CULTURA
Guitarristas lançam o álbum Estado de Espírito
Guitarras Roberto Barreto (BaianaSystem) e Manoel Cordeiro, mestre da guitarrada, unem suas cordas no álbum ‘Estado de Espírito’
Por Israel Risan*
Os guitarristas Roberto Barreto e Manoel Cordeiro, em parceria com o produtor e baterista Pupillo, lançam o álbum Estado de Espírito, com oito músicas autorais. O disco faz uma exploração musical que conecta ritmos e influências de três estados brasileiros: Bahia, Pará e Pernambuco.
Mixado por Mario Caldato Jr., o projeto foi definido como “música para o mundo”, pela capacidade de dialogar com diferentes culturas.
A ideia surgiu em 2022, quando Roberto Barreto e Manoel Cordeiro se encontraram em Salvador durante um festival de guitarra. O evento marcou o início de uma colaboração que, segundo Barreto, partiu de uma conexão imediata entre os dois. “Manoel é um dos maiores nomes da guitarrada do Pará. Nosso encontro foi marcado por um sentimento de irmandade e uma sintonia que fluiu naturalmente”, pontuou. Ele destaca a relevância de trabalhar com Cordeiro, descrito como um mestre e uma referência.
A participação de Pupillo ampliou as possibilidades sonoras do projeto, agregando elementos rítmicos e camadas que deram ao álbum uma identidade singular.
Pupillo destaca caráter híbrido do disco. “Não poderia ser um álbum onde cada faixa representasse um estado. O virtuosismo aqui é o diálogo e o prazer de ouvir temas que atravessam oceanos sem a alcunha de exóticos ou regionais”, comentou. Pupillo também teve um papel crucial na curadoria do repertório, ajudando a conduzir o álbum para um lugar de liberdade criativa. Seu foco esteve em explorar as potencialidades das composições sem se prender a formatos predefinidos.
O disco foi gravado em duas sessões ao vivo em São Paulo, inicialmente apenas com guitarras. Posteriormente, foram adicionados beats, programações e elementos de baixa frequência que conectaram as diversas partes da obra.
Entre os músicos convidados estão Alberto Continentino, Kassin e SekoBass no comando dos graves, Nilton Amorim no sax tenor e Dougbone no trombone.
Roberto Barreto ressalta que a guitarra ocupa um lugar central na identidade do álbum, representando um instrumento que carrega uma linguagem tipicamente brasileira. “Percebemos que o mais importante era registrar a gente tocando livremente, dando espaço para o criativo. Isso nos permitiu viajar por muitos lugares conectados por nossos instrumentos, cada um com seu sotaque”, afirmou.
O álbum Estado de Espírito também reflete a busca por transcendência cultural. Segundo Barreto, a intenção foi criar um projeto que não se limitasse a representações territoriais, mas que capturasse a essência das trocas musicais.
“Esse é um trabalho que desterritorializa a música, conectando sentimentos de irmandade e pertencimento que ultrapassam fronteiras”, explicou o músico baiano.
Conectando diferenças
A mixagem ficou a cargo de Mario Caldato Jr., produtor com experiência internacional que já trabalhou com Beastie Boys e Marisa Monte.
Caldato buscou criar espaços e camadas que valorizassem as singularidades das faixas, resultando em uma obra com apelo universal, mas com originalidade brasileira, que pode ser ouvida em qualquer lugar do mundo.
Uma das faixas em destaque é Tudo Pode Acontecer, que traz arranjos de sopro elaborados por Dougbone. A faixa incorpora elementos festivos e populares que reforçam a proposta de celebração presente no álbum.
Outros momentos do disco exploram ritmos como frevo, salsa e cumbia, mostrando a amplitude de influências que dialogam com a cultura popular brasileira.
O processo de criação foi marcado por colaborações que integraram diferentes vivências musicais. Barreto explica que a participação de outros músicos trouxe camadas adicionais que enriqueceram o projeto. “É uma obra que fala sobre nossa capacidade de transmitir algo enquanto povo, conectando nossas diferenças”, disse.
O álbum foi lançado pelo selo Máquina de Louco, responsável pelos discos do BaianaSystem e outros projetos relevantes da música brasileira. A direção de arte ficou por conta de Filipe Cartaxo, que assinou a capa e a identidade visual. O visual do disco reforça a ideia de um encontro cultural que transcende fronteiras.
Para Roberto Barreto, Estado de Espírito representa um momento significativo em sua trajetória. Ele destaca o caráter inovador do projeto e sua capacidade de dialogar com o público de diferentes formas. “Este disco retoma elementos da minha história musical e os conecta com novas possibilidades criativas”, afirmou.
Barreto também mencionou que algumas músicas do álbum devem dialogar com o novo trabalho do BaianaSystem, previsto para 2025.
Segundo ele, essa interseção mostra como diferentes projetos podem se complementar e enriquecer sua produção musical.
O álbum é uma demonstração de como a música brasileira pode ultrapassar limites e explorar territórios desconhecidos. Barreto conclui que a intenção é inspirar os ouvintes a se conectarem com a riqueza cultural apresentada no disco. “É um trabalho que convida todos a vivenciarem um estado de espírito compartilhado”, finalizou.
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
Estado de Espírito / Roberto Barreto e Manoel Cordeiro + Pupillo / Máquina de Louco/ Ouça no streaming
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