>
Cultura
Detonautas lança primeiro acústico da carreira
Depois de quatro discos e um DVD ao vivo, a banda de rock alternativo Detonautas Roque Clube lança seu primeiro CD e DVD acústico. A gravação aconteceu em abril, no Polo de Cine e Vídeo, no Rio de Janeiro, em duas apresentações gratuitas.
Além dos músicos da banda – contando com o novo integrante, Philippe, no violão, e vocais, teve participações especiais de Betina Kopp e do grupo Voluntários da Pátria. Um trio de cordas mesclou o rock com sutileza. Sérgio Villarim tocou piano, hammond e piano rhodes.
No vídeo, um clima intimista, com luz baixa e cores quentes – decoração e iluminação de Césio Lima. No figurino, principalmente do vocalista Tico Santa Cruz, o já conhecido visual adolescente. No som, releituras do repertório da banda, contando com alguns hits como 'Olhos Certos', 'Dia Comum' e 'Quando o Sol se For'. Muitos deles que já foram trilha sonora de Malhação.
Foi esse “mais do mesmo”, aliás, que provocou parte da resistência da banda ao projeto de gravação do Acústico. “No começo, não gostávamos de fazer a releitura do que já tocamos há muitos anos. Além disso, o próprio formato é bastante criticável”, contou Tico Santa Cruz.
Depois de uma saída conturbada da Warner, topar fazer o acústico era condição para que gravassem um álbum de inéditas (O Retorno de Saturno, 2008) pela Sony. No fim das contas, quando o trabalho começou, a banda embarcou no clima.
“Conseguimos trazer algumas músicas inéditas e regravações bem legais”, acredita Tico. As duas inéditas, 'O Inferno São os Outros' e 'Só Nós 2' têm pegada roqueira e já conquistaram o público do Acústico. Em 'O Inferno...', Tico se preocupou em “transformar o conteúdo de um filosofo existencialista em pop“. Ele crê que “isso chega perto das pessoas, quebra a glamourização do nada“. 'Só Nós 2' traz pandeiro e letra romântica.
Em tempos de crise na indústria fonográfica, lançar CD e DVD deveria ser preocupação para os artistas. Mas não para Tico. Ele acredita que melhor do que se desesperar com a pirataria é pensar este momento como uma reformulação do mercado.
A banda já denunciou uma rede de postos que vendia falsificações. Na última semana, o grupo recebeu de uma fã foto do DVD, que ainda nem chegou nas lojas, sendo vendido no camelô. Por isso, acham que o melhor é apostar nos shows.
Na rede - Um caminho paralelo é usar a internet como lugar de divulgação. Antes de sair o Acústico, Tico jogou as faixas na rede. “O tra balho estava pronto, mas tinha um atraso que dava ansiedade nos fãs e na gente. Eu disponibilizei porque acho que a música é livre. As gravadoras têm que se adaptar a isso”, explicou.
Tico tem divulgado também o que anda fazendo sozinho. Gravações de voz e violão, que coloca no Youtube, de madrugada. Mas isso não quer dizer que esteja pensando em seguir carreira solo. É mais uma experiência com o que a internet possibilita.
Além do canal no Youtube, ele usa o blog e o Twitter para falar o que pensa e tentar chamar os outros para a discussão. No meio de tanta postagem, sai coisa polêmica, claro. Como a foto de protesto em que o vocalista aparece encapuzado, nu (exceto por uma meia no lugar da cueca) e segurando a plaquinha “Senado sem-vergonha”.
Não dava para ignorar isso. Por que protestar assim? “Quis verse essa atenção que as pessoas dão pro corpo serve também nesse sentido. É mais feio roubar ou se omitir, como a sociedade tem feito, do que ficar nu”.
