PROTAGONISMO FEMININO
Debbie Harry e Majur exaltam poder da música: me deixa ser quem eu sou
Cantoras participaram de mesa no Festival Liberatum nesta sexta
Por Bianca Carneiro
Refletir sobre o papel da música na autoafirmação e nas revoluções feministas e interraciais: este foi o tema da conversa entre a norte-americana Debbie Harry e Majur nesta sexta-feira, 3, primeiro dia do Festival Liberatum. Mediado pelo diretor americano Rob Roth, o bate-papo entre a vocalista da famosa banda Blondie e a cantora baiana, aconteceu durante a mesa “A Linguagem da Música”.
Majur exaltou a contribuição de Debbie para o protagonismo feminino na música, e falou sobre a importância da arte enquanto instrumento para legitimar sua própria identidade como uma mulher trans.
“Música é um registro histórico porque posso contar a história de uma mulher trans”, afirmou a baiana.
“Se tem uma coisa que me possibilitou ser quem eu sou foi a música. Pois parecia ser mais fácil entender a imagem artística do que de fato entender a humanidade daquele corpo. É por isso que eu amo a música, porque ela me deixa ser quem eu sou”, completou.
Em meio ao debate, Majur perguntou à Debbie sobre o momento em que ela percebeu que era uma pessoa famosa.
“Eu acho que nos anos 90. Eu estava saindo de um período de semi aposentadoria e eu fui pra uma sessão de fotos e aí alguém disse que eu era um ícone. Eu fiquei chocada, porque para mim um ícone é uma figura religiosa, russa”, respondeu a americana.
Questionada por um fã da plateia sobre como se sentia estando em Salvador, a cidade mais preta fora da África, Debbie afirmou estar muito “honrada”. Ela ressaltou que sempre escutou música preta e que a arte a fez expandir as fronteiras emocionais e também interraciais.
“Eu sempre tive a influência dos artistas negros e, sim, então, nesse respeito, eu me sinto muito confortável e eu acho, claro, que a música é a internacional, interracional, intersexual, é o animal”.
A artista também revelou que Carmen Miranda e o filme “Orfeu Negro” são as suas principais referências de arte brasileira. Já Majur citou a modelo Naomi Campbell e a cantora Beyoncé como suas inspirações norte-americanas.
Em um momento marcado pela emoção, Majur recebeu a mãe no palco. Ela exaltou a filha e destacou a trajetória da artista.
“Foi muita coragem chegar onde ela chegou. Tenho muito orgulho das minhas filhas, somos um clã de mulheres fortes. De onde nós viemos, ninguém espera que nós estejamos aqui, nos espaços de poder”, contou a matriarca, que foi elogiada por Rob Roth. “Você tem uma grande mãe”, disse o diretor à Majur.
Evento que promete ser um marco na interseção da cultura negra, arte e expressão, o Festival vai até a segunda-feira, 6. Ao longo dos dias, a programação inclui mesas de debate, mostras fotográficas e cinema.
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