VISUAIS
Em cartaz até dia 8, os incríveis desenhos do italiano Tojo
Conhecido como Tojo, Fava exibe em Salvador
Por Chico Castro Jr.
Exposição relâmpago, I miei disegni (Os meus desenhos, em italiano), do arquiteto e artista romano Vittorio Fava, é uma oportunidade incomum para se ver no verão de Salvador. Mas é preciso ser rápido: em cartaz na Pousada des Arts (Varanda da Isa), no Santo Antônio Além do Carmo, ela encerra já no próximo dia 08 (quarta-feira).
Conhecido como Tojo, Fava exibe em Salvador, com apoio do Consulado Italiano na Bahia, 15 obras inéditas, desenhadas à mão em papel A4, e depois impressas, por meio de processamento digital, em suportes variados, como papel e alumínio, com tamanhos que variam de 50x70 cm a 200x140 cm.
Detalhados, cada um dos desenhos merece uma longa contemplação: são paisagens (que podem ser urbanas ou rurais) com muitos prédios ricamente projetados e quase sempre habitados por passantes ou observadores (que nos contemplam, por sua vez).
Seu traço é livre e profundamente humano. Ele não parece usar régua para erguer suas edificações. Ainda assim, estas surgem exatas e muito vivazes. Salvo engano, seu estilo de desenho guarda certa semelhança com outro grande artista, o espanhol Miguelanxo Prado, especialmente na HQ Mundo Cão (1991).
E de fato, há similaridades: se em Prado os personagens estão sempre às voltas com absurdos do dia a dia, as figuras que vemos nos desenhos de Fava (ou Tojo), se debatem em meio às chamadas “cidades não ideais” que ele retrata.
“Um traço marcante nos meus desenhos é a ironia, muito típica do povo italiano. O meu olhar irônico sobre a vida pode ser decifrado nas minhas obras quando, dentro das minhas cidades imaginárias e não ideais, é possivel capturar cenas de vida de pessoas simples e frágeis, num equilibrio humano precário, tentando sobreviver na corda bamba da vida”, descreve Tojo, em mensagem enviada ao jornal A TARDE.
“Desenho muito com o instinto e experimento muita fantasia, uma fantasia que tem como inspiração os múltiplos aspectos que permeiam a minha vida – tanto a vida cotidiana da minha cidade quanto as minhas viagens, sobretudo para o Bahia”, acrescenta o artista.
A ligação de Tojo com a Bahia é antiga: casado com a cantora baiana Daniela Firpo, o artista visita Salvador com certa regularidade.
Na abertura da exposição, no dia 20 último, Daniela fez um pocket-show, intitulado Bella Ciao (mesmo título do famoso hino antifascista), com canções italianas e brasileiras se revezando no repertório.
Na série Combinart: Art & Music, Tojo e Firpo trabalham juntos, integrando arte visual, música e poesia.
Minibio
Vittorio “Tojo” Fava formou-se no Instituto de Arte de Roma na seção de mosaico e graduou-se na Academia de Belas Artes de Roma.
Em 2011 participou a convite da 54ª Bienal de Veneza, pavilhão da Região do Lácio localizado no Palazzo Venezia, Roma. Em 2012, ganhou o Prêmio de Escultura na VI Bienal Internacional de Arte Sacra de Lecce. De 1968 até hoje, ele expôs em inúmeras exposições coletivas e individuais na Itália e no exterior. Tem obras nos acervos do Museu MAGI das Gerações do Século XX, no Arquivo Sackner em Miami (EUA), no Museu do Livro de Artista Caroline Corre em Verderonne (França), e no MACMA, Museu de Arte Contemporânea de Matino.
I Miei Disegni – Os Meus Desenhos / Até quarta-feira (08) / Pousada des Arts (Varanda da Isa), Rua Direita de Santo Antônio, 90, Santo Antônio Além do Carmo / Entrada gratuita
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