TELEVISÃO
Guia apresenta um robusto universo da ficção seriada

Por Luis Fernando Lisboa

No escritório do publicitário Don Draper, na Nova York dos anos 1960, cigarros e bebidas fazem parte do contexto criativo. Enquanto isso, sexo e traição passeiam pelos corredores da agência de publicidade.
Após a descoberta de um câncer terminal, o professor de química Walter White, morador do Novo México, encontra na produção de metanfetamina a alternativa mais eficaz para garantir o sustento da família depois da sua morte.
Os universos ficcionais citados dizem respeito, respectivamente, a duas séries de sucesso na televisão americana: "Mad Men" e "Breaking Bad".
No Brasil, as duas conquistaram o mesmo respeito da crítica especializada, além de reunir um público tão fiel aos seus enredos quanto os inúmeros espectadores das telenovelas nacionais.
De olho no filão que só faz crescer, as jornalistas Priscila Harumi e Vana Medeiros lançaram pela Editora Évora o livro "Guia das Séries - Tudo Que Você Queria Saber Sobre as Mais Importantes dos Últimos Anos".
Televisão de qualidade
As profissionais se conheceram durante uma disciplina do curso de jornalismo na Faculdade Casper Líbero em 2009. "A ideia do livro surgiu por conta do nosso trabalho de conclusão. Fizemos uma análise de seriados de sucesso", conta Priscila Harumi.
Nessa empreitada, a dupla fez um levantamento com profissionais, críticos, blogueiros e jornalistas especializados no universo televisivo.
"Pedimos para cada um deles escolher dez séries que mudaram a história da televisão. Não queríamos que essa seleção tivesse apenas a nossa visão porque o mundo da crítica é muito subjetivo", explica Vana Medeiros, que hoje trabalha com dramaturgia.
Marco temporal
Outro aspecto importante foi o marco temporal para a inclusão dos produtos na publicação: por conta da chegada da televisão a cabo no Brasil em 1988, as autoras só consideraram as séries que estrearam a partir desse período no país e tomaram o ano de 2014 como fim da listagem.
Depois de um trabalho que compilou mais de 500 títulos, a dupla chegou a uma lista final com apenas 100. "Todas elas ficaram marcadas na televisão internacional e contribuíram, em maior ou menor grau, para a valorização desse campo", afirma Vana.
A seleção tem séries que são um consenso no mundo dos fãs da ficção seriada: de mais antigas, como "Mad About You", "Friends" e "Seinfeld", e mais contemporânas, como "The Big Bang Theory", "Dexter", "Game of Thrones" e "House of Cards".
O livro traz uma resenha sobre cada um dos programas listados, além de contextualizar tópicos relevantes como número de temporadas, elenco, criadores e canais.

Cena da série Game of Thrones (Foto: Divulgação)
"A nossa ideia era fazer um livro para fãs brasileiros, mas que também recrutasse novos interessados. É possível acompanhar o conteúdo de forma nostálgica, mas ao mesmo tempo pode conhecer novos títulos", opina Priscila.
As escritoras - viciadas assumidas em seriados - também trouxeram outros tipos de informações interessantes para o leitor, como os profissionais que trabalham da criação à produção, a invasão da metalinguagem, os temas tabus, as brigas mais conhecidas e medição de audiência.
Priscila, por exemplo, conta que passeou por estúdios hollywoodianos como Warner Brothers e Paramount Television para angariar curiosidades mais robustas sobre o mundo dos seriados.
Mundo online
De acordo com Vana Medeiros, os downloads ilegais incentivaram o crescimento do acesso aos conteúdos das séries de tevê nos EUA e no mundo. "Não adianta os estúdios e produtores ficarem reclamando dos downloads. É preciso oferecer um serviço melhor".
Ela destaca, assim, o streaming como uma ótima saída para isso e cita o sucesso do serviço Netflix como exemplo. "As produtoras já estão se adaptando a essa realidade online e mais pessoas vão optar por esse consumo".
No Brasil, no entanto, é difícil falar de uma mudança de realidade tão bruta por conta da má qualidade dos serviços de banda larga e da dificuldade de acesso da população.
"Acho que os canais abertos ainda vão continuar dominando por algumas décadas. Mas, apesar dessa lentidão, é um processo sem volta".
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