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EXU E O CARNAVAL

Exposições ocupam dois andares da Paulo Darzé Galeria até janeiro de 2025

São duas exposições, uma individual e uma coletiva com 21 artistas

Por Eugênio Afonso

09/12/2024 - 5:00 h
Imagem ilustrativa da imagem Exposições ocupam dois andares da Paulo Darzé Galeria até janeiro de 2025
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Variadas obras de cores e matizes diversas – pinturas, objetos, instalação, cerâmicas, esculturas – estão expostas na Paulo Darzé Galeria (Vitória) até 04 de janeiro de 2025, afinal 22 artistas, quase todos baianos, participam de duas exposições por lá. Uma é Ritmo e Revolução, individual de J. Cunha, e a outra é O Mensageiro, com obras dos outros 21 selecionados.

Para a individual, a galeria trouxe o artista plástico, designer gráfico, cenógrafo e figurinista José Antônio Cunha, 76, soteropolitano da Cidade Baixa, que desde cedo convive com a religiosidade afro-indígena.

Em Ritmo e Revolução, J. Cunha apresenta um conjunto de obras inéditas que, através de formas, símbolos e cores, nos convida a refletir sobre o papel da arte como um espaço de luta e transformação.

As propostas da exposição são várias, segundo o artista. “Sou um artista abrangente, um artista multimídia. São mais de 30 obras expostas. Tem instalação, grandes telas, objetos”, informa o designer gráfico.

“Minha arte se propõe a ser arte brasileira dentro das condições diaspóricas. Sou um artista afro-brasileiro. A grande população parda, negra, mestiça, ou como queiram chamar, precisa estar no topo das questões culturais deste País. Tudo que faço tem uma causa revolucionária”, destaca Cunha.

Ele diz ainda que sua produção celebra a diáspora no País em todos as tribos, seja indígena, negra, mestiça, afro-indígena. “Todas neste ato de ritmos e revoluções. Queremos produzir, revelar, criar o grande espírito brasileiro através da arte. Somos pan-africanistas”, arremata o cenógrafo.

Paleta de cores

Com curadoria do artista, pesquisador e professor Danillo Barata e da curadora e diretora da Paulo Darzé Galeria, Thais Darzé, a mostra de J. Cunha exibe obras inéditas que exploram a interseção entre ritmo, ancestralidade africana e urbanidade contemporânea.

“A exposição apresenta a paleta vibrante de J. Cunha como uma cartografia da resistência coletiva, além de obras que resgatam símbolos afro-brasileiros e atualizam as discussões sobre espaço, identidade e memória nas metrópoles. É uma experiência que conecta o carnaval, as políticas urbanas e a ancestralidade em um diálogo dinâmico e visual”, destaca Barata.

Para o curador, o propósito da exposição é articular os conceitos de ritmo e revolução que norteiam a produção atual do artista. “Ela busca promover uma imersão estética que evidencia a relação entre o ritmo do carnaval negro de Salvador e o ímpeto revolucionário das lutas históricas de resistência da diáspora africana”.

Barata diz ainda que as peças escolhidas refletem o compromisso do artista com a atualização dos símbolos afro-brasileiros e sua transformação em narrativas visuais de resistência e coletividade.

Pilares conceituais

J. Cunha também tem o nome vinculado ao carnaval por haver criado e assinado a concepção visual e estética do bloco Ilê Aiyê durante 25 anos, além de ter sido responsável por decorar, inúmeras vezes, a maior festa de rua da capital baiana.

O artista acredita que a festa de Momo é o palco onde se inscrevem as tensões da contemporaneidade, de pertencimento, moradia, e os instrumentos das políticas urbanas que reconfiguram a paisagem social de Salvador e de outras cidades brasileiras.

De acordo com Thais, Ritmo e Revolução traz a festividade, em especial o carnaval, como ato político, revolucionário, de resistência da população preta no Brasil, em especial em Salvador - pilares conceituais centrais na obra de J. Cunha.

“A exposição é basicamente formada por obras atuais, feitas este ano. O intuito é fazer uma exposição inédita de um artista que ainda produz numa qualidade impressionante apesar da idade (76 anos)”, frisa a curadora.

Galeria empretecida

Já a exposição coletiva O Mensageiro tem como eixo conceitual a urgência de ressignificar e mesmo resgatar o sentido original de Exu, divindade prolífica e considerada culturalmente injustiçada.

Exu, Legbá, Eleguá, Bará, Aluvaiá, Izila, Pombajira e Padilha são entidades mensageiras responsáveis pela comunicação entre homens e deuses. Seu papel é fundamental para o funcionamento dos cultos afro-brasileiros. Nenhum procedimento religioso é realizado sem antes homenagear essas deidades.

“A mostra tem uma função de letramento muito importante porque circula toda em volta desta divindade. Exu é a divindade mais massacrada pelos processos coloniais porque foi associada ao demônio. Isto massacra ainda mais as religiões de matriz africana. No entanto, Exu é o mensageiro, o orixá da comunicação, o princípio dinâmico”, explica Darzé.

Através de variados temas e diferentes linguagens e suportes, a mostra apresenta um panorama diverso e rico da produção contemporânea brasileira atual por meio do trabalho de 21 artistas.

São eles: Agnaldo dos Santos; Almir Lemos Nazaré; Annia Rízia; Antônio Oloxedê; Ayrson Heráclito; Caetano Dias; Daniel Jorge; Emanoel Araujo; Goya Lopes; Guilherme Almeida; Isabela Seifarth; Jayme Fygura; José Adário (Zé Diabo); Mario Cravo Jr.; Maxim Malhado; Mestre Didi; Nádia Taquary; Paulo Pereira; Pierre Verger; Rubem Valentim e Siron Franco.

Thais informa que a escolha das duas mostras neste período tem a ver com a proximidade do 20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra. “Então, a gente decidiu empretecer a galeria nos dois salões expositivos”, finaliza a curadora.

Ritmo e Revolução e O Mensageiro / Paulo Darzé Galeria (Corredor da Vitória) / até 4 de janeiro de 2025 / segunda a sexta, das 9 às 19h, sábado, das 9 às 13h / Gratuito

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