ENTREVISTA
Glória Pires: 'Juventude e dinheiro não são garantia de nada'
Em relação às eleições deste ano, a atriz afirmou que é hora de 'virar o jogo'.
Aos 58 anos, a atriz Glória Pires diz que aprendeu a dizer 'não' durante a pandemia da Covid-19. "Parei de viver com uma espada na cabeça. Acho que todo mundo deveria tentar fazer isso, falar ‘agora não posso’, ‘não quero’.", diz em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
"[A pandemia] é uma lição muito dura que todos nós vivenciamos. Mas nem todo mundo ainda aprendeu que a gente tem a vida como uma garantia, estar vivo com todas as suas delícias é uma garantia. Juventude não é garantia, dinheiro não é garantia.", explicou.
Já os "sim" que tem dito na vida profissional são para projetos que lhe permitam ter maior autonomia e envolvimento, e não apenas ser convidada para protagonista "e entrar na história duas semanas antes [de filmar]".
Neste ano, a carioca aparecerá nos créditos de dois filmes não apenas como a protagonista. No drama policial "A Suspeita", de Pedro Peregrino, que chega aos cinemas em abril, ela estreia como produtora. E na comédia sobre con sumismo "Desapega", de Hsu Chien, na colaboração de roteiro.
Gloria diz que "A Suspeita" inaugura algumas coisas em sua carreira de 52 anos. "Eu tinha um desejo antigo de ser produtora e quando o Pedro [diretor] me mostrou o projeto, pedi para participar do processo todo, do roteiro, da edição. Foi um aprendizado enorme", fala. "E interpretei pela primeira vez uma policial, que trazia a condição de ter mal de Alzheimer."
No fim do ano, está prevista sua estreia como diretora em "Sexa", comédia que mostra uma mulher de 60 anos "cheia de amor para dar" que tem medo de envelhecer. Gloria será também a protagonista.
Com SMS e E-mail como únicas formas de contato, a atriz criticou a lógica das redes sociais. "Essa coisa da rede social, desses algoritmos que te direcionam para notícias que só interessam a você, envenenam as pessoas. Pessoas boas ficam tão envenenadas e têm atitudes horrendas por conta dessa influência tão nociva das redes.".
Em relação às eleições deste ano, Pires afirmou que é hora de 'virar o jogo'.
"Os fatos estão aí, não precisa nem ter muito trabalho para entender que o que está acontecendo é triste e revoltante. Mas as eleições estão aí e é um momento de virar esse jogo."
Eu não acho que é ruim as pessoas pensarem de forma diferente. Mas acho que um projeto de governo precisa, e tô falando do meu ponto de vista de cidadã privilegiada e olhando de fora, beneficiar a todos. As questões pessoais são pessoais, agora para o todo, para a massa, precisa ter os benefícios. As pessoas não vivem de brisa. Precisa ter saúde, transporte, educação, valorizar a cultura", disse.
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