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TELEVISÃO

Bem estruturada, Lado a Lado aposta em enredo histórico

Por Murilo Melo

18/09/2012 - 8:30 h | Atualizada em 18/09/2012 - 8:47
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Numa época em que grande parte das novelas é norteada pelo sexo, traições, busca incansável de personagens pela Zona Sul carioca e com locações estrangeiras -- o que faz com que todas as tramas se pareçam umas com as outras -- Lado a Lado surge como uma surpresa muito positiva. Pelo menos até aqui, a nova novela das seis, exibida pela Globo desde a segunda-feira, 10, tem um roteiro que foca a história do Brasil, não constrange o telespectador, com diálogos de época, direção criativa e equipe técnica caprichosa e atenta aos mínimos detalhes.

Em primeiro lugar, a novela reafirma a capacidade da própria Globo de se reinventar na dramaturgia. Atualmente com quatro novelas no ar, além de Malhação e o Vale a Pena Ver de Novo, a emissora vem tomando medidas cuidadosas para abrir um leque de temas na faixa das seis.

Em Cordel Encantado (2011), por exemplo, o enredo foi baseado na literatura de cordel, seguida por A Vida da Gente (2011), que abordava dramas familiares do cotidiano e Amor Eterno Amor (2012), que tratava de temas relacionados ao espiritismo. Agora, com direção de Dennis Carvalho e assinada por João Ximenes Braga e Claudia Lage, Lado a Lado resgata o que há muito tempo não se via nos folhetins globais: reconstituição de uma época.

Na trama, duas mulheres completamente diferentes, mas igualmente à frente do seu tempo, lutam pelos direitos femininos. De um lado, a rica Laura (Marjorie Estiano), que não se contenta com a vida de uma dona-de-casa e, no Rio de Janeiro do início do século 20, deseja trabalhar, estudar literatura, ser professora e independente. Tudo o que era considerado um escândalo à época. Do outro, está Isabel (Camila Pitanga), filha de ex-escravo, batalhadora, guerreira, enfrentando o preconceito da sociedade altiva, forte, mas sem perder a ternura.

Enquanto Isabel se apaixona à primeira vista por Zé Maria (Lázaro Ramos) e tem esse amor privado pela falta do noivo ao casamento, Laura sobe ao altar no mesmo dia sem ter certeza do que sente por Edgar (Thiago Fragoso). Elas se conheceram na sacristia da igreja e, em meio a muita tensão e terrorismo psicológico de Constância (Patrícia Pillar), deram início a uma amizade, também vista como um desaforo. Os autores João Ximenes e Claudia Lage narram a saga dessas duas moças em meio a contextos históricos muito fortes e interessantes, como o início do Samba, a chegada do futebol, peças de teatro e o carnaval.

Ninguém sabe ao certo porque as novelas têm fracassado muito nos últimos tempos. Alguns, que se dizem entendidos no assunto, culpam a falta de criatividade dos autores. Mas o certo é que uma boa novela precisa ter uma história envolvente, um elenco bem escolhido, que crie sintonia com seus personagens, uma direção adequada e uma equipe técnica que saiba de tudo e muito mais. Lado a Lado tem tudo isso.

Dá para ver nas cenas de embate entre Patrícia Pillar e Marjorie Estiano (que é o que há de melhor), o fio condutor que a trama precisa. A cena em que a ex-baronesa invade o quarto da filha, lê o diário e debocha do que ela escreve, rasgando todas as páginas em seguida, é magnífica. Mostra todo um contexto e costumes de um tempo.

Foi feliz também a ideia de colocar frases preconceituosas na boca do personagem de Patrícia Pillar. Em uma das passagens, a vilã comenta que samba é coisa de negro e ponto final. "Imagine, Celinha, se essa batucada de africanos macumbeiros algum dia vai ter qualquer importância para o Brasil", murmura a ex-baronesa.

Em todas as cenas que contracenam juntas ou não, Patrícia e Marjorie se mostram ímpares. Nenhuma rouba a cena da outra. Uma coisa admirável. Pillar interpreta uma vilã sem pudor, bem disposta a humilhar, chantagear e prejudicar quem ela apontar o dedo. Já Marjorie é o nome certo que a dramaturgia atual precisa. É intensa, interpreta com os olhos, não precisa gritar ou comprar nenhum exagero para sua atuação.

Igualmente, os atores Werner Schunemann, Bia Seidl, Cássio Gabus Mendes, Zezeh Barbosa, Sheron Menezes e Isabela Garcia, cumprem bem seus papéis. A atuação de Alessandra Negrini, que não é vista em novelas desde Paraíso Tropical (2007), também é muito aguardada.

Em suma, nessa primeira semana, tudo foi mostrado de maneira simples e cativante em Lado a Lado, mas com pouco dinamismo. Velocidade que pode assustar quem é acostumado à agilidade de Malhação, com o furacão provocado por Chayene e as Empreguetes de Cheias de Charme, e as reviravoltas entre Nina e Carminha em Avenida Brasil.

Entretanto, se Lado a Lado conseguir usar o período histórico como pano de fundo, sem clichês didáticos, pode dar certo. Senão, é melhor torcer para que, a próxima das seis, O caribe é aqui, de Walther Negrão, entre em cena o mais rápido que puder.

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