TELEVISÃO
Não é mentira: segunda temporada de Santa Clarita Diet está no ar
Piadas de tia à parte, a segunda temporada da comédia Santa Clarita Diet já entrou no ar pela Netflix. A série, que em sua estreia passou por análise desta mesma coluna, retornou para o seu novo ano com a proposta de desenvolver a trama apresentada no ano passado. Nesse novo momento, a série continua com a proposta inovadora, perturbadora e, sim, divertida. E com seus defeitos.
Se você não conhece, é a série, sem desespero, estrelada por Drew Barrymore como a corretora de imóveis Sheila. A comédia – com episódios rapidinhos de vinte minutos – mostra o dia em que ela, depois de passar mal misteriosamente, passa a sentir um desejo profundo por comer carne humana.
O surreal é marca registrada da série. Assim, a família formada pelo também corretor Joel (Timothy Olyphant) e a filha adolescente Abby (Liv Hewson) passa por todo um transtorno para tentar entender o que aconteceu com a mãe, contando sempre com a ajuda do vizinho adolescente e fiel escoteiro Eric (Skyler Gisondo).
Cúmplices
Pronto, esse é o gancho da nossa primeira temporada, que envolve muito sangue, pedaços de perna e dedos espalhados pelo set. E não tenha dúvidas: todo o processo de assistir aos episódios da série é acompanhado por um misto de risadas (o elenco é muito bom em entreter e fazer rir) e um estranhamento total e absoluto pelas escolhas do enredo.
Na segunda temporada, com o plano geral traçado, o desafio maior fica em saber para onde conduzir a trama a partir daí, visto que a história de Sheila não é mais novidade (embora nunca dê para se acostumar com Drew mergulhando de cabeça num jantar sangrento).
O recurso que o início da temporada se aproveita é o de mostrar a família tentando estabelecer uma rotina agora que a mãe chegou a um nível no qual não pode mais “piorar” – o que, sem risco de spoiler, equivale a apodrecer e ter os membros despencando do corpo.
Então eles tentam se adaptar: acorrentam Sheila no porão e, com saudades, vão todos dormir na mesma coisa, entregam rins em bandeja para ela e viram todos grandes cúmplices de assassinato. A leveza como o assunto é conduzido já virou uma marca da narrativa, e isso está presente na nova temporada: a banalidade do surreal faz parte da experiência estética da série.
Eles também introduzem novos personagens, trazendo histórias diferentes de um modo muito natural. O resultado é uma série até então sustentável e que consegue prender o nosso interesse.
Se peca, é mais por ajustes de interação do elenco, que ainda precisa se familiarizar um pouco mais com a linguagem que Santa Clarita Diet propõe. Nada muito pesado, no entanto. A mão ainda continua boa e a série vale aquela maratona despretensiosa que a gente faz aos domingos.
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