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TELEVISÃO

Provocante, Bial estreia o Na Moral com boas sacadas

Murilo Melo

Por Murilo Melo

10/07/2012 - 9:37 h | Atualizada em 22/01/2021 - 0:00

Um programa, que segundo reza o apresentador, serve “para as pessoas baixarem a guarda e abrirem o jogo”. Um programa para quebrar tabus em coletivo, sem parecer complicado e entediante. Um programa que desvenda os signos linguísticos, caminha firme no ramo da semiótica e questiona o sentido conotativo e denotativo do tema abordado.

É mais ou menos assim que Na Moral — estreia da última quinta-feira (5), na Globo — pode ser descrito. A atração, comandada pelo jornalista e apresentador Pedro Bial, que vai ao ar semanalmente às 23h50, não tem nenhuma intenção de causar sensacionalismo como o Superpop, de Luciana Gimenez, e não lembra, nem de longe, a desenvoltura própria de Serginho Groisman, no Altas Horas, como muitos andam comparando por aí.

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Enquanto o reality show Big Brother Brasil fica fora do ar, Bial tem como foco se dedicar a um projeto que há muito vem pedindo na emissora do Jardim Botânico. O resultado, pelo menos na estreia, não deixou a desejar: Na Moral tem personalidade admirável diante de tantas estreias fracassadas ultimamente na TV aberta. Tem humor, e coloca os convidados contra a parede, justamente como prometia.

Para inaugurar o talk show, a produção uniu propositalmente, por 30 minutos, o cantor Alexandre Pires, o jornalista Antônio Carlos Queiroz, autor da cartilha ‘Politicamente correto & direitos’, o filósofo e professor Luiz Felipe Pondé, que escreveu o ‘Guia politicamente incorreto da filosofia’, e a atriz e psicóloga Maria Paula. O grupo, com palpites distintos, bradou suas opiniões em um debate sobre a ditadura do politicamente correto, preconceito, assédio moral e sexual. Somando com o apresentador, a discussão foi um prato cheio para a discórdia.

Logo de cara, Bial pareceu bem à vontade em seu novo projeto. Questionou o público sobre a forma certa de se falar: "É veado, bicha ou homossexual? Como se fala? Crioulo, negro, pessoa de cor ou afro-brasileiro?". E não parou por aí. As provocações renderam também para os convidados. Ao jornalista Antônio Carlos Queiroz, ele explanou: “Do jeito que você fala, parece que você está num palanque”.

Mais adiante, nem Alexandre Pires escapou das provocações. “Chamo por crioulo, negro ou mineiro?”, pergunta Bial ao ex-líder do Só Pra Contrariar. “É tudo isso aí”, responde ele no mesmo instante.

Vale lembrar que Alexandre Pires não estava ali por acaso, o cantor foi levado à atração por causa do clipe da música ‘Kong’, que virou caso de polícia, recentemente. Provocador, Bial chamou as dançarinas e os gorilas (itens imprescindíveis no clipe musical), ali, no meio do palco, para encerrar o bloco.

Para ajudar o apresentador na tarefa de mostrar ao público que não é recomendado se prender a eufemismos para disfarçar mazelas sociais, os convidados, ainda no centro do palco, foram claros em explicar o que é preconceito e o que está por trás do dito preconceito.

Em seguida, Bial ilustrou a discussão com as letras de cantigas de roda consideradas por alguns ofensivas. Explicou o “Atirei o pau no gato” e “Boi da cara preta”, num tom professoral e como de praxe, continuou instigando o público com leveza, bom humor e precisão.

Quem surpreendeu mesmo foi Maria Paula. A moça, que até então fazia a linha gostosona-Casseta & Planeta, apareceu bem equilibrada, parecia até ser comentarista fixa do programa. Em um momento, tocou num ponto que se mostrou recorrente do começo ao fim da atração. Convidada a opinar, ela defendeu que “A palavra não quer dizer nada. O jeitinho como você está falando é que é importante”. Pensamento comum ou não, o que vale é que a análise fez sim o telespectador refletir um pouco.

Quando investiu na discussão sobre assédios moral e sexual, o Na Moral não foi tão bem. Lembrou, ainda que vagamente, os típicos programas que Márcia Goldschmidt adorava apresentar. Lá apareceu com uma reconstituição de uma mulher que havia tentado se matar após ser perseguida pelo chefe no trabalho. A ideia de fazer simulação de um caso é lamentável.

Outro fato lastimável foi a externa produzida pelo apresentador. Na matéria de rua, Bial poderia ter rendido mais, assim como a opinião da plateia também deveria valer mais. Totalmente seguro de si, Bial cantou, dançou e, sem medo de ser lembrado como eterno âncora do BBB, encerrou o episódio de estreia com seu famoso “salve, salve” em uma crônica que mais parecia um dos discursos de eliminação do reality show. No texto, disse que “As únicas palavras que mudaram o mundo foram preparar, apontar, fogo”, nada sonolento.

Em meio a tanto bate papo, o ritmo do programa se mostrou bem veloz – talvez criado propositalmente para não deixar o telespectador dormir, já que o programa é exibido no final da noite. Esse pouquinho tempo de exibição, leva sempre a pensar que o conteúdo será discutido de maneira superficial, mas não é bem assim.

Escrevi semana passada que o Encontro com Fátima Bernardes inova ao continuar com um tema durante a semana. Serve como um drible na forma corriqueira e banal que os assuntos são tratados em algumas atrações. Fátima consegue porque seu programa é diário, Bial não tem a mesma sorte. Na TV, não se tem tempo para nada. Ali, tempo é dinheiro. E na Globo, esse negócio não seria diferente.

Na faixa ideal dos cochilos na TV, a audiência também não fez feio. Na moral conquistou o primeiro lugar, registrando 12 pontos de média* com pico de 14 e obteve 29% de share (participação de televisores ligados). No mesmo horário, a Band, com a transmissão da partida entre Palmeiras e Coritiba pela Copa do Brasil, registrou nove pontos, o SBT, com o humorístico A Praça é Nossa, teve oito, e a Record, exibindo a novela Máscaras e a série House, cinco.

Se o Na Moral vai manter a audiência e as boas sacadas da estreia, não se sabe. O que se pode adiantar é que em suma, o programa é, sim, uma boa pedida. Tem formato de canal pago, com convidados capazes de divergir em tão pouco tempo, é bem costurado, bem editado, tem um apresentador descontraído, cenário e acabamento que prima pelo de melhor que se pode ter em direção de arte.

Não convenceu

- Se a intenção do programa ao retratar dramas polêmicos em simulações era surpreender o telespectador, a mim pareceu coisa de Márcia Goldschmidt. Não deu para engolir.
- A ausência da plateia nos debates não pode ser descartada. Ali, tem muita gente que esconde grandes opiniões. Ficou parecendo que só quem pode falar são especialistas.

Convenceu

- Interessante foi Bial desfilar com algumas análises sobre a sociedade. Certo momento ele dispara: "Politicamente correto não é fingir que mudando o nome de favela para comunidade você vai melhorar o saneamento básico".

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