CULTURA
Ganhadeiras de Itapuã lançam o primeiro DVD com participação especial de vários artistas
Por Eugênio Afonso

As Ganhadeiras de Itapuã já estrearam 2020 no alto do pódio. Elas foram tema do samba-enredo da escola de samba Unidos do Viradouro, no Rio de Janeiro, que sagrou-se campeã este ano com o samba Viradouro de Alma Lavada. A música é uma verdadeira ode à cultura popular baiana e ao poder feminino.
Agora, este grupo formado por 22 mulheres negras de idades variadas, verdadeiros símbolos da resistência, lança, este sábado, 11, às 18h30, na TVE e a partir do dia 12, no Youtube, o DVD comemorativo Ganhadeiras de Itapuã 15 Anos – Uma História Cantada, pelo selo Natura Musical.
“Este é o nosso primeiro DVD e está muito bonito. Este ano, estivemos nos maiores palcos do Carnaval do mundo. Tenho certeza que depois que essa pandemia passar isso ainda vai reverberar por muito tempo”, conta Verônica Santana, 35, uma das mais jovens integrantes do grupo.
Com direção artística e audiovisual de Dayse Porto, e direção musical e arranjos de Amadeu Alves, o público vai poder conferir o show gravado, em julho de 2019, no palco principal do Teatro Castro Alves.
Memórias - Para Porto, chegou a hora dessa ancestralidade ser manifestada e dessa história ser conhecida. “O DVD era um sonho delas. Mergulhei na pesquisa e parti de um roteiro para contar a memória do bairro de Itapuã e dessas mulheres, as primeiras empreendedoras do Brasil. Meu maior desafio foi a gestão de pessoas porque é muita gente, uma comunidade, mas foi muito afetivo e me fez crescer”, reconhece Porto.
Os artistas Mariene de Castro, Margareth Menezes, Larissa Luz, Saulo, Malê de Balê, o Sambista Seu Regi de Itapuã e a Unidos do Viradouro enriqueceram ainda mais o DVD com suas honrosas participações especiais.
No repertório, canções autorais das próprias integrantes do grupo, outras de compositores do bairro de Itapuã, além de uma homenagem ao baiano-mór Dorival Caymmi.
“Fiquei feliz de poder estar nesse registro, que vi como uma celebração de anos de história e resistência, para além da história do grupo, histórias de vidas, de mulheres aguerridas que levantaram estruturas sólidas e são puro amor”, enaltece Larissa Luz.
Quem são – O grupo baiano, que vai fazer 16 anos, é a quinta geração de mulheres que lavavam roupa ‘de ganho’ na Lagoa do Abaeté e faziam outros serviços em busca da carta de alforria. “O nome ganhadeiras, inclusive, foi criado em função da venda de produtos que as escravizadas faziam para atingir o valor da alforria”, explica Verônica.
Nesta década e meia de estrada, estas poetas do cotidiano já receberam o Prêmio Culturas Populares – Mestre Duda 100 Anos de Frevo, concedido pelo Ministério da Cultura e, em 2014, lançaram um disco homônimo com 13 músicas sobre a cultura negra baiana e brasileira. O trabalho foi contemplado na 26ª edição do Prêmio da Música Popular Brasileira na categoria Melhor Grupo e Melhor Álbum.
A música do grupo foi catalogada como samba de mar aberto, já que se distingue do samba de roda do Recôncavo Baiano e é aberta à influência da ciranda, de sambas de diferentes matrizes, do candomblé e de outras misturas rítmicas. As histórias destas 22 sambadeiras e cantadoras de Itapuã marcam a importância do trabalho das mulheres negras na valorização da cultura popular baiana.
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