SAUDADE
Um ano sem Glória: Salvador prepara homenagens para a jornalista
Jornalista será homenageada com uma missa especial na capital baiana
Por Bianca Carneiro
O 2 de fevereiro é celebrado como o dia dedicado à Iemanjá. Mas desde o ano passado, a data também ganhou outro significado com a morte da jornalista Glória Maria. A comunicadora tinha câncer de pulmão e sofreu metástases da doença no cérebro.
Apesar de ser carioca, Glória mantinha profundas relações com a Bahia. Primeiro, pela profissão: conhecida repórter de viagens, em 1987, ajudou a dar visibilidade para a Chapada Diamantina em uma reportagem especial na região. Mas a sua pauta mais marcante, tanto para o estado, quanto para a carreira da jornalista, foi a entrevista com o Rei do Pop, Michael Jackson, durante as gravações do clipe “They Don't Care About Us”, gravado em 1996, no Centro Histórico de Salvador.
"Eu não entrevistei o Michael Jackson, foi ele que me entrevistou. Eu o acompanhei quando gravou na Bahia e fiquei negociando para ver se ele falava comigo. Estávamos no Pelourinho e o Michael viu o carinho do povo comigo, então, disse que conversaríamos no Rio", contou Glória à Quem em 2009, logo após a morte do astro.
Das pautas para a vida pessoal, foi também na Bahia que Glória deixou o seu coração. Em 2009, durante um período de descanso em Salvador, ela participou de uma ação voluntária em um orfanato e decidiu adotar suas duas filhas, Maria, de 15 anos, e Laura, de 14. O processo de adoção durou 11 meses e levou a jornalista a se mudar para a capital baiana para estar mais perto das meninas enquanto a documentação era analisada.
"Eu nunca tinha pensado em ter filhos até que vi as duas pela primeira vez e tive certeza que elas eram minhas filhas. Isso é uma coisa que não sei explicar", contou ela à época.
Homenagens
E até o fim da vida de Glória também teve relação com a Bahia. Devota da Rainha do Mar, sua morte aconteceu justo no dia 2 de fevereiro, quando o estado realiza aquele que é considerado o maior culto do país à orixá.
Com esse histórico, não seria de se estranhar que ela fosse homenageada por aqui. A Organização do Auxílio Fraterno (OAF), instituição onde Glória Maria adotou as filhas e foi voluntária em Salvador, informou que a jornalista será homenageada com uma missa na próxima segunda-feira, 5, às 10h, na Capela São José, na sede da instituição, no bairro da Liberdade.
Antes da adoção, Laura e Maria, filhas de Glória, eram institucionalizadas e assistidas na OAF e durante o processo de adaptação, que é quando o adotante convive com a criança, a jornalista frequentou e até realizou serviços voluntários na instituição.
“Uma repórter, uma mulher, uma negra, um ser humano ímpar, que deixou sua marca registrada no Brasil, no mundo, em centenas de milhares de pessoas. E nós não poderíamos, a OAF não poderia deixar de prestar mais uma homenagem. Iremos celebrar a missa de um ano, como forma de trazer a memória desta pessoa que foi tão importante e que através dela, ou por ela, quantas pessoas se espelharam e hoje também são pessoas, seres humanos, modelos e exemplos para esta nossa sociedade?”, afirmou ao Portal A TARDE, Jozias Sousa, diretor-presidente da OAF.
“Iremos celebrar esta missa em memória de Glória. Registrando aí o passado dela em vida e sua passagem aqui pela nossa instituição. Casa de acolhimento extra, que serviu de seio materno para Glória Maria, pois foi lugar onde a mesma teve a oportunidade de encontrar as filhas que ela adotou, educou e deixou neste mundo [...] O nosso pedido é para que Glória esteja realmente gozando das maravilhas da vida eterna, intercedendo por nós, por suas filhas e pela OAF, que continua aqui, acolhendo, assistindo e dando amor a todas as crianças e adolescentes que aqui são acolhidas e assistidas", completou.
Além disso, ainda tramita na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) o pedido para que a comunicadora fosse reconhecida como cidadã baiana. Autora do projeto, a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) disse ao Portal que a proposição “continua tramitando, mas depende do ritmo da Assembleia". “Demora muito os processos de aprovação. Depende do acordo de liderança”, afirmou, via assessoria.
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