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ESPAÇO XISTO BAHIA

Exposição ‘Zara Tempo e o Camugerê Agolonã’ traz referências à ancestralidade

Exposição ainda aborda as religiões de matriz africana

Por Gláucia Campos*

22/01/2025 - 1:00 h
Imagem ilustrativa da imagem Exposição ‘Zara Tempo e o Camugerê Agolonã’ traz referências à ancestralidade
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A artista plástica Maria Carolina estreou na última sexta-feira (17) a exposição inédita Zara Tempo e o Camugerê Agolonã, em exibição no Foyer do espaço Xisto Bahia até o dia 13 de fevereiro. Composta por nove obras, o trabalho da artista propõe um resgate à ancestralidade, trazendo referências aos rituais das religiões de matriz africana e também a vida pessoal de Maria Carolina. A entrada é gratuita e pode ser conferida das 8h às 12h e das 14h às 18h.

O nome da exposição é inspirado em uma composição do sambista baiano Oscar da Penha, conhecido popularmente como Batatinha, avô de Maria Carolina.

“Essa exposição surgiu da composição do meu avô. Essa composição traz muitos elementos dos processos históricos que ele viveu e acompanhou, tanto no sentido cultural quanto social, racial e econômico. É algo que, apesar de ter sido escrito em outra época, vejo como análogo às minhas vivências e experiências atuais", comentou a artista.

Segundo Maria Carolina, a exposição retrata a relação dos elementos da natureza e a sua cosmovisão através da troca de energias do Orí (Cabeça) com o Àiyé (Terra em que vivemos) estando integrada às infinitas nascentes do Òrun (Lugar onde vivem os Òrixás e encantados).

‘Agolonã’ é um símbolo que representa união Agô (licença) e Lonã ou Lonan (caminho ou qualidade de Exú) Nas palavras de Carolina, a exposição foi pensada como um pergaminho, no qual o tempo se insere de forma espiralar.

“É uma composição artística que eu tentei estruturar como um pergaminho de reflexão. Camugerê e Agolonã estão ligados aos orixás dos caminhos e dos elementos. Peço sabedoria e introspecção para refletir sobre amizade, história e sobre todas as explorações e suas consequências que vivemos até hoje”, conta.

“É um pergaminho porque acredito que, em um cenário de opressão, muitas vezes nos cobramos demais, nos sentimos obrigados a estar sempre bem. Vivemos sob estereótipos e estigmas sociais, carregando um peso histórico guiado por perspectivas externas. Esse pergaminho-tempo é uma forma de nos conectarmos com nossa essência ancestral e existencial”, explica.

A trilogia

Zara Tempo e o Camugerê Agolonã é a primeira parte de uma série de três exposições pensadas pela artista. O segundo ato conta com a exposição Zara Tempo, Òrisùn Òmi Òrisùnmí (a fonte de água e a fonte da alma) e o último com Zara Tempo e o Camugerê Ajíjà, o epílogo. A série representa o caminho espiral, os contornos dos ciclos vitais, o xirê.

“A segunda série da exposição fala sobre essa travessia. Agolonã é um Exu, que simboliza a abertura e o caminho, a porta de entrada para essa jornada existencial. Camugerê representa um quilombo, mas também uma existência, um espaço de liberdade. A segunda série tratará justamente dessa travessia e da chegada a esse lugar de existência plena, onde podemos viver de forma integrada com nossas heranças ancestrais. Já a terceira exposição, intitulada Ajíjà, será o epílogo. Ela representa um xirê, um encerramento que, na verdade, é o caminho percorrido pelos orixás e toda a jornada de ‘Zara Tempo’”.

Assim como as exposições foram estruturadas para buscar trazer uma referência ao tempo espiralar do xirê, o processo de elaboração das obras se deu de forma semelhante. Maria Carolina disse que se baseou a partir da cultura oral e da memória para construir seu trabalho,

“A maioria das obras foi feita com pintura, desenho livre e colagem. Essas colagens são fruto de um trabalho de pesquisa bem extenso, com materiais encontrados em bibliotecas e catálogos. Passei muito tempo coletando essas imagens e guardando as texturas que poderiam me ajudar a contar essa história”.

Celebrar o passado

O Axé e a arte sempre foram presenças constantes na vida de Maria Carolina. Ela conta que seu avô Batatinha e sua avó sempre tiveram uma ligação com as religiões de matriz africana, algo que a influenciou na vida pessoal e profissional.

“Eu sou do Axé, mas não sou praticante do Candomblé atualmente. Estou mais próxima do Ifá. Minha família, especialmente Batatinha, sempre teve uma forte ligação com as religiões afro-brasileiras. Minha avó praticava um culto menos conhecido no Brasil, que trabalha com a percepção e a conexão com os elementos da natureza. Essa tradição fez parte da minha formação espiritual e está presente na minha arte”, disse.

A artista afirma que a espiritualidade foi um dos principais guias e inspirações no seu processo artístico para criar as obras de Zara Tempo e o Camugerê Agolonã: “o processo foi muito influenciado pelo contato com a natureza, pela pintura de Ifá, meditações e minha relação com o Candomblé. Tudo isso contribuiu para a construção da exposição”.

Ela espera que a exposição permita ao público ter esse vislumbre da importância de conhecer mais sobre si mesmo por meio das histórias do passado. É algo que Maria Carolina está sempre mantendo vivo em seu trabalho e vida pessoal. “Espero que o público compreenda a importância de contarmos nossas próprias histórias, sem que elas nos sejam impostas. Para mim, a arte é uma ferramenta de luta contra esse sistema opressor”, diz.

“Compartilhar esses pergaminhos é incentivar que cada pessoa encontre sua própria forma de se libertar desses paradigmas e dessas visões impostas pela sociedade. A ancestralidade, os orixás e a tradição cultural da minha família são as ferramentas que eu utilizo, mas cada um tem sua própria essência. Minha mensagem é que possamos construir caminhos autônomos diante dessas opressões e reencontrar nosso sentido existencial”, conclui a artista.

Exposição "Zara Tempo e o Camugerê Agolonã", de Maria Carolina / Foyer do Espaço Xisto Bahia / Em exibição até 13/02/2025, de segunda-feira a sábado, das 8h às 12h e das 14h às 18h / Gratuito

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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