidade, a natureza e o sagrado (com participação do babalorixá e cantor Ed Oladelê), biomas alagoinhenses (Gracineide Almeida); história e a construção da cidade (Eliana Batista) e, fechando o ciclo, nesta sexta, o artista plástico Littus Silva falará sobre o tema “Identidade cultural da cidade através da arte”.
Produzido pela Dan Território, A Lagoa das Feiticeiras tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, governo federal.
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