MEMÓRIA
História da Casa Branca é tema de filme
Obra aborda a importância da religião na preservação da natureza e a luta contra a especulação imobiliária
Por Madson Souza
“Esse filme é uma ferramenta que nos empodera diante de tanta intolerância”, disse Gersonice Azevedo Brandão, conhecida como equede Sinha do Ilê Axé Yá Nassô Oká (Terreiro da Casa Branca), durante a o lançamento do documentário “O corpo da terra”. O filme foca no templo e ressalta a importância da perspectiva do candomblé para o debate público, especialmente para a preservação do meio ambiente e contra a especulação imobiliária. Apresentado primeiramente em mostra na cidade de Veneza, ontem, o filme foi lançado na Sala Walter da Silveira, nos Barris.
O trabalho da diretora Day Rodrigues integrou a exposição "Terra” (pavilhão brasileiro da Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza), em 2023, que foi premiada com o Leão de Ouro - conquista inédita no Brasil. Day ressalta a relação do candomblé com a natureza - um dos temas do filme.
“Quem é de candomblé sabe que sem folha não tem orixá. Então, acho que é isso, o candomblé é possível porque o povo, a comunidade, as comunidades de terreiro fazem esse trabalho de preservação do meio ambiente. Na impossibilidade da gente pensar na preservação do meio ambiente, a gente não tem candomblé também”, afirma Day Rodrigues.
É através dos depoimentos da ialorixá Neuza Cruz, líder espiritual da Casa Branca, equede da Casa Branca Isaura Genoveva e da arquiteta Vilma Patrícia Santana Silva, que a história do documentário é contada.
Elas falam sobre a importância do Terreiro da Casa Branca, a arquitetura do espaço, a tradição do candomblé, entre outros temas, enquanto imagens das entrevistadas ou do espaço ilustram o filme.
O projeto de 12 minutos foi apresentado, em Salvador, e contou com um bate-papo sobre a obra. A equede Isaura participou da conversa e ressaltou a relevância do documentário neste momento.
“A gente está vendo várias crises climáticas e, neste momento, é importante discutir e destacar a importância dos cultos ancestrais na preservação do meio ambiente, da natureza, do futuro do nosso mundo, da gente como espécie, como ser humano. Somos os primeiros ambientalistas junto com os povos originários”.
Para a narrativa visual, além do Terreiro da Casa Branca (Engenho Velho da Federação), o filme também destaca a Gruta de São Lázaro (Ondina), o O Ilê Iyá Omi Axé Iyamassé (Terreiro do Gantois), Federação; e o Pelourinho/Centro Histórico de Salvador.
O documentário “O corpo da terra” ainda não tem previsão de outras exibições, mas a diretora Day Rodrigues planeja levar o filme em mostras e festivais.
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