RIO VERMELHO
Dão recebe Ilê Aiyê no ‘Baile Noite Preta’ na Casa Rosa
Dão se apresenta hoje com direito à uma participação mais do que especial
Por Chico Castro Jr.

Quando se fala em músicos como Lazzo, Edson Gomes ou Dão, a tendência em classifica-los como “expoentes da música negra baiana” é grande. Mas como não existe “música branca baiana”, talvez caiba chama-los simplesmente de “expoentes da música baiana”, ponto. (Vale lembrar as palavras imortais do igualmente imortal Letieres Leite: ‘Toda música baiana é negra’). Pingos devidamente colocados nos “is”, o último citado, o suingadíssimo Dão, faz hoje mesmo, na Casa Rosa, a festa mais quente desta sexta-feira: Baile Noite Preta.
Pródigo em misturar ritmos diversos em uma azeitada base de funk e soul, Dão se apresenta hoje com direito à uma participação mais do que especial: o Ilê Aiyê, o primeiro bloco afro do Brasil e símbolo da cultura baiana.
Outro que também participa da night, mas fora do palco, é o Afrochef Jorge Washington, conhecido por praticar a gastronomia afro-brasileira, estará presente com a Tenda do Afrochef, onde será possível experimentar pratos autênticos da culinária afro-baiana.
Voltando ao show, Dão promete hoje uma night com sons, como se dizia em tempos idos, “de rachar o assoalho”, tamanho o balanço que ele é capaz de invocar.
Na base, diversos estilos da música negra, como samba de roda, samba funk, samba rock, samba canção, samba soul, partido alto e até samba reggae, tudo com um toque contemporâneo e influências do rock ‘n’ roll.
“A importância do Baile Noite Preta é justamente juntar artistas negros da cidade e também de outros estados brasileiros para que eles possam fazer um baile onde a cultura negra, os ritmos, as danças possam ser expressadas de uma maneira peculiar, entendeu? Identitária”, afirma Dão.
“Então, nesta edição, a gente vai tocar uma mistura do soul, do funk, do blues, do reggae, do rock, do Ijexá – já que é verão, é importante a gente falar do Ijexá, são ritmos oriundos de terreiros de candomblé e é a batida pulsante da cidade do Salvador”, acrescenta o músico.
Pesquisador da black music, Dão começou, como quase todo mundo, fascinado com as batidas do funk de James Brown e bandas como Commodores e Earth Wind & Fire. Depois, foi abrindo o leque para o imenso manancial que estava em seu próprio quintal.
“Quando comecei a pesquisar sobre música negra no mundo, me inspirei inicialmente na música negra produzida nos anos 70, nas bandas de soul music norte-americanas, nas bandas de funk, de reggae, nos ritmos baianos e no samba duro”, conta.
“Então, comecei a mesclar esses ritmos com a música percussiva de Salvador, com o ijexá que é pulsante na nossa musicalidade. Foi dessa pesquisa que se originou o meu primeiro disco e seguiu influenciando minha carreira até chegar no Baile Noite Preta”, destaca Dão.
Símbolo da conexão
Realizado anualmente há seis anos, o Baile Noite Preta sempre conta com convidados. Com o Ilê dividindo o palco, Dão não poderia estar mais honrado: “A participação do Ilê representa muito mais do que uma apresentação, é um símbolo da conexão entre música, identidade e resistência. É sobre reafirmar o orgulho de nossas raízes e levar nossa história para o palco com potência e beleza”, conclui o músico.
O Baile Noite Preta é patrocinado pela Bahiagás.
Baile Noite Preta / Com Dão Black e participação especial do Ilê Aiyê / Hoje, 21h / Casa Rosa (Praça Colombo, 106, Rio Vermelho) / Ingressos entre R$ 18 e R$ 30 / Vendas: Sympla / Classificação: 18 anos
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