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ARTES VISUAIS

Exposição coletiva propõe interlocução entre obras do artista nordestino Miguel dos Santos

Ambas têm elementos gráficos sinuosos e parecem ter uma dimensão cósmica

Por Eugênio Afonso

29/01/2025 - 2:00 h
Imagem ilustrativa da imagem Exposição coletiva propõe interlocução entre obras do artista nordestino Miguel dos Santos
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Com o objetivo de colocar o artista visual pernambucano Miguel dos Santos em diálogo com as artistas Erika Verzutti, Gokula Stoffel e Pélagie Gbaguidi – três mulheres de repertórios diferentes –, a galeria Galatea Salvador, exibe, a partir de amanhã, às 18h, a mostra coletiva Corpos terrestres, corpos celestes.

Ao confrontar o trabalho do autodidata Miguel dos Santos, 81, com as três artistas a partir de uma perspectiva contemporânea, a curadoria de Tomás Toledo joga luz sobre a obra do caruaruense radicado em João Pessoa, criando justaposições entre seu trabalho, sobretudo dos anos 1970 e 1980, e a produção recente das artistas convidadas.

Uma é do Sudeste, Érika Verzutti (SP), outra, do Sul, Gokula Stoffel (RS), e a terceira é a senegalesa Pélagie Gbaguidi. Na mostra – projeto de parceria inédita da Galatea Salvador com a Fortes D'Aloia & Gabriel –, elas confabulam com um artista nordestino com o intuito de investigar como diferentes tradições e contextos artísticos podem se entrelaçar em torno de questões comuns.

Amigo de Mário Cravo, Carybé, Jorge Amado e Fernando Coelho, Miguel afirma que sempre foi íntimo de Salvador, já que viveu na capital baiana durante um determinado período. Ele conta também que, em seu trabalho, utiliza diversas influências estéticas, como o Movimento Armorial, as máscaras da arte tradicional africana e a deformação formal de caráter expressionista.

Segundo Tomás, o projeto é uma operação de aproximação formal, de afinidade estética e não um recorte geracional, regional, de filiação de movimento ou de um contexto artístico. E que foi organizado de forma temática, em torno da figura humana e de uma noção expandida do corpo.

“A partir dessa vontade de colocar em franco contato produções de artistas de gerações distintas, de territórios distintos, e buscando um fio condutor entre esses universos através da representação do corpo humano nas suas formas mais expandidas”, detalha o curador.

Para Érika, expor ao lado de Miguel vai ser muito instigante. “A primeira vez que vi o trabalho dele, gostei muito da paleta e fiquei interessada na qualidade escultórica das pinturas. Vai ser interessante ver meu próprio trabalho ao lado deste artista”, comenta Verzutti, que tem a escultura em bronze Small God relacionada à pintura Um neto do Aleijadinho, de Miguel dos Santos.

Ambas têm elementos gráficos sinuosos e parecem ter uma dimensão cósmica com um elemento central circular que, no caso de Érika, lembra um planeta, e no do artista pernambucano, um olho.

Assinatura estética

“Miguel é um artista bastante importante na história da arte brasileira, mas que, infelizmente, nos últimos anos, sua produção foi pouco vista, pouco estudada. Então, a gente tinha vontade de trazer o Miguel em diálogo com artistas contemporâneos e, por isso, estamos colocando ele ao lado dessas três mulheres, criando uma fricção, uma operação de justaposição”, salienta Tomás.

Dividida em seis núcleos, Retratos, Máscaras, Corpo Fragmento, Vênus-mãe, Corpo Celeste e Totens, a mostra percorre os pontos de convergência entre os trabalhos em pintura, desenho e escultura dos quatro envolvidos. São artistas transitando livremente entre corpos terrestres e celestes.

“Isso tudo faz com que Miguel tenha uma marca, uma assinatura estética muito específica, que é resultado de todas essas misturas que compõem sua própria origem, além de suas referências”, analisa Tomás.

Corpos terrestres, corpos celestes fica em cartaz até 24 de maio de 2025 e marca o aniversário de um ano da Galatea em Salvador. A mostra reforça o objetivo principal da galeria, que é ser um lugar de intercâmbio entre produções do Nordeste e Sudeste.

“Para ser também um ponto, um local de parceria para galerias do Sudeste que não têm espaços aqui no Nordeste e, nesse sentido, a exposição com a galeria Fortes D'Aloia & Gabriel inaugura uma série de colaborações que pretendemos fazer aqui, na unidade de Salvador”, finaliza Toledo.

Quem for à exposição, vai encontrar 13 obras de Gokula, cinco de Pélagie, seis de Erika, e 20 de Miguel. São pinturas, desenhos e esculturas de variados tamanhos, materiais e texturas.

Durante o período da exposição, Pélagie Gbaguidi estará na capital baiana, aprofundando sua pesquisa sobre herança afrodiaspórica na cidade, seus desdobramentos na cultura popular, na dança e na música, e a maneira como esse complexo histórico se relaciona com o colonialismo.

Minibio

Miguel Domingos dos Santos nasceu em 1944, em Caruaru (PE). Artista autodidata, ainda cedo se mudou para João Pessoa, na Paraíba. No início de sua produção, explorou linguagens diversas, como pintura, cerâmica e escultura, combinadas a referências da cultura popular do Nordeste.

Teve influência muito forte, nos anos 1970, do Movimento Armorial, fundado por Ariano Suassuna, e das discussões sobre estética regional nordestina. Nesta fase, criou uma série de pinturas onde apresentava narrações pintadas do romanceiro popular nordestino, da literatura de Cordel. Também começou a incorporar, cada vez mais, referências estéticas de sua origem afro-brasileira, indígena, e da arte iorubá.

Isso se aprofundou ainda mais a partir da experiência na África, quando foi convidado para representar o Brasil no Festival Mundial de Artes e Cultura Negra e Africana (Festac), em Lagos (Nigéria). Também há uma influência muito forte do escultor Aleijadinho em seu trabalho. Isto pode ser visto nas figuras sinuosas, retorcidas, dramáticas. Mestre Vitalino é outro que influenciou amplamente sua produção.

Suas obras fazem parte de importantes coleções permanentes, tais como: Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília, Centro Cultural Benfica, Recife; Instituto Bardi | Casa de Vidro, São Paulo; Museu de Arte de São Paulo – MASP; Museu Casa de Cultura Hermano José, João Pessoa; Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Museu da Casa Brasileira, São Paulo; Sítio Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro; e Pinacoteca de São Paulo.

Corpos terrestres, corpos celestes / Galatea Salvador (R. Chile, 22 – Centro) / 30 de janeiro a 24 de maio de 2025 / Terça a quinta, das 10h às 19h, Sexta, das 10h às 18h, Sábado, das 11h às 15h / Gratuito

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