FESTIVAL INTERNACIONAL
Liberatum traz holofote para Salvador, avalia Bernardo Conceição
Artista visual vai participar de mesa no festival no sábado, 4, às 16h
Por Edvaldo Sales e Franciano Gomes*
Artista visual, cineasta, escritor e performer, o soteropolitano Bernardo Conceição dos Santos vai representar a Bahia como um dos convidados do Festival Liberatum. O evento, que acontece nos dias 3, 4 e 5 pela primeira vez no Brasil, escolheu a capital baiana para trazer grandes nomes como Viola Davis, Angela Bassett e a vocalista da banda Blondie, Debbie Harry, além de celebridades nacionais como Alcione, Taís Araújo e IZA, e baianas como Luedji Luna, Lazzo Matumbi e grupo Ilê Aiyê.
Com trabalhos que alcançam todos os tipos de suportes e públicos, Bernardo é um dos artistas mais jovens a integrar o Acervo de Arte Moderna da Bahia pelo MAM-BA. Ele também assina as capas da coleção literária de contos e fábulas "Negros e Crioulos" pela editora baiana Segundo Selo.
Além disso, foi curador da categoria Artes Visuais na maior lista de Expoentes negros do Brasil, a MOOC100 + Hyperbeats 2023. Seu trabalho mais recente em audiovisual inclui um projeto para a revista internacional Dazed (RU), no qual ele foi responsável pela direção de arte do filme "Anatomia da Diáspora", de Janice Mascarenhas.
O Portal A TARDE conversou com o artista visual, que compartilhou um pouco da sensação de ser convidado para um festival com tanta representatividade. Ele, que divide a mesa “O Poder Transformativo da Arte” com o pintor norte-americano Kehinde Wiley e com o jornalista Bruno Rocha, o Hugo Gloss, no sábado, 4, às 16h, confessa que a expectativa para o evento está “altíssima”.
Portal A TARDE: Entre grandes artistas nacionais e internacionais, qual a sensação de ser convidado para o Festival Liberatum?
Bernardo: Foi um convite que me deixou bem entusiasmado, ao ver a composição da curadoria de artistas foi bom me enxergar perto de certa forma de pessoas que formaram minha personalidade, como Lázaro, com ‘Madame Satã’. Sobre esses artistas internacionais também fiquei bastante feliz do festival promover esses encontros de narrativa, a gente sabe como tempo de tela é importante nesse universo que a gente vivencia e é muito gratificante que enxerguem meu trabalho nesse lugar equiparado de narrativa, que achem que tenho a contribuir para o diálogo entre as diásporas.
Portal A TARDE: Como está a sua expectativa para o evento?
Bernardo: Altíssima! Falar do meu trabalho é uma coisa que me deixa muito feliz porque ele é realmente a maior conquista da minha vida, a minha construção de narrativa artística. De onde venho é extremamente incomum você nascer com uma vocação tão fora da curva de um cabresto que desenharam para mim, entende? Então poder viver trabalhando e desenvolvendo um desejo que foi criado por minha criança é muito bom e estou animadíssimo de compartilhar isso nesses espaços que estão sendo criados pela Liberatum e a cidade de Salvador.
Portal A TARDE: Como você pretende apresentar seu trabalho por lá?
Bernardo: Eu vou dividir a palestra que encerra as atividades dos encontros no dia 4, às 16h, eu vou compartilhar da minha trajetória, da minha construção artística, fundamentos e processo. Não posso falar muito sobre exposição porque ainda estamos ajustando os pormenores, mas vai sim, ser um lugar onde vou mostrar meu trabalho e minha performance narrativa.
Portal A TARDE: Na sua visão, qual a importância da realização de um evento como o Liberatum em Salvador?
Bernardo: Validar a cidade pelo que ela sempre foi, um polo, um berço, um útero de tudo que se possa imaginar nesse país. Me desculpem se soar ‘soberbo’, mas eu sou baiano amor, eu vivo onde se começou toda essa confusão que chamamos de país, se não foi criado aqui tem dedo de Salvador, mas as referências deste país (e as produções também) sempre foram negras e nordestinas, eu não estou falando nem uma surpresa aqui. Ter um evento como o Liberatum que traz de certa forma um spotlight (holofote) para a cidade, coloca sim, Salvador nesse lugar que ela sempre ocupou, mas que foi nublado para o resto do país, somos a capital produtora de matéria-prima artística e está na hora de sairmos deste lugar de coadjuvante num filme que sempre fomos protagonistas.
Portal A TARDE: Por fim, qual a sua avaliação sobre o cenário cultural baiano atualmente?
Bernardo: O cenário cultural baiano neste momento tem (e ouso dizer que mais forte nesse momento do que em outros) esperança e vislumbre de dias melhores. Como eu disse, já passou da hora de Salvador ser um circuito nacional de arte de procura artística, mas eu não estou falando de procurar profissionais, tirá-los da cidade, pagando menos do que pagam para pessoas do Centro-Sul, ou lembrarem da gente no verão convidando para projetos sem cachê, mas com tempo de tela. Sinto que o Brasil passou por um tratamento de choque que o fez olhar para onde existe cura, que é na minha cidade e aqui a gente cura tudo da forma mais artística possível.
*Sob supervisão de Bianca Carneiro
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