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Capítulos de Avenida Brasil viram febre entre internautas

Publicado terça-feira, 24 de julho de 2012 às 08:24 h | Atualizado em 24/07/2012, 09:59 | Autor: Murilo Melo
Carminha-Avenida-Brasil-Oi-Oi-Oi
Carminha-Avenida-Brasil-Oi-Oi-Oi -

A tão aguardada reviravolta na trama de Avenida Brasil, novela global das 21h - quando a personagem de Adriana Esteves (Carminha) descobre que Nina (Débora Falabella) é a enteada que abandonou no lixão quando criança - mostrou as excelentes interpretações de ambas as atrizes do folhetim de João Emanuel Carneiro, uma direção impecável digna de cinema, e ainda evidenciou uma popularidade incrível pelas redes sociais.

O disse-me-disse dos internautas virou rotina por uma série de fatores positivos na trama, principalmente pela agilidade no texto, item imprescindível para fisgar o público. Avenida Brasil não perde fôlego e é inteiramente brilhante.

No Twitter, sempre horas antes de a novela começar, a hashtag (palavra-chave) #AvenidaBrasil posiciona-se entre os TT´s (os assuntos mais comentados). Na quinta-feira, 19, por exemplo, os tuiteiros levaram ao primeiro lugar a tag #OiOiOi100, customizaram o avatar de seus perfis para a imagem "congelada" em preto e branco — que imita o efeito do final de cada capítulo da novela — e mobilizaram o Facebook com várias brincadeiras envolvendo os personagens.

O alvoroço do público é tão grande que até os famosos resolveram não desgrudar da poltrona às 21h. O apresentador do Jornal Nacional, William Bonner, fã assumido da novela, escreveu em um dos tuítes: "O tio vai ter que esperar o fim do primeiro bloco de Avenida Brasil antes de correr pra garagem. A @fbbreal [Fátima Bernardes] vai entender, né? #OiOiOi", finalizou com um trecho da música Kuduro, tema de abertura do folhetim.

A movimentação com a novela é antiga, mas a grande repercussão surgiu após a mídia divulgar as sequências da trama. O público quis acompanhar e comentar o momento em que a farsa de Nina começou a ser desfeita depois que Carminha descobriu a verdadeira identidade de Betânia (Bianca Comparato), que até então se passava por Rita.

Desconfiada, a vilã foi ao hotel onde Nilo (José de Abreu) estava hospedado, para confirmar se Nina é a mesma menina que abandonou no lixão, após a morte de Genésio (Tony Ramos). Ela logo questiona: "A Nina é a Rita, não é?". Quando acha uma foto da jovem no quarto de Nilo, põe fim à suspeita: "Traste maldito, demônio! Era você o tempo todo, como eu fui idiota!".

Adriana Esteves brilhou nas cenas seguintes. Bradou ao volante, em uma edição que mostrava toda a saga de Nina até sua casa. Mas foi nos capítulos posteriores que a coisa realmente ganhou gás. No capítulo 102, exibido neste sábado (21), Carminha se vinga de Nina jogando-a numa cova sem nenhum pudor, para ser enterrada viva. Uma sequência tensa e deslumbrante, pouco vista na televisão brasileira. Ontem, eis que surge Nina, com as fotos da vilã e Max na cama, para atormentar Carminha.

Longe de ser apenas uma telenovela com um enredo comum, o que torna Avenida Brasil um fenômeno no gênero e, consequentemente, atrai os telespectadores, é a carga de acertos somados pelo autor, elenco e produção, digna da média de 40 pontos de audiência. Cada ponto de audiência equivale a 60 mil domicílios na Grande São Paulo.

Entretanto, o resultado não deve ser visto apenas no Ibope da TV. O burburinho de quem assiste reflete uma repercussão positiva que Avenida Brasil vem alcançando, em rodinhas de conversas tanto no ônibus, quanto na pastelaria.

E esse fator se deve também a ingredientes que o público não rejeita. Carminha é maquiavélica até a última raiz dos cabelos tingidos. Por fora, ela é uma mulher religiosa, devota que faz suas orações, se mostra preocupada com a comunidade e dedica tudo o que pode à igreja. É a verdadeira bruxa que se faz de mulher exemplar.

Roubou o primeiro marido, deu um fim na enteada, trai Tufão (Murilo Benicio) debaixo do próprio teto há 12 anos, desvia dinheiro de caridade para suprir seus caprichos e, se depender de João Emanuel Carneiro, ela será capaz de muito mais.

A mocinha Nina não tem nada dos clássicos de Shakespeare. Nascida no subúrbio do Rio de Janeiro como Rita, ficou traumatizada ao ser largada no lixão, teve a oportunidade de ser adotada por um casal de argentinos de classe média alta e mudou de vida. Na Argentina, foi educada, ganhou cultura, mudou de nome e tornou-se uma mulher sem limites na sua sede de vingança.

O que dá tom a Avenida Brasil são as intenções irreveladas, personagens que se movem no escuro e levam vida dupla. O público aprova uma vilã bem-humorada, personagens com costumes de gente que se vê nas ruas (que escuta Eu quero Tchu, Eu quero Tcha; que come churrasco com cerveja), uma mocinha que vai além do romantismo e adota uma postura às avessas.

Avenida Brasil já é uma dessas grandes novelas que entra para a lista das inesquecíveis. Tem planos caprichados, história bem construída e eletrizante, sem furos, capaz de arrastar o mais preguiçoso dos espectadores a dormir só depois que encerrar com o Oi Oi Oi.

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